quinta-feira, 30 de abril de 2009

Insight - 2

Meu mais recente esforço de fé não é do tipo intelectual. Eu realmente não faço mais isso. Mais cedo ou mais tarde você simplesmente descobre que há alguns caras que não acreditam em Deus e podem provar que ele não existe e alguns outros caras que acreditam em Deus e podem provar que ele existe - e a esse ponto a discussão já deixou há muito de ser sobre Deus e passou a ser sobre quem é mais inteligente; honestamente, não estou interessado nisso.

Por Donald Miller

A ética cristã entre muros e pontes


A Imprensa volta a noticiar uma problemática que foi tema de muitos debates há alguns anos atrás.
Na ocasião, Valdemar Figueredo Filho, nos trouxe uma brilhante reflexão sobre a "muralização" das favelas.

Segue na íntegra a exímia abordagem do pastor e flamenguista doente.
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"Concordo com o Conde quando diz que as favelas devem ser muradas. A proposta é polêmica, mas a reação da mídia e de setores da sociedade foi o que de fato me surpreendeu. Estaria o nobre Conde propondo uma grande novidade ou seria o nobre Conde um arquiteto que dá formas concretas ao que já está entre nós? Ele, o Conde, tratou de apresentar evasivas e retirar sua proposta herética. Eu, que nobre não sou, mantenho, minha adesão a ela. Tudo bem que topograficamente as favelas sejam altas, mas não precisam ser largas. Em outros termos, que as favelas sejam olhadas de bem longe, mas que não se esparramem pelo espaço urbano a ponto de misturar-se com os meus vizinhos. Muro nas favelas! Por favor, não pense que sou porta-voz desse discurso. O muro que julgo ser necessário erguer é de uma outra natureza, nada tem a ver com essas motivações mesquinhas. Ele cumpre um outro papel social. Mas antes de tratar do muro que julgo conveniente, pensemos brevemente em alguns contextos em que cidades foram muradas.

Vamos dar um pulinho na Idade Média e visitar as cidades episcopais. Tais cidades eram muradas. Antes de adentrarmos a cidade, andamos pelos arredores e proseamos com os camponeses que mantinham a cidade com a agricultura e com os impostos que pagavam pelo uso da terra. O bispo e sua corte – clero – estavam intramuros, ocupados com seus assuntos elevados. Nesta sociedade, o muro cumpria um papel social relevante: demarcava a diferença entre o clero e os camponeses; entre a cidade e a periferia; entre receptores e doadores; enfim, entre o sagrado e o profano (Pirenne, 1976:46).

Aproveitemos nossa viagem no tempo para passar nos burgos. Estamos em plena dissolução do Império Carolíngio. Tempo de muitas incertezas, mas ao menos uma certeza: construir muros era o que havia de mais urgente. Sabe lá quando vêm os sarracenos ou os normandos? Construamos muros e fechemos os portões! Em poucas palavras, os burgos eram cidades muradas que dentro do possível asseguravam proteção aos príncipes feudais e à população adjacente (Ibid.:47).

Estamos ainda gozando dos ares europeus na Idade Média – para uns, frios demais, e para outros, frescos, frescos demais. Percebemos um intenso movimento de camponeses que deixam o campo e migram para as cidades. Não era o caso de um movimento espontâneo ou um mero acaso. A burguesia era a orientadora desta mudança significativa. Afirmava com isso seus interesses diante da recalcitrante igreja e dos perplexos senhores latifundiários. Percebemos que também nestas cidades burguesas os muros foram construídos com propósitos precisos. É de fundamental importância atinar para o fato de que os muros burgueses nada tinham que ver com os muros das cidades episcopais e nem com os muros das cidades dos príncipes feudais. Os mercadores tratavam de construir muralhas para não correrem o risco de saques. As muralhas urbanas da burguesia eram justificadas na medida em que as mercadorias tinham que ser protegidas. A construção de muralhas e a manutenção de cidades fortificadas exigiam um permanente esforço das camadas populares para pagar os tributos. Ou você pensou que ia se proteger dentro da cidade de graça? (Ibid.:59). O paradoxo é o seguinte: na cidade burguesa, muros são construídos com pedras, areias, sangue e carne. O entulho massa humana servia para proteger as mercadorias de eventuais pilhagens.

