quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Estou convencido


Estou convencido que o movimento evangélico brasileiro vive uma crise ética desmedida – os discursos destoam na prática. Urge que a nova safra de líderes atentem para a formação de seus carateres; o nome de Jesus tem sido difamado, e a culpa é exclusivamente nossa.

Estou convencido que quando Jesus falou de igreja nos relatos neotestamentários, se referia a pessoas e não instituições, porém, com o advento da pós-modernidade seria quase impossível a não-institucionalização da igreja – pena que junto com a institucionalização veio enraizada a prática do nepotismo.

Estou convencido que o discipulado deve ser encarado como a fase mais importante da vida cristã, mas muitos insistem que as experiências extravagantes já nos bastam para sermos líderes, pastores e apóstolos, mesmo sendo ainda neófitos na seara de Deus.

Estou convencido que a mídia evangélica brasileira tem realizado um grande trabalho de evangelização nacional e até mesmo mundial, porém, junto com a propagação do nome de Jesus é acrescido uma gama de ensinamentos recheados de heresias, que se propagam junto com um amontoado de jargões, que no final das contas, Jesus não é mais encontrado no meio de nós. Fica uma pergunta: Será que essas “conversões” em massa têm sido relevantes para uma sociedade melhor?

Estou convencido de que a lei nos serviu como aio, ou seja, nos pegou pela mão, mostrou nossos erros e nos conduziu a Cristo, entretanto, muitos ainda insistem em cumprir ordenanças da lei como mandamentos imprescindíveis para salvação. Pobre de mim...

Estou convencido que uma vida de contemplação e meditação como forma de comunhão com Deus tem me transformado em uma pessoa melhor, porém, segundo um tele-evangelista que diz que “quem não faz barulho está com defeito de fabricação” a forma de se chegar mais próximo de Deus é em meio aos berros e a glossolalia. Infelizmente, existiu um tempo que dava crédito ao tele-pregador, entretanto, me via cada vez mais alienado em dialogar com o mundo – hoje meu testemunho é muito mais visível aos de fora dos arraiais evangélicos e apesar de ser pentecostal e receber de Deus o dom de variedades de línguas, utilizo-me deles para edificação pessoal e da comunidade cristã a qual faço parte.

Estou convencido que a diabólica teologia da prosperidade tem devastado muitas igrejas, inclusive as tradicionais. Tais adeptos têm transformado a igreja em empresas, onde impera o nepotismo e o narcisismo, e por sua vez, o Reino de Deus é lançado na sarjeta por não ser fonte de lucro para os mercadejantes da fé.

Estou convencido que a Graça de Deus contrapõe toda e qualquer religião, mas muitos persistem em esmerar esforços para entrar no Seio de Abraão; estipulam regras e condições desmerecendo todo arcabouço da graça que as Escrituras conceitua de favor imerecido.

Estou convencido que Jesus Cristo é Deus que se fez homem em prol da humanidade caída, porém, os “avivalistas” perseveram em afirmar que Jesus é fonte de bênçãos e vitórias.

Estou convencido que as Escrituras possuem tudo que o homem precisa para suas necessidades espirituais, entretanto, existe uma série de hereges que teimam em propagar novas revelações e experiências mirabolantes que com o passar do tempo se tornam doutrinas inegociáveis em seus “impérios”.

Estou convencido que meus escritos são junções de palavras emaranhadas que com muito esforço tento dar algum sentido para elas. Sei das dificuldades deste dom, mas insistirei como um analfabeto na arte do vernáculo, que um dia aprenderei a discorrer com maestria com os dedos no teclado.

Finalizo meus convencimentos citando Henri Nouwen que diz que
“ministério e espiritualidade nunca podem estar separados. Ministério não é emprego das 9h às 17h, mas essencialmente um modo de vida [...] Há hoje uma grande fome por uma nova espiritualidade, que é uma nova experiência com Deus em nossas vidas. Esta experiência é essencial para cada ministro, mas não pode ser encontrada fora dos limites do ministério. Deve ser possível encontrar as sementes desta nova espiritualidade bem no centro do serviço cristão. Oração não é preparação para o trabalho nem uma condição indispensável para um ministério eficaz. Oração é vida; oração e ministério são a mesma coisa e não podem estar divorciados um do outro. Se estiverem, o ministro se torna como um eletricista ou um encanador, e o ministério passa a ser apenas outro modo de suavizar as dores da vida diária”.

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Quando penso em desistir


Em minha curta caminhada cristã, já vi muitos casos acontecerem com os supostos “filhos de Deus”. Casos estes que se acontecessem no “mundo”, com os supostos “filhos das trevas”, seriam atitudes bem normais. Mas como o Reino de Deus é formado por homens falíveis e a graça inaudita do Senhor superabunda nossas falhas e limitações, ainda penso em não desistir.

Bem... desistir de quê? Desculpe a falta de explicação inicial, mas é que ando cansado das atrocidades cometidas pelos “bispos”, “apóstolos” e “semideuses”, em nome de Deus.

Quando olho para a mídia radiofônica e televisiva me angustio diante de tanto melodrama para arrecadações de mundos e fundos para o suposto “reino de deus”.

Quando vejo um pai de família retirar o leite da boca de seu filho para dar à igreja por que o apóstolo ou bispo disse que se não contribuírem serão amaldiçoados, vejo o reflexo da falta de estrutura bíblica desses líderes que gostam tanto de retroceder, que querem sempre trazer a estrutura judaizante para o seio da igreja.

Pregar sobre Malaquias 3.10 é o que mais sabem, ou melhor, não sabem, pois suas "eisegeses" são melancólicas. Bem dizia Deus através do profeta Oséias: O meu povo foi destruído, porque lhe faltou o conhecimento.

Quando olhamos para aquilo que se chama evangélico no país, fico enojado.

Jesus disse a uma certa igreja da Ásia que eles tinham fama de estarem vivos, mas estavam mortos. (Ap 3.1)

Diante dessa minha perplexidade, quero fazer alguns diagnósticos.

A Igreja brasileira do século XXI sofre de alguns fenômenos que classifico como: nominalismo, sincretismo, pandemonismo, simonia e por aí vai descendo a ladeira.

Porém, quando somos diagnosticados, recebemos a receita médica para a cura. Mas, sem querer ser nenhum curandeiro, pois já temos o Médico dos médicos, proponho algumas soluções:

Resgatar a primazia do ser em detrimento do ter e do fazer; resgatar a capacidade de ouvir verdades, principalmente quando elas estiverem contra nós e resgatar o conceito bíblico de santidade.
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Temos atividades de dia e de noite. Nunca se fez tanto em nossas igrejas modernas. Um ativismo exacerbado. Mas nunca fomos tão insípidos em toda a História da Igreja. Somos o maior país cristão do mundo (católicos e evangélicos) em população numérica, porém somos o país mais corrupto do mundo. Somos a maior população carcerária do planeta. O maior consumidor de psicotrópicos do mundo; 30 milhões de pessoas morrem de fome; 60% da população padece de depressão e a cada dia 5 pessoas se suicidam. Aumenta-se o número de cristãos, mas não aumenta o fruto do cristianismo. Cadê a influência da igreja?

Bem...quando penso que também sou igreja de Cristo me decepciono, pois digito essas palavras olhando para o monitor como se fosse um espelho lançando todas essas verdades em meu rosto. Mas quando penso em desistir reflito na Graça... a voz embarga e olho para uma congregação situada dentro de uma comunidade carente chamada Guerenguê, onde Deus tem me ensinado a conviver com outra realidade. Lá me sinto igreja, noiva e imaculada. Desempenho não só minhas obrigações ritualísticas, mas me sinto parte integrante daquele corpo e por isso penso em não desistir.

Aos Novos Convertidos da comunidade deixo o meu abraço carinhoso, pois quando penso em desistir, lembro que existem vidas que dependem da vocação que Deus me delegou. Vidas estas que me fazem crescer e ser mais humano em ver e conviver com realidades opostas das mega-empresas religiosas que vemos no cenário religioso brasileiro.

Não, não vou desistir, não abandonarei minha comunidade de fé e nem desistirei de minha vocação. Posso não saber ainda para onde vou, mas estou cada dia mais certo dos caminhos por onde não devo ir.

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Carta aberta aos subversivos de Jesus


Queridos amigos de indignação, paz!

Robinson Cavalcanti escreveu: "Um mundo novo é possível; uma igreja nova é imprescindível". Eis a ânsia que nos une. Resolvi escrever essa carta (e não a velocidade impessoal do e-mail e seu internetês) porque cartas despertam aquela nostalgia deliciosamente clássica que parece ter sumido dos nossos dias, também porque precisamos cada vez mais estarmos juntos. Nossa força vem do nosso abraço. Nossa unidade é o megafone que potencializa nosso grito.

