sábado, 28 de fevereiro de 2009

A condenação dos falsos profetas


E veio a mim a palavra do SENHOR, dizendo: Filho do homem, profetiza contra os profetas de Israel que profetizam, e dize aos que só profetizam de seu coração: Ouvi a palavra do SENHOR: Assim diz o Senhor DEUS: Ai dos profetas loucos, que seguem o seu próprio espírito e que nada viram! Os teus profetas, ó Israel, são como raposas nos desertos. Não subistes às brechas, nem reparastes o muro para a casa de Israel, para estardes firmes na peleja no dia do SENHOR. Viram vaidade e adivinhação mentirosa os que dizem: O SENHOR disse; quando o SENHOR não os enviou; e fazem que se espere o cumprimento da palavra. Porventura não tivestes visão de vaidade, e não falastes adivinhação mentirosa, quando dissestes: O SENHOR diz, sendo que eu tal não falei? Portanto assim diz o Senhor DEUS: Como tendes falado vaidade, e visto a mentira, portanto eis que eu sou contra vós, diz o Senhor DEUS. E a minha mão será contra os profetas que vêem vaidade e que adivinham mentira; não estarão na congregação do meu povo, nem nos registros da casa de Israel se escreverão, nem entrarão na terra de Israel; e sabereis que eu sou o Senhor DEUS. Porquanto, sim, porquanto andam enganando o meu povo, dizendo: Paz, não havendo paz; e quando um edifica uma parede, eis que outros a cobrem com argamassa não temperada; dize aos que a cobrem com argamassa não temperada que ela cairá. Haverá uma grande pancada de chuva, e vós, ó pedras grandes de saraiva, caireis, e um vento tempestuoso a fenderá. Ora, eis que, caindo a parede, não vos dirão: Onde está a argamassa com que a cobristes? Portanto assim diz o Senhor DEUS: Fendê-la-ei no meu furor com vento tempestuoso, e chuva de inundar haverá na minha ira, e grandes pedras de saraiva na minha indignação, para a consumir. E derrubarei a parede que cobristes com argamassa não temperada, e darei com ela por terra, e o seu fundamento se descobrirá; assim cairá, e perecereis no meio dela, e sabereis que eu sou o SENHOR. Assim cumprirei o meu furor contra a parede, e contra os que a cobriram com argamassa não temperada; e vos direi: Já não há parede, nem existem os que a cobriram, os profetas de Israel, que profetizam acerca de Jerusalém, e vêem para ela visão de paz, não havendo paz, diz o Senhor DEUS.
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Ezequiel

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

A verdadeira espiritualidade


Em recente pesquisa de opinião pública, a agência Zogby/Forbes ASAP perguntou aos entrevistados: Pelo que você mais gostaria de ser conheci­do? Por ser inteligente? Por ter boa aparência? Por ter senso de humor? A metade dos entrevistados assinalou uma resposta inesperada: Disseram que gostariam de ter a reputação de "serem autênticos". Em um mundo de informações distorcidas e propaganda enganosa, a geração pós-moderna procura desesperadamente algo verdadeiro e autêntico. Eles não levarão os cristãos a sério, a menos que nossas igrejas e organizações paraeclesiasticas demonstrem um estilo de vida autêntico, que sejam comunidades que exibam o caráter de Deus em suas relações e maneira de viver.
Técnicas publicitárias que meramente transmitem uma imagem po­dem trazer dinheiro, mas não são o meio de realizar uma obra espiritual genuína.

"A maneira [da igreja] de falar a verdade não deve estar alinhada com as técnicas publicitárias modernas", escreve Newbigin, "mas tem de ter a modéstia, a sobriedade e o realismo próprios a um discípulo de Jesus". A igreja é chamada para testemunhar do evangelho por demons­tração autêntica de amor e unidade.
Nos dias da igreja primitiva, o fato que mais impressionava as pessoas do império romano era a comunidade de amor que a Igreja testemunhava entre os crentes. "Vejam como eles amam uns aos outros", dizia-se. Em todos os tempos, a prova mais convincente a favor do evangelho não são palavras ou argumentos, mas a demonstração viva do caráter de Deus pelo amor dos cristãos uns pelos outros, expresso em palavras e ações. O evan­gelho não foi feito para ser "uma mensagem sem expressão corporal", escreve Newbigin. Foi feito para ser vivenciado em "uma congregação de homens e mulheres que crêem e vivem pelo evangelho", que mostram em suas relações a beleza do caráter de Deus.

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Por Nancy Pearcey
Verdade Absoluta

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Tenho que reconhecer


Tenho que reconhecer; foi na igreja que encontrei o maior número de pessoas que me decepcionaram. Porém, foi lá que me deparei com as pessoas mais humanas que já conheci.

Tenho que reconhecer; foi na igreja onde minha vida deu um salto de qualidade imensurável. Mas reconheço que essa mudança não se deu pelo fato da assiduidade no templo, mas pelo adorno do Espírito.

Tenho que reconhecer; existem muitos líderes eclesiásticos que envergonham o Evangelho de Cristo. Todavia, encontrei muitos mentores no segmento religioso que moldaram meu modus vivendi.

Tenho que reconhecer; a doutrina rígida de minha comunidade de fé muito me ajudou a firmar meus passos no início da caminhada. Entretanto, o fundamentalismo exacerbado de minha denominação, às vezes, asfixia.

Tenho que reconhecer; achar o ponto de equilíbrio da vida cristã não é algo fácil. Apesar disso, caminhar entre os aparentes paradoxos, sem sair da linha tênue, me faz experimentar esse ponto de equilíbrio.