Jamais estive numa cidade episcopal, quem me dera conhecer o Vaticano! Muito menos conheço burgos regidos por príncipes feudais. Mas, convenhamos, a cidade murada burguesa nos é familiar. O projeto burguês é um projeto vencedor que superou séculos, atravessou mares e hoje perdura entre nós.

Saindo da Idade Média na Europa e chegando à nossa favela carioca, construir muros em torno das favelas é tão-somente dar visibilidade ao que de fato já existe. De alguma forma, quem vive nesta cidade maravilhosa sabe os que são de dentro e os que são de fora. A favela está fora! Perceba que muros não são para proteger as favelas, antes, protege a cidade das favelas. O nobre Conde em questão pensa com cabeça de urbanista e se mostra ingênuo quanto às implicações de suas teses (é claro que não faço justiça ao Conde e o que digo dele não passa de uma caricatura). Dar visibilidade ao muro é dar visibilidade a outras coisas sérias, como, por exemplo: há entre nós segregação no sentido pleno da palavra. Vigora separação de caráter racial. Observamos um sistema judiciário orientado para os que estão intramuros. A força policial não reconhece a favela como espaço da cidade. É fácil distinguir a cultura da favela como cultura de gueto. Enfim, há entre nós muros construídos para proteger as mercadorias de eventuais saques. Há entre nós muros! Quanto a nós, igreja evangélica histórica brasileira, há muito que fizemos a nossa opção preferencial pelos ricos e classe média da cidade. Isto é, escolhemos viver intramuros. E mesmo as igrejas que espacialmente estão à margem, preferem se identificar com as igrejas que estão no centro. Pelo que sei, são poucas as igrejas que assumiram sua natureza e encarnaram o jeito de ser dos que vivem fora do muro. Na concepção de Niebuhr (1992), as igrejas evangélicas deserdaram os pobres no afã de identificar-se com as classes privilegiadas. Como resultado surgem as seitas evangélicas, expressões destoantes em termos eclesiásticos e sociais. Neste pensamento, a institucionalização denominacional das igrejas históricas é um movimento em direção às classes privilegiadas em detrimento da linguagem e roupagem que caracterizam os pobres da cidade. Portanto, a linguagem do pobre é herética por natureza, ela sempre desestabiliza a ordem, seja a ordem litúrgica ou a ordem social. A linguagem das camadas populares é destoante e sempre está fora de ordem.

Preciso avisar que este meu desafogo não é orientado nem pelo marxismo nem pela Teologia da Libertação. Acho que está na hora de sacarmos alguns temas que estão nos balaios ideológicos e considerá-los à luz da ética cristã. É daqui que eu reflito, é aqui que me debato e é aqui o meu confronto – ética cristã! É a partir da ética cristã que proponho a visibilidade das favelas muradas. Recuso a tendência de romantizar a favela, nem quero que suas ruelas sejam transformadas em pistas de jipe para passeios de turistas curiosos, num tipo de safári urbano onde o que importa é a adrenalina do perigo do lugar, bem como os seus tipos exóticos. Seria uma grande ilusão pensar que foram as camadas populares que construíram a favela. E já que não foram os nativos que construíram os muros das favelas, acho que cabe a eles derrubá-los.

Espero que a esta altura você já tenha entendido que quando digo concordar com construções de muros estou fazendo uso de uma metáfora. E já que estou nestas águas, deixe-me abusar. Minha proposta é que nossas igrejas se transformem num tipo de casa de Raabe. Explico: por mais paradoxal que seja, a casa de Raabe era estratégica para pôr fim aos muros de Jericó justamente porque estava localizada no muro. A igreja evangélica se faz presente no morro carioca bem como nos vales aplainados onde residem as camadas sociais privilegiadas. Somos uma chance que a cidade tem de diálogo. Vou mais longe: somos a melhor chance para pôr muros abaixo e promover encontros. Na relação cidade e favela carioca, não reconheço outra instituição que possua melhores condições que a igreja evangélica para promover encontros e justiça. Não podemos naturalizar a favela de tal forma a transformá-la num bairro, mas mantê-la na condição de favela. Da mesma maneira, não podemos supor favela como um campo de missões urbanas onde propomos melhorias pontuais sem jamais indagar sobre as suas causas e as forças que a mantêm. Em outros termos, podemos e devemos ir mais fundo no enfrentamento do que se convencionou chamar de justiça social. Espero sinceramente que não estejamos conformados com este século, cabeça formatada pela cultura, com tudo que isso implica, de maneira a nos sentirmos constrangidos com os valores do Reino. Mas, se nos submetermos ao longo e penoso processo de renovação da mente, podemos desconfiar da durabilidade dos muros construídos com pedras brutas. Concordo com todos que se encantam com a vida que viceja das favelas. Reconheço que há uma grande solidariedade e o termo comunidade define bem o tipo de interatividade que se vive nestes espaços. Sei, não por ouvir falar, mas por conviver, que as pessoas que habitam a favela são pessoas de bem, trabalhadoras, capazes, criativas e bambas. Tudo isso não me imobiliza, ao contrário, me anima, para argumentar contra o status quo. Não é a comunidade que deve ruir, mas sim as estruturas opressoras que geram pobreza e morte. Estruturas essas que são essencialmente excludentes.