Algumas pessoas insistem em questionar nosso criticismo (ao invés de questionar seu alvo), então respondo: criticamos não porque vivemos encarcerados numa espiritualidade azeda (ainda que alguns de nós assim estejam), mas porque somos parte do corpo (I Co. 12. 12-27), e o que dói no corpo afeta nossa alma. Criticamos porque não conseguimos olhar para o ambiente eclesiástico com uma irresponsabilidade tatuada de piedade e tolerância, mas sim com a inquietação aprendida do olhar de Jesus: "Vendo ele as multidões"; em Jesus, o olhar constrói.

Tenho percebido que nossas críticas produzem algumas feridas. Contudo, se Jesus Cristo é o "médico dos médicos", então, o melhor que temos a oferecer são justamente nossas feridas, principalmente quando são geradas pela adocicada fúria do amor: "Fiéis são as feridas feitas pelo que ama, mas os beijos do que odeia são enganosos" (Pv. 27. 6). Nossas feridas não matam, aliás, nem mesmo são feridas, são apenas paradoxos benditos: machucam para sarar.

Ouso fazer um apelo: amigos subversivos, jamais nos esqueçamos da essência da nossa subversão: a centralidade de Cristo acima das ideologias (II Co. 10. 5), a santidade de Deus (Is. 6. 1-7), a prática da oração (I Ts. 5. 17), a meditação nas Escrituras (Sl. 119. 101-106), o cuidado no discipulado que forma o caráter (II Tm. 2) e a afirmação da Cruz de Cristo (I Co. 1. 18). Esse é o nosso baluarte! Essa é a nossa gloriosa herança!

Por favor, meus amigos de gemido, nossa causa é a mais nobre de todas as causas: a luta pela regeneração da igreja! Não se trata de arrogância intelectualóide, mas de temor e tremor. Apenas captamos o chamado do Espírito e adestramos nossas fúrias, canalizando-as para a defesa fiel dos valores do Reino.

Aos empresários da fé, paipóstolos, malandros de púlpito, vagabundos da celestialidade bandida, um aviso: não vamos parar! O que nos une é a certeza feliz de que sempre tem alguém ouvindo e respondendo ao nosso grito!

Por uma igreja verdadeiramente Igreja...
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Por Alan Brizotti

terça-feira, 17 de novembro de 2009

O palácio maravilhoso


Este post é dedicado àqueles que não decidiram se são pastores ou arquitetos, e ainda confundem templo com igreja.

Conta-se que o rei Hiamir chamou, certa vez, o seu digno ministro Idálio e disse-lhe:

– Quero fazer, ó vizir, uma longa e demorada excursão a uma das regiões mais longínquas do meu reino. Formei o desejo de visitar e percorrer o país de Tiapur, na fronteira. Estou informado, porém, de que essa província, sobre ser pobre e triste, é árida e sem conforto. Daqui partirás, pois, alguns meses antes de mim, levando os recursos que forem necessários. Logo que chegares a Tiapur mandarás, sem demora, construir um magnífico palácio, com largas varandas de marfim e pátios floridos. Nesse palácio ficarei hospedado, durante uma temporada, com tranqüilidade e conforto.

Respondeu o vizir, beijando a terra entre as mãos:

– Escuto e obedeço, ó rei, a vossa ordem estará sempre diante de meus olhos e de meu coração.

Cinco dias depois, uma poderosa caravana, sob a chefia do grão-vizir, partia da capital em demanda dos oásis verdejantes de Tiapur. Os numerosos camelos carregados de ouro e ricas alfaias deixavam sulcos bem fundos na areia branca do deserto. A fila era tão extensa que a caravana, ao parar, sob a inclemência do sol, parecia um arabesco escuro traçado no areal sem fim.

– Que vai fazer, tão longe, o vizir? – indagavam os beduínos. – Por Alá! Com que fim conduz ele tantas riquezas?

O chamir – guia da caravana – procurava saciar aquela sede de curiosidade, derramando uma torrente de indiscrições:

– O vizir vai construir, em Tiapur, um palácio maravilhoso para o rei! O palácio terá varandas de marfim e pátios cheios de flores! Uassalã!

A imensa caravana conduzia, realmente, entre os seus viajantes, o talentoso Benadin, o arquiteto de mais prestígio daquele tempo.

Ao chegar, porém, ao país de Tiapur, o vizir Idálio ficou desolado com o estado de pobreza e de abandono em que se achava a população. Encontrou, pelas estradas, crianças famélicas, nuas, que mendigavam tâmaras secas; em casebres de palha, centenas de infelizes, abatidos pelas febres, morriam de inanição; mulheres cobertas de andrajos, com os filhinhos nos braços, deixavam-se ficar, esquálidas, no pátio da velha mesquita, aguardando os pedaços de pão que eram ali atirados por beduínos supersticiosos.

Os quadros de miséria e sofrimento que se desenrolavam, a cada passo e a todo instante, torturavam o coração do poderoso ministro. E ele trouxera, por ordem do rei, mais de 30 mil dinares, que seriam gastos na construção de um grandioso palácio!

Que fez o vizir do rei?

Levado por um impulso irresistível de bondade, em vez de executar a ordem do poderoso soberano, deliberou gastar o dinheiro que trazia, beneficiando a infeliz população de Tiapur. Mandou, pois, construir abrigos para os desamparados; distribuiu víveres entre os mais necessitados; determinou que todos os enfermos fossem, sem demora, medicados; forneceu vestes aos que estavam nus e pão, em abundância, aos que padeciam fome. Por sua ordem foi construído um grande asilo para os órfãos; mandou, ainda, reformar a mesquita, que se achava quase em ruínas, e ao lado do velho templo fez erguer um magnífico hospital, onde recolheu os cegos e aleijados.

Ao fim de alguns meses, notava-se uma transformação completa da cidade. Os homens haviam voltado, cheios de entusiasmo, ao trabalho, e por toda parte reinava a alegria; as crianças brincavam nos pátios e as mulheres cantavam nas portas das tendas.

E do palácio maravilhoso, que o rei encomendara, nada existia...

Um dia, afinal, como já estava combinado, o rei Hiamir, acompanhado de grande escolta, deixou a bela cidade em que vivia para jornadear pelas terras fronteiriças de seu reino.

O vizir Idálio foi ao encontro do soberano e aguardou a chegada da régia caravana ao oásis de Cobo, que fica a três horas de jornada de Tiapur.

– Estou ansioso, ó vizir – exclamou o rei –, por admirar o belo monumento que aqui vieste construir! A fadiga da longa viagem convida-me ao repouso, mas só saberia descansar na varanda de marfim de meu belo palácio!

Quando o rei Hiamir chegou a Tiapur, foi recebido por uma indescritível manifestação de júbilo da população.

– Sinto-me feliz – confessou o monarca ao seu primeiro-ministro – por saber que sou sinceramente estimado pelos meus dedicados súditos. A satisfação com que todos aqui me recebem é um indizível conforto para o meu espírito.

E, muito intrigado, perguntou:

– Mas onde está, ó vizir, o palácio de Tiapur?

– Rei poderoso! – respondeu o vizir Idálio. – Antes de vos falar do palácio que aqui vim erguer, segundo vossa determinação expressa, tenho um pedido muito sério a fazer-vos. Segundo as vossas leis, aquele que desobedecer ao rei, praticando conscientemente um abuso de confiança, deve ser condenado à morte. Houve, ó rei, um homem de vossa confiança que praticou o grave delito da desobediência. Espera que determineis, sem demora, a execução do culpado.

– Quem é o acusado? – indagou o monarca. – Como se chama? Não é curial que exijas de mim sentença de morte contra um réu que desconheço!

– O criminoso sou eu, ó rei – respondeu o vizir.

E, sem ocultar aos olhos do soberano a menor parcela da verdade, descreveu, em poucas palavras, o estado deplorável em que encontrara o povo daquela terra. Falou do abandono em que se achavam os enfermos, das criancinhas famintas que mendigavam e da miséria inenarrável que torturava as pobres mães. E confessou, afinal, que ele, penalizado diante de tanto sofrimento, em vez de construir o palácio real, resolvera despender todos os recursos da caravana real em socorrer e mitigar a triste sorte da população.
E, ajoelhando-se aos pés do monarca, exclamou o bom vizir:

– Não cumpri, ó rei, como acabei de confessar, a ordem que me destes. Desobedeci ao meu amo e senhor! E aguardo, humilde, o castigo de que me fiz merecedor. Que seja contra mim lavrada a sentença de morte!

– Levanta-te! Dá-me a tua mão, meu amigo – ordenou, emocionado, o rei. – Não poderá pesar jamais sobre tua consciência a culpa da menor desobediência. O palácio, de cuja construção, em boa hora, foste por mim encarregado, acha-se construído com incomparável arte e invejável talento. E posso, deste lugar, abrangê-lo em suas linhas suntuosas, em seu conjunto soberbo; em sua cúpula radiosa e eterna.

E, erguendo o rosto como se fitasse algum monumento fantástico, exclamou, cheio de entusiasmo e comoção:

– Que palácio maravilhoso! Como é lindo e deslumbrante! Vejo as torres cintilantes nas fisionomias alegres das crianças que foram por ti socorridas; admiro as largas varandas de marfim no sorriso radiante dos meus súditos; reconheço os pátios floridos no olhar de gratidão das mães felizes! Como é majestoso e belo, ó vizir, o palácio que a tua bondade fez erguer nas terras de Tiapur! Alá seja exaltado!

