Graça é uma palavra de raiz latina - gratia, traduzida do grego charis, e que significa graciosidade, benevolência, favor ou bondade. Se fôssemos obrigados a reduzir todo o evangelho a apenas uma frase, diríamos: O evangelho é o anúncio da graça.
Uma das mais perniciosas tendências da religião é associar a fé ao cumprimento de regras e leis. O contraponto da religião que exige esforço é a proclamação da graça. Abraão de Almeida diferenciou dois tipos de religião: "Há a religião divina e as religiões humanas. A divina é a religião do 'alto para baixo'. Nela Deus faz, i.é, oferece ao homem a graça salvadora, por reconhecer a incapacidade humana de produzir obras de justiça. A religião divina é o plano de Deus para salvar o homem caído. As religiões humanas são 'de baixo para cima'. Nelas o homem faz, i.é, oferece a Deus o produto do seu esforço...".
"Salvação não é uma idéia; é uma pessoa. É o próprio Jesus, o próprio Deus quem se dá." Com essa frase de impacto, Paul Tournier, célebre psiquiatra cristão, sintetizou o conceito da graça: a disposição divina de abençoar os seus filhos sem que haja qualquer mérito da parte deles.
Tozer assim definiu: "Graça é o bel-prazer de Deus que o inclina a outorgar benefícios sobre os que nada merecem. É um princípio auto-existente, inerente na natureza divina e parece-nos uma propensão autocausada, no sentido de compadecer-se dos desgraçados, poupar os culpados, dar boas vindas ao réprobo, e favorecer os que antes estavam sob justa reprovação".
Alguns já diferenciaram graça de misericórdia. Misericórdia seria a bondade de Deus expressa no sofrimento - a palavra provém de duas raízes latinas: miserere, que indica um estado de sofrimento; e cordis, coração. Graça seria a bondade de Deus expressa no pecado. John Pipper declarou que graça e misericórdia operam em nossa vida da seguinte maneira: "Já que o pecado sempre produz miséria, ela é sempre experimentada por pecadores; portanto, todos os atos da graça divina também são atos de sua misericórdia. Igualmente, todos os atos da misericórdia também são atos da graça. Toda graça demonstrada ao pecador é um ato de misericórdia, pois todos os pecadores são miseráveis. Toda misericórdia demonstrada ao pecador também é pela graça, pois ninguém merece coisa alguma".
Sempre que a graça de Deus não é reconhecida e nossa santidade é atribuída ao nosso esforço humano, origina-se a ostentação, inflação do eu, soberba que faz a pessoa se colocar sempre em primeiro lugar; surge o artificial, o teatral, as máscaras, a complicação no trato e a preocupação neurótica pela própria imagem.
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Extraído do livro "É proibido"
Ricardo Gondim
2 comentários:
Junior,
Concordo com o Yancey de que a graça é a última das palavras não desgastadas. Porém, a verdade é que nós temos uma visão muito empalidecida da graça.
A propósito disso, sugiro a leitura de alguns pronunciamentos sobre a graça:
A natureza da graça
Tudo grátis e de graça
A graça de Deus
O Deus de toda graça
Controvérsia sobre a graça
Em Cristo,
Clóvis
Clóvis!
É verdade!
Estamos ainda como aqueles discípulos no caminho de Emaús; nossa visão ainda é muito obscurecida para entendermos a totalidade da Graça de Deus.
Paz,
Junior
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