Volto para a Idade Média e deparo-me com um tal de Francisco. Nobre. Ele sabia que o seu pai era um dos principais construtores e mantenedores das muralhas da cidade de Assis. Francisco de Assis fez o caminho inverso, deixou a vida burguesa e foi ao encontro dos pobres que estavam fora da cidade murada. Chegou à igrejinha de Porciúncula – a menor igreja de Assis. Sabemos que o movimento espiritual que dirigiu teve implicações sociais profundas. Em poucas palavras, Francisco de Assis deu visibilidade ao muro tão somente para propor a sua destruição. Quando expôs o muro, mostrou exatamente onde a igreja estava. Como se sentia parte da igreja, e a ela queria ser submisso, pelo exemplo a convidou a se desencastelar. Francisco confrontou com muito amor seus dois grupos de origem: a igreja institucional e a burguesia. Teremos nós a mesma coragem?"

Valdemar Figueredo Filho pastor, sociólogo, doutor em ciência política pelo Iuperj e flamenguista.

sábado, 25 de abril de 2009

Rapidinha 2

Fuja dos perigos da fama, do prestígio e da riqueza. Vários obreiros naufragaram em seus ministérios porque, feito mariposas, se enfeitiçaram com as luzes da ribalta. Eu fui tentado nessa área. Porém, há muito tempo, um rabino detectou minha sanha de aparecer e, amorosamente, me advertiu: "Meu filho, aprofunde sua caminhada com Deus e deixe que ele decida se lhe exaltará ou não". Hoje, transmito o que ouvi, com um acréscimo: Ao buscar fama e prestígio, talvez você consiga tornar-se célebre, mas condenará seu ministério à superficialidade.

Insight

Não permita que seus dons e talentos ofusquem o principal propósito de Deus para sua vida. O que o Senhor tem para fazer em você é, e sempre será, maior do que o que ele tem para realizar através de você.

sexta-feira, 24 de abril de 2009

Rapidinha

Os evangélicos brasileiros precisam acordar para o cerne do evangelho que não promete um mundo seguro, sem perigos e livre de sofrimentos. A boa notícia é que o Senhor se dispõe nos acompanhar em qualquer circunstância. Ouve-se frequentemente entre os evangélicos que Deus dará tudo o que seus filhos pedirem se, prostrados, o adorarem. Cuidado! Essa frase foi proferida por Satanás.

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Aula de Omelética, farofa e arroz

Ética e espiritualidade


“Esta hora exige grandeza moral e audácia espiritual”. Com essas palavras, Abraham Joshua Heschel, um dos maiores pensadores judeus do século XX, encerrou um telegrama ao presidente John Kennedy. Ele cobrava ações concretas sobre direitos civis dos negros na década de 60. Depois dessa mensagem, mesmo sendo branco e judeu, Heschel marchou pelas ruas de Selam, Alabama, ao lado de cristãos como Martin Luther King e Andrew Young.

O Brasil também precisa de “grandeza moral e audácia espiritual”. Os problemas seculares que envergonham a nação continuam intocados: injustiça social, destruição da rede hospitalar pública, favelização das grandes metrópoles, abandono do pequeno produtor rural, falta de políticas de segurança pública e outras mazelas. O “florão da América” aparece com colocações medíocres em alguns índices de qualidade de vida da ONU; ganharia campeonatos de mortes no trânsito, de assassinatos à mão armada e de imigrantes ilegais barrados ou deportados de países como Inglaterra e Estados Unidos. A imprensa faz sua parte denunciando a vergonha nacional e as ONG’s lutam para reverter algumas realidades.