Reparai, meu amigo! A verdade não deve ser ofuscada!

Grande fora, sem dúvida, o ministro Idálio, ao praticar, com risco de sua vida, aquele ato de caridade; maior, porém, demonstrara o rei ter sido ao aprovar imediatamente, com intensa alegria, a generosidade de seu vizir.

O palácio maravilhoso do rei Hiamir tinha os seus alicerces inabaláveis na terra; mas estendia suas torres deslumbrantes até o céu.


TAHAN, Malba. Os melhores contos. 23 ed.
Rio de Janeiro: Record, 2007. p.109-114.

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Dizem por aí


Dizem por aí, que Deus é tão soberano, a ponto de excluir a liberdade humana para fazer o que propôs em Seu coração. Visto que não existiria amor sem liberdade, não me vejo a acreditar nestes pressupostos conceitos de “soberania”.

Dizem por aí, que incondicionalmente, Deus escolhe seus eleitos para vida eterna e outros para perdição. Visto que as condições impostas por Deus em toda Bíblia dão sempre opções de dois caminhos ao homem (obedecer ou desobedecer), não me vejo a acreditar neste suposto conceito de “incondicionalidade”.

Dizem por aí, que Deus é responsável por tudo que acontece de bom e de ruim. Visto que esse conceito irrevogável da responsabilidade de Deus o coloca culpado de tudo, não me vejo a acreditar neste fatalismo “muçulmano”.

Dizem por aí, que todos aqueles que disserem “sim” a um apelo de aceitar a Cristo como seu Salvador, terá sua morada garantida no céu. Visto que nem todos que dizem “sim” ao apelo passam realmente por uma metanóia, me vejo a não acreditar nestas supostas conversões em massa que temos visto em tempos modernos.

Dizem por aí, que Jesus Cristo foi apenas um grande homem iluminado. Visto que a transformação de minha vida se deu única e exclusivamente pelo poder de sua ressurreição, me vejo a acreditar que Jesus Cristo foi tanto um homem iluminado, como o Deus único e verdadeiro.

Dizem por aí, que "quem tem promessa não morre". Visto que o escritor aos hebreus salienta que “todos estes (os heróis da fé do AT), tendo sido testemunho pela fé, não alcançaram a promessa”, me vejo a não acreditar nestes clichês dos pregadores atuais.

Dizem por aí, que "quem não faz barulho está com defeito de fabricação". Visto que não consigo enxergar o apóstolo Paulo, ou até mesmo Jesus, gritando, "sapateando" ou "marchando no poder", me vejo a acreditar que muitos pentecostais foram fabricados por pseudolíderes que apresentam distúrbios em suas exegeses bíblicas.

Dizem por aí, que dinheiro, fama e sucesso, são sinais da benção de Deus. Visto que Jesus foi pobre e não tinha onde reclinar a cabeça, me vejo a não acreditar nas supostas profecias destes profetas da famigerada teologia da prosperidade.

Dizem por aí, que se o Espírito Santo fosse retirado da igreja, 90% das atividades eclesiásticas iriam continuar a acontecer normalmente como se nada tivesse ocorrido. Visto que isso é algo estarrecedor, sou obrigado dar crédito a este dado, orando em todo tempo, para que tenhamos sensibilidade de perceber isso quando ocorrer em nossas vidas.

Tantas coisas dizem por aí, mas prefiro ficar com o Evangelho genuíno apresentado nas páginas das Escrituras.

sexta-feira, 30 de outubro de 2009

10 coisas que odeio em você, igreja


Li essa semana uma slongan bastante interessante que revela o quanto a igreja esta em baixa nos últimos tempos: ODEIO A IGREJA, NÃO JESUS!
A lista abaixo relacionada é direcionada à igreja institucional, à igreja-empresarial, ao clube de entretenimento, assim falsificada e vendida ao poder temporal. Não me refiro absolutamente à igreja verdadeira, ao remanescente fiel que muitas vezes está contido nessa igreja caricata dos nossos dias.
Compartilho aqui o sentimento de inconformação de Davi quando disse a Deus: Não aborreço eu, Senhor, os que te aborrecem? e não abomino os que se levantam contra Ti? Aborreço-os com ódio consumado, para mim são inimigos de fato.
O que eu odeio em ti, igreja do nosso tempo?
1. A TUA PRETENSÃO OSTENSIVA de tu te veres superior a tudo e a todos, e com esse orgulho besta, deixas de ser reconhecida como voz de Deus e agência do Reino no mundo. Ao contrário, deverias te afastar pra bem longe dessa vaidade luciferiana e cair em si, voltando a servir humildemente ao mundo ao qual foste enviada.
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2. QUANDO INFLEXÍVEL, IMPÕES O DETESTÁVEL LEGALISMO COMO FORMA DE CAMINHADA CRISTÃ com regras insuportáveis que mantém teus membros eternamente cativos a infantilidade na fé, ao invés de conduzi-los à maturidade cristã que alcança a essencial liberdade consciente e anda maduramente nas pegadas de Jesus de Nazaré.
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3. A TUA CEGUEIRA REDUCIONISTA que não discerne claramente o Reino além de tuas limitadas fronteiras, expandindo a visão para ver e aceitar outras formas de expressão, de serviço cristão, de culto e de obras que também glorificam a Deus e contribuem para a expansão do Reino na terra.
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4. A TUA FORMA DE JULGAR SUMARIAMENTE as pessoas, se são merecedoras do céu ou do inferno, como se coubesse a ti essa prerrogativa divina de seleção. Deveria tu saber que essa é uma ação exclusiva de Deus.
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5. A TUA DISCIPLINA CORRETIVA que sempre exclui e joga fora todo aquele que desgraçadamente tropeça por algum motivo, levando invariavelmente o “disciplinado” ao abandono, e ferido, a morrer a míngua.
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6. A TUA FORMA ANTIBÍBLICA DE EVANGELIZAR, definindo prazo de mudança para as pessoas ”aceitarem Jesus”, exigindo uma conversão urgente e superficial baseada na adequação compulsória às regras de teus usos e costumes, e não na radical soberana transformação do Espírito Santo, de dentro para fora, e no livre tempo de Deus.
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7. A TUA VISÃO MISSIONÁRIA/ EVANGELÍSTICA DISTORCIDA que em nome do “ide” retira as pessoas de suas áreas de convivência na sociedade onde exerciam posições estratégicas para alcançar seus semelhantes, para mantê-los circunscritos à área do templo, transformando-os em pessoas inativas ou em obreiros alienados que desconhecem o que se passa no mundo que os rodeiam.

8. O TEU ABUSO DE PODER arrastando milhares de PESSOAS SINCERAS, frágeis, crédulas, simplórias, despreparadas e desavisadas à exaustão, ao esgotamento, ao sofrimento, à decepção, e a se sentirem absolutamente usurpadas física, emocional, material e espiritualmente. Essas pobres vítimas do teu poder abusivo se tornam amargas e refratárias para o Evangelho para sempre, fechadas para qualquer possibilidade de pensarem em Deus ou em coisas relacionadas a ti.

9. A FORMA IMORAL COM QUE TEUS LÍDERES LIDAM COM AS FINANÇAS, manipulando o dinheiro que entra em teus cofres de forma irresponsável, desonesta, revelando que são subjugados pelo deus Mamon. Reproduzes pastores que amam posição, poder, e o dinheiro, tornando-os cheios de avareza e de ganância. ISSO TEM CAUSADO GRANDES ESCÂNDALOS E DANOS IRREVERSÍVEIS PARA O EVANGELHO, E TU ÉS DIRETAMENTE RESPONSÁVEL POR ISSO!

10. E por último, odeio quando MENTES, ASSEVARANDO QUE FORA DE TI, AS PESSOAS NÃO PODEM SOBREVIVER. Saiba que existem milhões de pessoas que nunca adentraram em teus átrios e mesmo assim oram, têm temor, discernimento, maturidade, ética, moral e dignidade, muitas vezes, mais apurados que teus pobres membros pretensiosos.
Sobretudo, há uma forma difícil, dolorida, mas possível, que pode mudar radicalmente esse quadro sombrio: TENS QUE PASSAR PELO PORTAL DO ARREPENDIMENTO. Como diria Jesus, Lembra-te de onde caíste e arrepende-te...

Por Manoel Silva Filho
fonte: Manoel DC

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

A arte do vernáculo


Estou me deliciando na obra "Alma Sobrevivente" do escritor Philip Yancey. Nos idos do capítulo 10, encontrei uma pérola que gostaria de compartilhar com meus leitores.

O trecho abaixo falou muito ao meu coração.

"A partir das cartas que recebo e dos comentários que ouço em festas e lançamentos de livros, chego à conclusão de que as pessoas têm uma visão romântica da vida de um escritor. Essas pessoas nunca estiveram ao lado de um escritor que fica parado 15 minutos diante de um dicionário de sinônimos em busca de uma única palavra. Devido ao próprio trabalho, os escritores levam uma vida solitária. Trabalhamos sozinhos, fugindo de qualquer distração, e criamos nossa própria realidade particular, explorando-a e domesticando-a até que chega o momento quando o editor começa a instigar outras pessoas a trabalhar conosco - momento em que, naturalmente, estamos felizes, construindo outra realidade falsa. Na maior parte das vezes, o mundo que criamos é muito mais interessante do que aquela triste realidade na qual vivemos. Às vezes, tenho a impressão de que minha vida de escritor se sobressai à minha vida real. Fico pensando: Se eu não escrevesse, será que eu chegaria mesmo a existir? Como posso saber o que penso ou sinto sem abrir meu computador e começar a escrever sobre aquilo? Lembro-me de um dia em que trabalhava em uma pequena história numa manhã bem cedo. Por três horas, esforcei-me para desenvolver personagens tridimensionais, tirando todos os clichês de seus diálogos. Iniciante na ficção, estava ficando com uma terrível dor de cabeça por causa do esforço. Naturalmente, usava isto como desculpa para parar de escrever, atravessar a rua e tomar um café. Imagine minha surpresa ao descobrir que todas as pessoas da cafeteria eram personagens bidimensionais, que falavam usando clichês! Nenhuma daquelas pessoas parecia-me tão interessante quanto as pessoas que povoavam minha história. Corri de volta para a segurança de minha falsa realidade que me esperava (e somente a mim) no meu escritório no porão".

10 coisas que amo em você, igreja


NOTA: Quando me refiro à igreja na lista abaixo, estou pensando na igreja orgânica, invisível aos olhos humanos, aquela que só Deus conhece como Seu único e exclusivo remanescente fiel, a noiva de Cristo, composta dos filhos e súditos do Reino. É essa igreja que amo e sou membro.
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Que mais amo em ti?
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1. AMO TUA VOCAÇÃO PROFÉTICA. Quando exerces teu papel profético de denunciar o mal e delatar a injustiça e quando desmascaras corajosamente o rosto imundo da corrupção e serves tu mesma de espelho, para o mundo ver Jesus refletido em teu semblante.
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2. AMO TUA CORAGEM DESTEMIDA. Quando desfazes os altares da vaidade, desbancas os postes ídolos do abuso de poder, detonas os totens dos falsos profetas e pastores fingidos, esses que amam a popularidade, a fama e o dinheiro e arrastam milhares de incautos à decepção e à tristeza irreversíveis, até que tu venhas e a ser alento e ponto de apoio para voltarem a caminhar, Para depois correrem livres e voarem em direção a uma vida pujante de alegria e liberdade em Cristo, nunca dantes experimentada.
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3. AMO TEU AMOR DESMEDIDO. Quando te identificas com as pessoas às quais tu proclamas a verdade do Evangelho, amando-as incondicionalmente, vendo sempre o bem no outro, e incluindo-o como teu semelhante e irmão de caminhada. Se acontecer algum processo de seleção no final, cabe a Deus fazê-lo, como prerrogativa exclusiva Dele.
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4. AMO TEU TESTEMUNHO IMPOLUTO. Quando, em alguns pontos luminosos de tua história, e ainda hoje se vê rasgos nítidos de tua original missão de servir de ponte de retorno entre o mundo perdido e o seio do Pai, de ser farol de referência, lucidez e honradez aos que estão à deriva na correnteza do mar da corrupção, e ser rocha firme aos que afundam na areia movediça das certezas relativizadas.
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5. AMO TUA HUMILDADE, À SEMELHANÇA DE TEU MESTRE. quando te conscientizas que teu lugar é servir no vale escuro da dor e da rejeição e não no topo do mundo, debaixo dos holofotes e flashes da fácil aceitação.
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6. AMO QUANDO TE MOSTRAS MADURA EM TUA PROPOSTA DE SANTIDADE. Quando descobres que o caminho da maturidade rumo à santidade é o da experiência do andar vivencial com Jesus, e não a freqüência compulsória a um culto, e a liberdade consciente como a melhor forma de amadurecimento em direção ao céu.
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7. AMO TUA ESTRATÉGIA INTELIGENTE DE CONQUISTAR O MUNDO. Quando adotas a teologia encarnacional da identificação participativa e te imiscuis no meio do mundo de forma sutil, subversiva, sem alarde e autopromoção, e através de recursos didáticos criativos se utilizando da cultura e das artes, consegues mudar os rumos da história.
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8. AMO TUA OBJETIVIDADE FULMINANTE. Quando não fazes “cavalo de batalha” com coisas inúteis e irrelevantes para a vida como defender doutrinas humanas, dogmas e tradições de usos e costumes, e por outro lado, enfatizas o que é essencial para a vida aqui e o porvir, como incorporar o Evangelho Simples, amar a Jesus, vivenciar o amor entre os irmãos, reunir com os amigos para conversar, assistir o necessitado, abrigar o sem casa, dar alimento ao faminto e prover uma base sólida de educação aos que não teria nenhum futuro consistente e a chance de poder sobreviver nessa sociedade de lobos vorazes que dilaceram o ânimo doa fracos e despedaçam a esperança dos pequeninos. Mas aguarde com paciência o terrível julgamento que recaíra sobre sobre toda a alcatéia desses predadores insaciávais, por tocarem nesses amados pequeninos do Senhor...
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9. AMO TEU SENSO AGUÇADO DE JUSTIÇA E MISERICÓRIDIA. Quando usas sabiamente a disciplina bíblica como elemento de cura e inclusão dos que entre ti fraquejam e tropeçam, levando-os invariavelmente ao retorno feliz, e curados, se levantam para ser referencial de vida a tantos outros que caem e tropeçam na caminhada.
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10. AMO TUA MISSÃO BASEADA NA COMUNHÃO VIVENCIAL COM O MUNDO. Quando compreendes claramente que o “ide” não é um imperativo, mas “indo”, um gerúndio de convivência relacional no dia-a-dia, dando idéia de “enquanto vão, preguem”. Isso envolve a necessidade da saída do reduto quentinho e confortável do templo para a convivência despretensiosa lá fora, e sem segundas intenções, encontrar as pessoas em seus habitats, áreas de convivência, trabalho e lazer, e se tornando uma delas, fazer o Evangelho conhecido pelo servir sem nenhuma pretenção, a não ser aquela de gerar grandes amizades com os que compartilham conosco a mesma jornada de vida. Tal qual Jesus faria...
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QUANDO AGES ASSIM, VIVES O QUE É SER IGREJA NO MUNDO E ENTENDES QUE SER IGREJA É MUITO MAIS DO QUE VEMOS POR AÍ... APESAR DE SER IMPRESSIONANTE O NÚMERO DOS QUE SE JACTAM PERTENCEREM AS TUAS FILEIRAS.
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Por Manuel Silva Filho
Fonte: Manuel DC

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Quarta-feira do terror


Tomado talvez por um espírito sadomasoquista (risos), nosso professor de Teologia Pastoral nos convidou para assistirmos um culto (culto?) quarta-feira no suntuoso templo da Igreja Universal do Reino de Deus.

Já cansado de ouvir duras críticas ao movimento neopentecostal, principalmente às três grandes denominações midiáticas (Internacional, Mundial e Universal), resolvi ver com meus próprios olhos (desculpe a redundância) o que fazem os sósias de Edir Macedo.

Textos fora dos seus respectivos contextos, determinações a Deus, extorsões, manipulação da massa leiga, enfim, uma triste realidade.

Depois das críticas e brigas ferrenhas entre a Rede Globo e Record criei uma expectativa de que os fiéis pudessem ter mais discernimento quanto ao conteúdo do se prega por lá, mas infelizmente, o povo gosta de ser manipulado; e só falta repetir o jargão “me engana que eu gosto”.

Não víamos a Bíblia na mão dos fiéis; o pastor (entenda como lobo) pediu que abríssemos as Escrituras em Gênesis 26 e inflamado por uma “eisejegue” demoníaca conseguiu tirar do texto aquilo que ele nunca quis dizer. Coitado do pobre Isaque.

No fim, convidou os fiéis a depositarem suas ofertas num envelope, escreverem seus nomes em um copo d’água e depositarem em um poço montado no altar. Isso sem contar a rosa "ungida" e os constantes pedidos de ofertas exorbitantes.

Estas são apenas pequenas e singelas impressões que tivemos naquela fatídica quarta-feira no templo de mamon; e é bom que se fale pouco senão pecarei contra os “ungidos” do Senhor.

Caso queira ter uma melhor percepção do que foi esta triste quarta-feira, dêem uma olhadinha no Blog
Diversificando, editado por nosso prestimoso profº Marco Antônio.

No mais, vamos só descendo a ladeira.

sábado, 3 de outubro de 2009

I Have a Dream - Eu tenho um sonho


Sonho com uma igreja onde a Palavra tenha a primazia. O grito reformado de SOLA SCRIPTURA reverbera em meus ouvidos, com o som de vozes martirizadas pela verdade das Escrituras. Sonho com uma igreja onde a Palavra volte a ocupar o centro, onde tanto a pregação quanto a música sejam encharcadas de verdades bíblicas, e não de invencionices humanas.