E os evangélicos? Existem heróicos esforços de gente que se embrenha pelos sertões abrasante do Nordeste, pela selva da Amazônia e nas periferias e morros pobres. Como movimento, os evangélicos continuam patinando em questiúnculas teológicas, eternamente debatendo pontos e vírgulas de textos controversos. E sobram exorcistas que sabem “amarrar demônios”, treinam-se evangelistas que salvam almas. A atuação evangélica como sal que evita processos de desintegração moral, ética, política, é praticamente nula e o Brasil continua imoral, pobre, violento e atrasado.
Para que a presença evangélica se torne eficaz, é necessário repensar alguns pressupostos teológicos:

A paternidade divina

Enquanto a paternidade divina não for conhecida, vivenciada e celebrada pelos crentes, sua espiritualidade se manterá utilitária, e pouco se conhecerá sobre graça. Infelizmente se alastram superstições medievais; amuletos que supostamente “dão um ponto de contato” para a fé; correntes e campanhas que pretendem gerar “orações fortes”. Pouco se fala da gratuidade do amor paterno, que sabe dar boas dádivas aos seus filhos; quase não se ouvem sermões sobre a inutilidade dos sacrifícios diante da grandeza do cuidado de Deus que provou seu amor ao entregar seu Filho, enquanto os homens ainda eram seus inimigos.

A natureza humana

Os evangélicos ainda mantêm uma idéia preconceituosa sobre os efeitos do pecado na raça humana. Acredita-se que as pessoas são tão pecadoras que se deve manter distância dos “incrédulos”. Com essa visão de mundo, os crentes são inclinados a viver em guetos, e a grande missão da igreja resume-se em tirar gente do mundo e trazê-las para dentro das igrejas, único ambiente que se acredita puro na face da terra. Essa visão descarta a compreensão de que, mesmo caídos, os homens ainda conservam a imagem de Deus. Significa que as pessoas que ainda não se converteram a Cristo, mesmo contaminadas pelo pecado, elas têm uma dignidade ímpar e podem ser honradas. Por isso, mesmo sem ser cristãos, médicos, juízes, escritores, poetas, músicos, políticos e policiais poder ter comportamentos e atitudes que são nobres e merecem a atenção de todos, inclusive dos crentes.

A missão da igreja

Ela não se constitui em salvar apenas as almas dos homens. É preciso que eles sejam salvos como pessoas. Isso significa que a missão da igreja não deve se resumir em preparar as pessoas para irem para o céu, mas em tornar o mundo em que vivem num lugar mais humano, mais justo e mais misericordioso. A missão da igreja também busca mudar as circunstâncias que aprisionam as pessoas. Não basta salvar a alma dos escravos, é preciso acabar com a escravidão; não basta resgatar os favelados da idolatria, é preciso desmantelar um sistema econômico que os condena à miséria; não basta condenar o aborto, é preciso dar às gestantes condições para sustentar filhos indesejáveis.

Por mais que seja necessário um avivamento de oração, piedade e leitura da Bíblia, ele será inócuo se a igreja não se conscientizar que Deus é Pai, que os crentes são apenas pecadores salvos pela graça e sua missão é tão terrena quanto espiritual.

sábado, 18 de abril de 2009

Retrô - Bem que tentei


Bem que tentei ouvir as mensagens triunfalistas dos evangelistas modernos e fazer delas meu modus vivendi, mas me decepcionei.

Bem que tentei envernizar minha voz para manipular os auditórios carentes de Deus.

Bem que tentei ser um levita, mas compreendi que levitas eram os descendentes de Levi, e por isso não me reportarei aos movimentos judaizantes.

Bem que tentei fazer da mensagem do evangelho meu ganha pão, fazendo tipo de evangelista que diz que “vive da fé”, com falsos pensamentos piedosos de que tudo é para glória de Deus.

Bem que tentei acreditar nas promessas messiânicas dos profetas hodiernos, sempre em busca de exaltação.

Bem que tentei ser mais conservador, fundamentalista e ortodoxo, mas a graça me alcançou.

Bem que tentei ser mais devoto à instituição Igreja, fazendo dela uma mãe, assim como fazem os universais (católicos).