Em meu sonho percebo a alegria do reencontro com a voz de Deus, amiga, suave, a permear todo o ambiente onde a igreja estiver reunida, pois onde se reúnem os “templos”(nós) ali está a Igreja (Mt 18.20).

Sonho com uma igreja sadia pelo ensino coerente das Escrituras Sagradas, onde esquisitices e maluquices são tratadas como o que realmente são: esquisitices e maluquices. Não se dá margem a unções novas, senão a unção que já temos no Santo de Deus (1 Jo 2.27). Não se ensina aquilo que não é bíblico pelo simples fato de, exatamente, não ser bíblico. Aquilo que é relativo em mim deve se curvar diante do absoluto da Palavra de Deus. O que sinto não sobrepõe o que leio nas Escrituras. Seja Deus verdadeiro e todo homem mentiroso, inclusive eu, quando o que achar não for o que a Palavra realmente diz.

Sonho com uma igreja onde o pastor não é nada mais que um irmão revestido por Deus de um DOM para o crescimento da mesma. E desejo ser pastor um dia. Que eu mesmo testemunhe contra mim um dia se não for um pastor como o que sonho. Que haja fidelidade ao Deus que vocaciona e capacita. Que haja humildade para reconhecer que toda a capacidade vem dEle e não de mim mesmo. Que haja coerência entre o falar e o viver.

Sonho com uma igreja que tenha problemas, mas que aprenda com eles. Que haja graça no lidar com os que caem, sabendo que é pela graça que somos o que somos, e que a graça nos nivela sob o sangue de Cristo. Que ninguém seja “punido” de seus erros, mas corrigido com brandura para que o nome de Cristo seja exaltado na reedificação deste irmão.

Sonho com uma igreja que deixe de ser um tribunal para ser um hospital, onde os feridos são cuidados com amor e que, por esse amor, aprendam a amar e se firmem no Deus que é amor!

Sonho com uma igreja que faça da oração uma simples conversa com o Ser amado. Nada de exigências, nada de ordens, nada de decretos. Que, ao contrário das manifestações triunfalistas, nossas angústias e ansiedades sejam lançadas sobre Ele, sabendo que Seu cuidado é real. Que sejam orações sinceras, sem máscaras e sem farisaísmo, simplesmente que o nosso quarto seja o lugar de oração, não as praças públicas. Ninguém precisa saber que eu oro, mas que todos percebam de forma inequívoca que tenho comunhão com Aquele que é o Senhor.

Sonho com uma igreja onde não seja preciso apelos constantes à contribuição, mas onde a graça de Deus abunde nos corações de tal forma que o contribuir deixe de ser uma “carga” para ser um momento de festa, de alegria, pois é a esse momento que Deus aceita e ama. Que as necessidades dos irmãos sejam supridas em amor, mas também em gestos, sabendo que naquilo em que ajudo o meu irmão necessitado, a Deus mesmo o faço.

Sonho com uma igreja em que o culto seja vivo, mas não irracional. Uma igreja em que o culto seja tão suave como uma melodia clássica, mas tão impactante como uma marcha nupcial. Um ambiente onde quem já é salvo sinta-se em família, de verdade, sem títulos (ninguém em casa chama um irmão de “irmão” – irmãos se chamam pelo nome, ou apelidos carinhosos, mas nunca por “títulos”). Onde quem não é salvo queira conhecer a Deus simplesmente pela beleza do amor demonstrado entre os que ali estão.

Sonho com uma igreja onde o louvor seja algo espontâneo, onde haja liberdade para a adoração, mas que haja espírito e verdade. Que seja adoração em espírito, pois Deus é Espírito, mas que também seja adoração em verdade. Em verdade humana e em verdade bíblica. Que quando eu cantar para o meu irmão: “eu sou um com você...”, eu realmente seja assim, senão não é “em verdade”, e que seja uma verdade da Palavra, pois se não for assim, é adoração mentirosa. E que não seja preciso animadores de auditório e nem instrumentos sagrados para me levar ao “êxtase”, mas que a simples presença daquele que é digno de ser adorado me encha o coração e a boca, e que Ele se agrade do meu louvor, como cheiro suave.

Sonho, ainda, com uma igreja que celebre a ceia na esperança da volta do noivo, como uma mulher amada espera pelo seu amado ao anoitecer. Que haja alegria no partir do pão e no beber do vinho, pois não temos como participar da mesa que celebra a morte sem lembrarmos que a mesma morte foi vencida. Celebramos a ceia como um menino que relê um livro: já sabemos o final da história. E se ele venceu a morte, como tinha prometido é certo que voltará um dia para nos buscar, como prometeu.

Maranata, vem Senhor Jesus!

Há muitos outros sonhos pra sonhar...

Vamos sonhar juntos?

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Percepções


Percebi que a igreja evangélica anda a passos largos para uma decadência igual ou superior a acontecida na Europa nos idos do séc. XIX, todavia, creio nas Escrituras quando falam dos sete mil joelhos remanescentes que não se dobrarão a esse paganismo pós-moderno.

Percebi que a má formação da liderança evangélica é uma das maiores causas dessa crise desmedida em nossos guetos eclesiásticos, portanto, urge que as novas safras de líderes que se levantam sejam mais prudentes em seus ensinos e pregações, colocando a Bíblia no seu devido lugar – como primazia.

Percebi que o movimento pentecostal tem se enveredado por um misticismo exacerbado com uma junção de espiritismo carregado de feitiçaria, por isso, é mister que os pentecostais “cheios do poder” deem menos importância ao dom de línguas e busquem diligentemente o vínculo da perfeição que é o amor. Quando isso acontecer, teremos menos gritaria em nossos cultos e mais manifestações das virtudes do fruto do Espírito.

Percebi que não agüento ficar mais de dez minutos em ambientes cúlticos de muito barulho e gritaria. Talvez, nessa minha peregrinação tenha me simpatizado mais com o tradicionalismo histórico do que pelo movimento pentecostal, porém, não sou cessacionalista, creio na manifestação contemporânea dos dons espirituais.

Percebi que o cristão que exala o bom perfume de Cristo não é aquele cheio dos dons espirituais, mas sim, aquele que é cheio do Fruto. Portanto, faz-se necessário que ensinemos aos neófitos a buscarem menos poder, fama e sucesso, pois essa trindade maldita começa pela busca desenfreada dos dons espirituais sem propósito de edificação.

Percebi que o exercício da contemplação e meditação são fontes mais eficazes de intimidade e relacionamento com Deus – pena que muitos insistem em um relacionamento (relacionamento?!) de barganha, troca e mercantilização das benesses de Deus. Enquanto isso, os mercadejantes da fé se apropriam da emotividade do povo leigo fazendo com que voltemos a Idade das Trevas onde se acreditavam que no tilintar de uma moeda no gazofilácio, uma alma era liberta do purgatório para o céu.

Percebi que os desbravadores da fé nos lançam no inferno se não retirarmos o “melhor” de nossas carteiras nos chamando até mesmo de trouxas quando ofertamos com amor e sem sentimento de toma-lá-dá-cá. Segundo os “profetas” da prosperidade, temos que dar e exigir que Deus nos retribua em dobro. Receio que a Bíblia apócrifa deles esteja isenta das palavras de Paulo aos coríntios quando diz que o nosso generoso ato de ofertar deve ser sempre voluntário, com alegria e segundo a prosperidade de cada um.

Enfim, necessário é que nossas percepções estejam cada vez mais aguçadas para que não caiamos nas sutilezas dos lobos travestidos de pastores, pois o que Jesus disse sobre matar, roubar e destruir (Jo 10.10) nada tem a ver com o diabo e sim com os mercenários, ladrões e salteadores da fé.

sábado, 26 de setembro de 2009

Até quando???


Como tem sido difícil assistir um culto pentecostal nas igrejas atuais; confesso, saí frustrado do último que fui. As raízes pentecostais não tem nada a ver com isso que chamamos hoje de manifestações do Espírito.

Sei que corro o risco de ser chamado de frio, de intelectual e outros nomes mais. Portanto, não me renderei a esse pseudoevangelho pregado nos púlpitos da igreja moderna.

Como pode alguém ir ao um “culto de poder” e sair pior do que entrou? Que tanto poder é esse que é “liberado” pelos evangelistas e pastores, que não tem eficácia na vida existencial deles próprios? Que tanta “unção” é essa que é exalada de seus paletós e não transforma a vida dos fiéis? Até quando veremos os manipuladores de auditórios manobrando as massas para um falso evangelho?

Até quando vamos chamar de “cristãos” esses falsos líderes? Eles inventaram outra religião. Abandonaram o cristianismo. Não falam da cruz de Cristo e da regeneração do Espírito Santo como solução para toda e qualquer escravidão espiritual. Não falam do discipulado de Jesus Cristo como compromisso com o Reino de Deus, o que exige arrependimento e submissão absoluta ao Rei Eterno, o que implica mudança de vida e serviço abnegado.

Continuo a peregrinar com minhas incertezas, sabendo que o Deus da igreja dará um escape aos seus pequeninos que anseiam viver humildemente, praticando a justiça e amando a misericórdia.
Continuo a crer nas manifestações do Espírito Santo na vida do cristão; continuo a crer na transformação do homem caído; e continuo a ter esperança que a nossa missão é manifestar, aqui e agora, a maior densidade possível do Reino de Deus, que será consumado ali e além.

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Pregando no abc dal

Humor Los Hermanos


Acerto de contas

Três padres, um americano, um brasileiro e um argentino estão voltando de uma visita ao Vaticano quando uma das turbinas do avião explode. Uma gritaria, um corre-corre desgraçado e todo mundo pulando de pára-quedas. Quando os três padres dão por si, estão sozinhos e sem nenhum pára-quedas.
O americano, ajoelha-se, na porta do avião e diz:
- Senhor, entrego a minha alma em suas mãos! Pula e espatifa-se no chão.
Em seguida o padre brasileiro, ajoelha-se e diz:
- Senhor, se puder poupar a minha vida, prometo que vou arrebanhar ainda muitos fiéis para a sua Igreja. Pula e espatifa-se no chão.
Em seguida o padre argentino:
- Mi Diós, Yo sé que o Señor vá a me salvar. Usted no puede permitir que el mejór de sus sacerdotes morra... afinal, o que será de Ti sem mim?
Pula e de repente, as nuvens se abrem e uma mão enorme o apanha no ar.
- Yo sabia... Yo sabia... - gritou o padre todo contente.
E então, uma voz forte retumbou:
- Este Yo quiero matar pessoalmente!


O padre e os argentinos

Na fronteira do Brasil com a Argentina a igreja mais próxima era do lado brasileiro, o que trazia os argentinos sempre à missa. Certo dia o padre diz:
- Irmãos, hoje vamos falar dos fariseus, aquele povo desgraçado, como esses argentinos que aqui estão.
Toda a congregação se alarmou, virou um alvoroço total. Ao fim da missa o prefeito da cidade diz ao padre:
- O sr. não pode fazer isso, esses argentinos fazem a maioria de suas compras aqui, eles gastam todo seu dinheiro em nossa cidade, não podemos perdê-los. E prometa que não irá ofendê-los novamente!
- Tudo bem! Diz o padre.
No outro domingo o padre começa a ladainha:
- Hoje iremos falar de Maria Madalena, aquela prostituta, como essas argentinas que aqui estão. Novamente o alvoroço foi total, não ficou um argentino dentro da igreja. No final o prefeito novamente vai ao padre e diz:
- Mas padre, o senhor me prometeu que não iria mais fazer isso. O que aconteceu?
O Padre disse que não conseguiu se conter, mas que não iria se repetir. No domingo, o prefeito apreensivo, espera o inicio do sermão, temendo o que o padre faria dessa vez.
- Irmãos, hoje iremos falar da Santa Ceia. - Diz o padre.
O que deixa o prefeito e a congregação mais aliviados.
Continuando, o padre diz: - Naquela noite, Jesus disse: O meu traidor está aqui na mesa.
- O que Pedro diz: Mestre, por acaso sou eu?
- Não, não é você Pedro. Diz Jesus.
João prossegue: - Mestre, serei eu?
Jesus diz: - Não é você João.
Ouvindo os colegas perguntarem, Judas Iscariotes, assustado diz: - Mestre, por acaso soy yo?


Inundação argentina

Um argentino e um brasileiro estão perdidos no deserto há vários dias até que encontram uma lâmpada mágica. Eles esfregam e dela sai um gênio:
- Olá... Cada um de vocês tem direito a um pedido?
- Um pedido? Que eu saiba eram três! - diz o brasileiro.
- É, amigo... Eram, eram! Com essa crise do petróleo, é só um! Agora façam seus pedidos.
O argentino logo pensa e diz:
- Gênio, eu quero que você construa um muro em volta de toda Argentina para que nenhum brasileiro possa mais entrar no nosso país!
- Seu desejo é uma ordem! Depois de construir o muro o gênio pergunta:
- E você, brasileiro? O que vai querer?
- Quero que você encha aquilo lá de água!


Pesquisa fracassada

A ONU resolveu fazer uma pesquisa em todo o mundo. Enviou uma carta para o representante de cada país com a pergunta: "Por favor, diga honestamente qual é a sua opinião sobre a escassez de alimentos no resto do mundo". A pesquisa foi um grande fracasso. Sabe por quê?
Todos os países europeus não entenderam o que era "escassez".
Os africanos não sabiam o que era "alimento".
Os cubanos estranharam e pediram maiores explicações sobre o que era "opinião".
Os argentinos mal sabem o significado de "por favor".
Os norte-americanos nem imaginam o que significa "resto do mundo".
O congresso brasileiro está até agora debatendo o que é "honestamente".


Pena capital

Num boteco da Arábia, discutindo futebol, um uruguaio, um argentino e um brasileiro se pegaram no tapa e acabaram indo para a Delegacia. Como punição, o delegado ordenou que cada um deles levasse 50 chibatadas. Mas antes disso, cada um poderia ter um desejo atendido.
O uruguaio foi o primeiro. Pediu para lhe colocarem um travesseiro às costas, mas logo na terceira chibatada, o travesseiro rasgou.
O segundo foi o argentino. Pediu para lhe colocarem um casaco de couro, mas logo na quinta chibatada, o casaco rasgou.
Então, chegou a vez do brasileiro, e como o capataz era fã do Ronaldinho, lhe deu o direito a dois desejos:
- Como primeiro desejo eu gostaria que a minha pena fosse triplicada e em segundo lugar que vocês amarrassem o argentino nas minhas costas!


Gaúchos e argentinos

Três gaúchos e três argentinos estavam viajando de trem para um congresso. Na estação, os três argentinos compraram um bilhete cada um, mas viram que os três gaúchos compraram um só bilhete.
Como é que os três vão viajar só com um bilhete? - perguntou um dos argentinos.
- Espere e verá. - respondeu um dos gaúchos.
Então, todos embarcaram. Os argentinos foram para suas poltronas, mas os três gaúchos se trancaram juntos no banheiro. Logo que o trem partiu, o fiscal veio recolher os bilhetes. Ele bateu na porta do banheiro e disse:
- O bilhete, por favor. A porta abriu só uma frestinha e apenas uma mão entregou o bilhete. O fiscal pegou o bilhete e foi embora. Os argentinos viram e acharam a idéia genial. Então, depois do congresso, os argentinos resolveram imitar os gaúchos na viagem de volta e, assim, economizar um dinheirinho (reconhecendo a inteligência superior dos gaúchos). Quando chegaram na estação, compraram só um bilhete. Para espanto deles, os gaúchos não compraram nenhum.
- Mas, como é que vocês vão viajar sem passagem? - um argentino perguntou perplexo.
- Espere e verá. - respondeu um dos gaúchos.
Todos embarcaram e os argentinos se espremeram dentro de um banheiro e os gaúchos em outro banheiro ao lado. O trem partiu. Logo depois, um dos gaúchos saiu, foi até a porta do banheiro dos argentinos. Bateu e disse:
- A passagem, por favor.

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Por um Deus mais frágil


A nossa esperança e o nosso testemunho não podem ser fundados na fé em Deus-poder ou na divinização de alguma pessoa, grupo social ou instituição. A fé cristã nos apresenta um caminho inverso: ao invés da divinização de um ser humano muito poderoso ou de alguma instituição social (como o mercado) ou religiosa – proposta sedutora de muitas religiões e ideologias sociais –, o Evangelho de Jesus nos propõe um Deus que se esvazia do seu poder divino para entrar na história como escravo, e como escravo se assemelhar ao humano (Filipenses 2.6,7).

Deus se revela no esvaziamento do poder para mostrar que o poder e o sucesso não são sinônimos da justiça e da santidade. Pessoas ou igrejas que se consideram justas e santas porque são ricas e/ou poderosas ou porque têm muito ibope não conhecem a verdade sobre Deus e sobre o ser humano. Não é a riqueza que lhes dá dignidade e justifica a sua existência; a nossa existência está justificada e nós somos dignos antes da riqueza, poder ou sucesso, pois nós somos justificados pela graça de Deus que se esvaziou do poder porque ama gratuitamente a toda a humanidade e a toda a criação.

Essa fé e esperança podem ser experienciadas quando perseveramos na nossa opção pelos pobres e por uma Igreja mais servidora do Povo de Deus, mesmo quando a contabilidade de nossa luta e a frustração pessoal nos diz que não há mais por que esperar. No momento em que perseveramos somente porque amamos é que podemos testemunhar esta esperança que é a esperança cristã, que nasce da morte na cruz de um Deus encarnado.