Bem que tentei até mesmo abandonar a igreja, mas dou a mão à palmatória para os calvinistas que crêem na graça irresistível e na eleição incondicional.

Bem que tentei ser calvinista, mas entendi que por soberania divina, Ele optou por me dar liberdade de escolhas, e por isso me amou.

Não sei bem quando isso me pegou, só sei que aprendi a pensar “fora da caixa”. Às vezes me pergunto se estou desviado, e algo me diz que sim. Desviei-me dos pensamentos infantilizadores que faziam de Deus um deus. Confesso que até tentei me coadunar com o sistema religioso, mas percebi que é regredir demais.

Como diz um prestimoso pastor: “Enfim, morreu em mim aquele deus parecido com a figura idealizada de um superpai, que levou homens como Freud, Nietzsche e Sartre a desdenhar da religião”. E continua: “O deus que morreu foi exaltado na subcultura da religiosidade evangélica brasileira. Era basicamente um deus que: 1) vivia de plantão para me poupar de qualquer tragédia, evitar meus sofrimentos e abreviar as situações que me trariam qualquer desconforto; 2) prometia satisfazer não apenas minhas necessidades, mas também meus desejos; 3) estava comprometido com favorecer-me em todas minhas demandas contra os pagãos; 4) compensava minhas irresponsabilidades e ignorâncias em troca de minha fé; 5) manipulava todas as circunstâncias de minha vida como um tapeceiro que corta fios e dá nós no emaranhado do avesso do tapete para revelar a bela paisagem no fim do processo, capaz de encantar todos aqueles que olham pelo lado certo".

Experimentei a metanóia, que chamam "arrependimento". Vivo sob valores, prioridades e propósitos diferenciados. Conhecer a Deus me faz andar na luz, na verdade, livre de pesos, culpas e máscaras, e isso já basta para que minha vida dê um salto de qualidade imensurável.

Eu até que tentei...

sábado, 11 de abril de 2009

Deus


Creio em Deus e em sua onipotência; creio em sua soberania e onisciência. Embora a revelação das Escrituras sobre Deus não seja exaustiva, considero-a verdadeira e suficiente. Acredito que Deus guia e controla a história de acordo com o seu propósito. Não isolo ou exalto nenhum atributo de Deus acima de outros. Entretanto, acredito que Ele criou mulheres e homens com a nobre virtude da liberdade. Aceito que Deus considera as ações humanas e as respeita. Não concordo com a teologia da “apatia” divina. Não aceito o determinismo dogmático da teologia.

Aceito o relato bíblico de que Deus, soberanamente, criou o mundo onde pessoas são livres para rejeitar seu conselho e vontade. Para mim é um acinte a religião considerar que Deus, em tempos imemoriais, criou algumas pessoas com o propósito de torná-las cidadãs do céu e outras só para jogá-las no inferno. Assim, não creio na predestinação, nem no sacrifício parcial (Cristo teria morrido apenas pelos eleitos) de Cristo na cruz, nem posso aceitar que a história, com todas as suas idiossincrasias, tenha sido, nos mínimos detalhes, escrita e determinada pelo Senhor.

Para mim, repensar conceitos teológicos da Idade Média sobre onisciência não anula a onisciência divina; re-qualificar o que se entendeu por soberania numa época em reis eram déspotas não anula a soberania bíblica; falar de percepções do tempo e do espaço de quando se aprendeu física quântica não invalida o que a Bíblia ensina sobre aleatoriedade e contingência.

Extraído do livro "Eu creio, mas tenho dúvidas".
Ricardo Gondim

terça-feira, 7 de abril de 2009

Obrigação moral sem livre-arbítrio


Nenhum sistema moral será possível a menos que o indivíduo seja considerado responsável pelas suas ações e decisões. Não poderá ser julgado se não lhe foi dada escolha, e se agiu debaixo de pressão, vinda da parte de sua natureza perdida, por opressão do diabo ou por permissão de Deus. O julgamento, em todas as sociedades humanas, se baseia na premissa que um homem podia ter agido de outra maneira, se assim tivesse querido fazê-lo. Todos os sistemas éticos, a recompensa pelas boas ações e o castigo pela má conduta, dependem do fato de que um homem poderia ter agido diferentemente, se assim desejasse. Ninguém merecerá recompensa pelo bem praticado, se porventura isso não partiu de sua própria vontade, ainda que a influência divina é que o tenha levado a essa atitude.