Por Jung Mo Sung

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Pode ser que eu esteja errado


Pode ser que eu esteja errado, mas gosto de caminhar em meio a alguns aparentes paradoxos. Um Deus que é soberano sobre tudo e todos, mas cede às suas criaturas liberdade de arbítrio, onde estas decisões geram até mesmo violência e morte, deixa alguns a pensar que Deus não é tão soberano assim. O problema é que precisamos redefinir o conceito de soberania.
Entendo soberania como a crença de que nada pode impedir Deus de executar sua vontade a não ser Ele mesmo. O homem é livre porque Deus quer, e não porque Deus foi destituído de sua soberania.

Pode ser que eu esteja errado: um Deus que possui a onisciência como um de seus grandes atributos, certamente conhece cada um que entrará pelos portais da eternidade, mas nem por isso predestinou tais criaturas.

Pode ser que eu esteja errado: creio que a Bíblia é a Palavra de Deus e contém a palavra do homem, todavia, contém até mesmo a palavra do diabo. Oohhh!!! não deveria ter dito isto – os fundamentalistas vão me execrar.

Pode ser que eu esteja errado: creio que a oração é umas das ferramentas mais poderosas que temos a nosso favor, porém, alguns podem se perguntar: "pra quê orar solicitando as benesses e livramentos de Deus se Ele sabe de tudo que acontecerá comigo daqui há dez ou vinte anos?" Faz-se necessário reformularmos nossos modelos de orações. Na verdade, o resultado da oração não é necessariamente a mudança da situação a respeito da qual se ora, mas a mudança da pessoa que ora, pois a mudança da situação a respeito da qual se ora é uma possibilidade, mas a mudança do coração e da mente de quem ora é uma realidade.
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Pode ser que eu esteja errado: estudar teologia é uma loucura. Como pode um ser limitado que sou, tentar dissecar um Ser ilimitado que é o EU SOU? Para não enlouquecer, apelo para o Consolador, o Deus conosco.

Pode ser que eu esteja errado: creio que fé é coragem de acreditar que os valores, princípios e verdades propostos por Jesus são suficientes para enfrentar a vida com tudo o que ela trouxer, de bom e de ruim. Mas muitos insistem apenas na definição do escritor da epístola aos hebreus, pautando sua fé apenas em tentar mover a mão de Deus por meio de milagres e operações de maravilhas.

Pode ser que eu esteja errado: creio que a salvação e vida eterna são verdades absolutas do cristianismo, mas muitos chegarão no céu sem nunca ter ouvido a mensagem de salvação desenvolvida pelos enlatados teológicos americanos.

Pode ser que eu esteja errado: creio em todas as narrativas bíblicas que pontuam verdades sobre o dízimo e ofertas, mas também creio piamente que o dízimo não é para a igreja do Novo Testamento. Apesar de ser um "dizimista fiel", bato na tecla de que Deus não está preocupado com os meus dez por cento, e sim, no meu ato de dar com alegria e voluntariamente. Os dez por cento é apenas um parâmetro; mas muitos insistem em dar até os centavos do líquido ou do bruto, achando que Deus se deixa enganar por nossa barganha.

São apenas algumas considerações de um acrisolado estudante de teologia.

Pode ser que eu esteja totalmente errado...

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Humor apostólico


Dando aos pobres

Em uma daquelas igrejas que salvam sua alma a base de uma "ajudinha financeira", o pastor olha para a platéia e diz:
- Vamos passar a cesta e, se tiveres como colaborar, dai, irmão. Dai toda a quantia que puderes! Os fiéis, mesmo os mais pobres, acabam dando o que têm no bolso e mesmo os que não têm ficam constrangidos de não dar nada.
Nem bem a sacola caiu nas mãos dos fiéis, o primeiro gritou:
- Eu tenho 10 reais! - e colocou seu dinheiro lá dentro.
Na vez do segundo, ele fala:
- Eu tenho 20 reais! - e lá se foram mais 20 reais. A cesta ia enchendo, até que ela caiu na mão de um cara que estava lá só pra conhecer. Como ele era um sujeito honesto e estava muito necessitado, gritou:
- Eu não tenho nada! O pastor retrucou de imediato:
- Então pegai, irmão! Se precisas realmente, pegue tudo para você!
Emocionado, o rapaz pegou o dinheiro, guardou no bolso, e disse:
- Pôxa, pastor. Sempre achei que essas igrejas só quisessem nosso dinheiro, mas vocês encheram meus bolsos!
- Sim, irmão! - respondeu de pronto o pastor - Mas agora que tens, coloque tudo aí na cesta!
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Jesus no SUS
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Penalizado com a insatisfação dos brasileiros com o sistema de saúde pública no país, Jesus resolveu vir à Terra como médico do SUS. Escolheu um hospital público bem fuleiro e desceu, de avental e tudo. Passando pela imensa fila no corredor e chegando na sala do médico de plantão, Ele lhe disse:
— Pode ir, amigo! Deixa comigo!
O outro médico foi pra casa feliz da vida, dando graças a Deus por seu plantão ter terminado duas horas antes.
Os pacientes ficaram esperançosos com a chegada do novo médico. (Eles estavam há três dias na fila e nunca tinham visto um médico!)
Então o primeiro paciente entrou na sala. Um homem paraplégico em sua cadeira de rodas. Quando o viu, Jesus falou:
— Levanta-te e anda!
E o paraplégico, quer dizer, ex-paraplégico saiu da sala empurrando sua cadeira.
Rapidamente os seus colegas da fila perguntaram:
— E aí? Como foi? Esse médico é bom?
— Mais ou menos! — respondeu o ex-aleijado. — Ele é que nem os outros... Nem examina a gente!
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Empréstimo ao santo
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O bêbado vai à igreja e surrupia uma nota de cinco Reais de uma bandeja em frente a uma imagem de São Benedito.
— Empresta aí, negão! Depois te pago! E sai em direção ao boteco quando um guarda, que tinha visto o episódio, bate em suas costas.
— Escuta, meu chapa, vá devolver o dinheiro do santo senão te boto em cana. O bêbado entra de novo da igreja, deposita o dinheiro no lugar onde estava e reclama:
— Pô, negão! Qualé a tua? Eu falei que ia devolver, não precisava dar parte na polícia!
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O segredo do sete
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Você sabe por que muitas pessoas costumam cortar o número 7 pela metade ao escrevê-lo? Estava toda a multidão reunida aos pés do Monte Sinai para ouvir os 10 mandamentos proclamados por Moisés, quando, ao chegar no 7º mandamento, ele disse em alto e bom som:
— Não cobiçarás a mulher do próximo!
E a multidão enlouquecida, instantaneamente gritou em coro:
— Corta o sete! Corta o sete!
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Dormindo na Missa
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Os pais levam o menino e a menina para a igreja. Eles se sentam na primeira fila para que o menino possa apreciar bem a missa, mas ele adormece no meio do sermão. O padre percebe, e decide dar um susto no moleque. Ele faz uma pergunta direta pro garoto:
— Menino, diga quem criou o céu e a terra?
A irmã do guri espeta um alfinete na bunda do menino que acorda assustado e grita:
— Meu Deus!
— Muito bem, meu filho — diz o padre. Afinal, a resposta não está errada.
Mas daí a pouco o menino volta a dormir, e o padre aponta para ele outra vez e pergunta:
— Responda agora, garoto. Quem foi o filho de Maria e José?
A menina volta a enfiar um alfinete na bunda do menino, que acorda e diz bem alto:
— Jesus! O padre percebe o que aconteceu, mas não pode dizer nada. A resposta estava correta!
Logo depois o menino cochila novamente e o padre pergunta:
— O que disse Eva para Adão quando eles acordaram no primeiro dia?
Mas antes que a irmãzinha pudesse dar-lhe outra alfinetada, o menino berra:
— Se você enfiar esse negócio na minha bunda de novo, eu te arrebento!
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O bêbado em Jerusalém
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Ao ver Madalena na iminência de ser apedrejada, Jesus se aproxima dela, segura-lhe a mão e fala para o povo aglomerado à sua volta:
- Aquele que nunca errou, que atire a primeira pedra!
De repente, pimba! Um tijolo enorme acerta bem no meio da testa da pobre mulher.
- Quem fez isto? - pergunta Jesus indignado.
- Fui eu! - responde o bêbado.
- Você por acaso nunca errou?
- Desta distância nunca!
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Malamém
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Em uma sala de aula cada aluno tinha medo de uma certa coisa. Um certo dia a professora dessa sala resolveu perguntar do que cada um tinha medo.
- Aninha,do que você tem medo?
- De cobra.
- Carlos do que você tem medo?
- Tenho medo de bandido.
- Joãozinho do que você tem medo?
- Tenho medo do Malamém
- Malamém menino! O que é Malamém?
- É uma coisa que a mamãe pede que se afaste de nossa família toda noite antes de dormir. - Como assim?
- Toda noite antes de dormir a mamãe diz: livrai-nos do MAL-AMÉM.

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Teologia da causa e efeito


"Se alguém ensina alguma outra doutrina, e se não conforma com as sãs palavras de nosso Senhor Jesus Cristo, e com a doutrina que é segundo a piedade, é soberbo, e nada sabe, mas delira acerca de questões e contendas de palavras, das quais nascem invejas, porfias, blasfêmias, ruins suspeitas, contendas de homens corruptos de entendimento, e privados da verdade, cuidando que a piedade seja causa de ganho; aparta-te dos tais. Mas é grande ganho a piedade com contentamento. Porque nada trouxemos para este mundo, e manifesto é que nada podemos levar dele. Tendo, porém, sustento, e com que nos cobrirmos, estejamos com isso contentes. Mas os que querem ser ricos caem em tentação, e em laço, e em muitas concupiscências loucas e nocivas, que submergem os homens na perdição e ruína. Porque o amor ao dinheiro é a raiz de toda a espécie de males; e nessa cobiça alguns se desviaram da fé, e se traspassaram a si mesmos com muitas dores." 1 Tm 6:3-10


Tem horas que me pergunto: "Em que desvio, esse pessoal se perdeu? O que é que essa turma anda bebendo?".

Quando vejo esse cambalacho todo, essas negociatas com Deus sendo prometidas como certas e pior: procuradas por quem se diz conhecedor de Cristo e da Sua Palavra, imagino onde tudo isso vai dar. Como diz esse texto acima, em boa coisa é que não.

Deus não se deixa enganar. Mas a história mostra que a coisa é antiga.

Os cristãos não se conformam com a mensagem do Evangelho, mensagem segundo a piedade - que é o entendimento de que devemos render a Deus a honra, a devoção, a afeição, o amor, a misericórdia, é soberbo e nada entende e delira.

É assim que vivem os que desfilam carros, mansões,... até aviões, pregando o outro evangelho que, certamente não o é de Cristo. Lucrando em cima de gente de quem eu já tive pena.

E só fazem isso, pois estão cheios de seguidores que pagam e mantêm isso tudo vivendo essa ilusão e acham que, como enganam e são enganados, podem também, levar Deus nessa conversa.

Como dizem cá em Portugal: "Dão um chouriço para ganharem um porco." Essa é a velha teologia da "causa e efeito", que é antes, espírita, hinduísta,... menos cristã - Dê e pressione Deus contra a parede! Tenha-O nas mãos!

Não há o sentido de ofertar por gratidão, com alegria, sem constrangimento, obrigação (ou terrorismo como fazem os vendilhões do templo) - como recomenda Paulo aos que ofertam, escrevendo aos Romanos.

Já não há o conformarmo-nos e sermos gratos a Deus pelo que Ele nos dá, há sim, o apelo à ganância e ao lucro fácil. Trabalhar? Servir? Não! De jeito nenhum! Seja dono do seu próprio negócio. Fique rico... Como prometem os "ungidos" da hora nas correntes de fé e fogueiras-santas da TV.

E dá-lhe profetadas: "Deus vai dar a você lucros extraordinários, comprar coisas por preços abaixos do mercado" (ou seja, Deus vai ferrar algum mané, dar um tombo em algum idiota ou viúva incauta para que você lucre às suas custas) como ouvi esses dias da boca do "apóstolo" que foi preso nos Estados Unidos, pretensamente falando por Deus. O cara volta da cana e continua o mesmo...

O que a Bíblia diz sobre essa "Teologia do Porco e do Chouriço"? Eu repito: Essa não é doutrina do nosso Senhor, ou ensino de Deus. É sim a dos demônios.

O final está ai. Só não lê quem não quer: porfias, contendas, desvio da fé e muitas dores no final.

Depois não digam que Deus não avisou!

Por Rubinho Pirola
Blog Genizah

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Criado para pensar


Começo com a criação. Deus fez o homem à sua própria imagem, e um dos aspectos mais nobres da semelhança de Deus no homem é a capacidade de pensar. É verdade que todas as criaturas infra-humanas têm cérebro, alguns rudimentos, outros mais desenvolvidos. O Sr. W.S. Anthony, do Instituto de Psicologia Experimental de Oxford, apresentou um trabalho perante a Associação Britânica, em setembro de 1957, no qual descreveu algumas experiências com ratos. Ele pôs obstáculos às entradas que continham alimento e água, frustrando-lhes as tentativas de encontrar o caminho naquele labirinto. Descobriu que, diante do labirinto mais complicado, seus ratos demonstraram o que ele denominou de “dúvidas intelectual primitiva”! Isso bem pode ser verdade. Todavia, mesmo que algumas criaturas tenham dúvidas, somente o homem tem o que a Bíblia chama de “entendimento”.

A Escritura assegura e evidencia isso a partir do momento da criação do homem. Em Gênesis 2 e 3 vemos Deus comunicando-se com o homem de um modo segundo o qual Ele não se comunica com os animais. Ele espera que o homem colabore consigo, consciente e inteligentemente, no cultivo e na conservação do jardim em que o colocara , e que saiba diferenciar- tanto racional como moralmente - entre o que lhe é permitido e o que lhe proibiu de fazer. Ainda mais, Deus chama o homem para dar nomes aos animais, simbolizando assim o senhorio que lhe dera sobre essas criaturas. E Deus cria a mulher de maneira tal que o homem imediatamente a reconhece como companheira idônea de sua vida, e então irrompe espontaneamente primeiro poema de amor da História!

Esta racionalidade básica do homem, por criação, é admitida em toda a Escritura. Na realidade, sobre esse fato se apóia o argumento normal que, sendo o homem diferente dos animais, ele deve comportar-se também diferentemente. “Não sejais como o cavalo ou a mula, sem entendimento”. Em conseqüência, o homem é escarnecido e repreendido quando o seu comportamento é mais bestial que humano (“eu estava embrutecido e ignorante; era como um irracional à tua presença”), e quando a conduta de animais é mais humana que a de alguns homens. Pois que às vezes os animais de fato superam os homens. As formigas são mais trabalhadoras e mais previdentes que o folgadão. Os bois e jumentos muitas vezes dão a seus donos um reconhecimento mais obediente do que o povo Deus ao Senhor. E os pássaros migratórios são melhores no arrependimento, já que quando partem em migração sempre retornam, enquanto que muitos homens que se desviam não conseguem voltar.

O tema é claro e desafiador. Há muitas semelhanças entre o homem e os animais. Mas os animais foram criados para se conduzirem por instinto, enquanto que os homens (apesar dos “behavioristas”), por escolha racional. Dessa forma os homens, ao deixarem de agir racionalmente, procedendo por instinto à semelhança dos animais, estão se contradizendo, contradizendo sua criação e sua diferenciação como seres humanos, e devem Ter vergonha de si próprios.

De fato é verdade que a mente do homem está afetada pelas devastadoras conseqüências da Queda. A “depravação total” do homem significa que cada parte constituinte da sua humanidade foi, até certo ponto, corrompida, inclusive sua mente, a qual a Escritura descreve como “obscurecida”. Com efeito, quanto mais os homens reprimem a verdade de Deus que reconhecem, mais “fúteis”, ou mesmo “insensatos” se tornam no seu pensar. Podem declarar-se sábios, mas são tolos. A mente deles é a “mente da carne”, a mentalidade de uma criatura decaída, e é basicamente hostil a Deus e à sua lei.

Tudo isso é verdade. Mas o fato de que a mente do homem é decaída não nos pode servir de desculpa para batermos em retirada, passando do pensamento à emoção, já que o lado emocional da natureza humana está igualmente decaído. De fato, o pecado traz mais efeitos perigosos à nossa faculdade de sentir do que à nossa faculdade de pensar, porque nossas opiniões são mais facilmente controladas e reguladas pela verdade revelada do que nossas experiências.

Assim, pois, apesar do estado decaído da mente humana, ainda o homem lhe é ordenado pensar e usar sua mente, na condição de criatura humana que é. Deus convida o Israel rebelde. “Vinde, pois , e arrazoemos, diz o Senhor”. E Jesus acusou as multidões descrentes, inclusive os fariseus e saduceus, por poderem interpretar as condições meteorológicas e preverem o tempo, mas não poderem interpretar “os sinais dos tempos” nem preverem o julgamento de Deus. “Por que perguntou-lhes. Em outras palavras: por que não usais os vossos cérebros? Por que não aplicais ao campo moral e espiritual o sentido comum que empregais no físico?”

A sociedade secular, por esse mundo a fora, concorda com o ensino da Escritura acerca da racionalidade básica do homem, constituída em sua criação e não de todo destruída na Queda. Os propagandistas podem dirigir os seus apelos promocionais aos nossos apetites mais baixos, mas eles não têm nenhuma dúvida de que temos a capacidade de distinguir entre produtos: de fato, muitas vezes até mesmo chegam a lisonjear o consumidor que discrimina. Quando sai a primeira notícia de um crime, geralmente ela vem com a frase “o motivo ainda não foi descoberto”. Pressupõe-se, como se vê , que mesmo a ação criminosa tem uma motivação, seja ela qual for. E quando nossa conduta é mais emocional do que racional, ainda assim insistimos em “racionalizá-la”. O próprio processo chamado “racionalização” é significativo. Indica que o homem de tal forma se constituiu num ser racional que quando não tem razões para a sua conduta ele tem que inventar alguma para se satisfazer.

John Stott
Extraído do livro "Crer é também pensar"

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