Alguns apologistas como Norman Geisler, irão declarar que o fato de não considerar o livre-arbítrio no homem é destruir o poder e a justiça de todo o mandamento moral que há nas Escrituras. Além disso, consideremos que as Escrituras ensinam que o homem pode falhar, até mesmo após a sua conversão. Notemos, especialmente em Filipenses 2:12, como a questão inteira da salvação é apresentada de tal modo que a poderíamos comparar com uma estrada de duas vias: uma humana e outra divina.

Há na salvação o encontro e o intercâmbio entre Deus e o homem. Todos os mandamentos que nos impelem à ação moral, conforme se vê nos capítulos terceiro e décimo segundo das epístolas aos Colossenses e aos Romanos, respectivamente, bem como em todas as demais passagens bíblicas que versam sobre a conduta humana, nada significariam, a menos que o homem pudesse ser-lhes obediente ou desobediente, de conformidade com a aceitação ou a rejeição que fizer da vontade divina, que sobre ele atua. Simplesmente não há como alguém erguer um sistema moral, com exigências e advertências válidas, com recompensas e punições, a menos que o homem possua livre-arbítrio, a menos que possa ceder aos impulsos divinos ou resistir aos mesmos. A Bíblia inteira, tanto em seu convite à salvação como em seu sistema ético, se alicerça nesse fato. O homem certamente é livre para escolher, contudo, sobre a decisão dos fatos que circundam a escolha, falaremos em artigo próximo.

Por Valtencir Alves

quinta-feira, 2 de abril de 2009

Retrô - Páscoa


Serei honesto. Os dias estão corridos. Os trabalhos estão multiplicando. Por isso, falta-nos inspiração para novos textos. Diante disso, iniciarei uma série de Retrospectiva do ano passado. Em breve voltaremos com força total.

O post abaixo foi escrito próximo a Páscoa do ano de 2008.
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Estamos nos aproximando da Páscoa. Essa data nos recorda muitos chocolates. Mas seu verdadeiro significado não está no coelhinho nem nos chocolates.

Quando chegamos perto desta data tão festiva para os judeus, somos levados a relembrar daquelas intervenções divinas feitas por Yahweh no êxodo do Egito para uma terra que manava leite e mel.

Para nós, igreja hodierna, a Páscoa tem um significado parecido com a comemoração dos hebreus – libertos do mundo (Egito) para serem livres para Deus. E quando nos retratamos para esta data, a ressurreição de Cristo é o ápice de toda esta história. Uma manhã de domingo muda a história da humanidade.

Penso que se Cristo apenas morresse e não ressuscitasse, seus ensinamentos de nada valeriam. Seria apenas um mártir como Martin Luther King Jr., Mahatma Gandhi e outros que revolucionaram a história de suas nações. Mas como bem disse Paulo: “E, se Cristo não ressuscitou logo é vã a nossa pregação, e também é vã a nossa fé”.

Mas quando olhamos para aquilo que se transformou a Páscoa em nossos dias, fico perplexo como a mídia faz um chamariz para a venda de produtos que nada tem haver com aquilo que significa minha libertação de um mundo tenebroso. Na verdade, bem que a mídia tentou reproduzir esses seus simbolismos para dentro do cristianismo, mas infelizmente para eles, não colou. Esses símbolos nada reproduzem os mistérios do novo nascimento. Dizem que o ovo fala da existência da vida, que logo está intimamente ligado ao nascimento. Pura balela.

Já os coelhinhos, representam animais com capacidade de gerar grandes ninhadas; sua imagem simboliza a capacidade da Igreja de produzir novos discípulos constantemente.

Bem, se fosse essa a intenção da mídia em fazer esses paralelos, poderia até que surtisse algum efeito para o cristianismo. Mas a mensagem central do Evangelho de Cristo está sendo apagada por uma mentalidade brasileira, que tudo que vem de fora é acrescido a nossa cultura. Recebemos uns enlatados do exterior que se reflete até em nossas mensagens, sermões e pregações.

Portanto, voltemos logo à mensagem central do Calvário. Lembremos daquela manhã de domingo quando o sepulcro de Jesus já estava vazio. Lembremos daquelas palavras dos varões com roupas reluzentes às mulheres no sepulcro: “Por que buscais o vivente entre os mortos? Não está aqui, mas ressuscitou.”

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