Tenho que reconhecer; o número de pessoas que se decepcionam com Deus a partir do estudo da Teologia é considerável. Porém, é através dela que tenho me aproximado cada vez mais desse Ser transcendente.

Tenho que reconhecer; a Bíblia é o nosso verdadeiro manual de regra e prática. Todavia, não saberia viver sem os livros que falam a respeito dela.

Tenho que reconhecer; existe um corrupto que habita em mim tentando todos os dias me fazer regressar à lama. Mas dou graças a Deus por Jesus Cristo nosso Senhor que nos purifica de todo pecado.

Tenho que reconhecer; escrevo por um impulso desenfreado de transformar meus pensamentos desajustados em palavras. Entretanto, um dia aprenderei a arte do vernáculo.

Enfim, tenho que reconhecer tantas coisas...

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2009

Happy Birthday


Neste dia 26/02/09 o Blog Reflexões do Reino estará completando 1 aninho de existência na web. Portanto, gostaria de agradecer a todos que contribuíram para que ultrapassássemos as 9.000 visitas com cerca de 120 postagens, tanto de minha autoria como de terceiros.

É bom registrar que existem milhões de sites e blogs com grande veiculação na web e minha intenção nunca foi angariar visitas ou competir com outros. Minha motivação sempre foi de anunciar reflexões que edifiquem o povo de Deus. Porém, com ajuda do Google analytics e do Histats conseguimos ter um controle de nossos visitantes.

Esse score que chegamos não é nada expressivo se compararmos com outros blogueiros, mas já é uma grande alegria chegarmos a esse marco.

Meu muito obrigado aos internautas, amigos e blogueiros que comentam, criticam, edificam, enfim, a todos os nossos leitores que de alguma forma nos auxiliam a permearmos a web de edificações cristãs.

Com carinho,
Junior

Carnaval - A festa da carne


O Carnaval Pagão é uma festa que tem sua origem nos cultos agrários da Grécia, em que se celebrava a fertilidade e produtividade do solo. Pisistráto, que governou Atenas entre 546 e 527 a.C., oficializou o culto a Dionísio, o deus grego equivalente ao deus romano Baco, das festas, do vinho, do lazer e do prazer, filho de Zeus e da princesa Semele, o único deus filho de uma mortal.
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O Carnaval Cristão passa a existir quando a Igreja Católica oficializa a festa, em 590 d.C., cedendo aos anseios populares. O que era considerado ocasião para a libertinagem passou a ser cerimônia oficial com certos limites estabelecidos para conter a carnalidade do povo: "se você não pode vencer seu inimigo, alie-se a ele". Mas em 1545, no Concílio de Trento, o Carnaval é reconhecido como uma manifestação popular de rua, e sua data é fixada em 1582 pelo Papa Gregório XIII, quando da transformação do Calendário Juliano para Gregoriano, sempre no 7º domingo que antecede ao domingo de Páscoa.
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No Brasil o carnaval chega em 1723, trazido pelos portugueses das Ilhas da Madeira, Açores e Cabo Verde, com o primeiro registro de baile em 1840, de onde, em 1855, surgiram os primeiros grandes clubes carnavalescos, precursores das atuais escolas de samba.
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A festa ganhou diferentes cores na celebração popular. Desde os blocos de rua, com suas manifestações pitorescas e despudoradas, passando pelos bailes de salão, com todos os seus ingredientes de gala, luxo e lixo, e também enchendo as ruas com trios elétricos e foliões de abadá, especialmente no Nordeste, e escolas de samba, mini óperas de rua, que desfilam pelos sambódromos cantando temas que incluem, por exemplo, uma homenagem a Tom Jobim, uma versão alternativa da história do Brasil ou a chamada de atenção à questão ecológica.
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Minha lembrança mais remota do carnaval me remete ao Rio de Janeiro, meados da década de 70, quando eu corria apavorado fugindo dos "bate bola", garotos mascarados que vinham em bandos batendo no chão uma espécie de bixiga de pele curtida que fazia um barulho tenebroso - uma versão tupiniquim do Halloween, com diferença de que não me lembro se eles pediam balas e doces ou apenas tocavam horror.
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Em todas as suas manifestações não há como deixar de relacionar o carnaval com a festa da carne, que o relaciona ao hedonismo puro, quando se busca o prazer do corpo acima e antes de tudo, e sugere uma "licença para pecar", especialmente os pecados sexuais, relacionados com lascívia e luxúria - a Prefeitura de Recife pretende distribuir a pílula do dia seguinte, um contraceptivo de emergência, usado após o "sexo casual", e que objetiva impedir ou retardar a liberação do óvulo pelo ovário, impossibilitando a fecundação, ou impedir a nidação, fixação do óvulo fecundado no útero (que polêmica, hein?!). Fica entendido por que depois vem a quarta-feira de cinzas, dia de jejum e abstinência, quando alguns cristãos de tradição católica romana rememoram sua mortalidade, usando as cinzas à luz do simbolismo bíblico para o arrependimento perante Deus. A quarta-feira de cinzas ocorre sempre um dia depois da terça-feira gorda, o último dia da temporada de Carnaval e também, ou justamente, o último dia em que se pode comer carne, vindo em seguida a Quaresma, quarenta dias de jejum em preparação para a Páscoa.
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A festa do carnaval, na cultura cristã católica ocidental, tem seu simbolismo claro: vamos todos morrer, e o melhor que temos a fazer antes disso é mergulhar de cabeça em todos os prazeres possíveis, que sabemos efêmeros e insuficientes para nos conduzir à plenitude da vida, possível apenas na ressurreição. Considerando, entretanto, que a carne é fraca, celebramos sua festa, mas não sem o cuidado de nos arrependermos, ainda que um arrependimento inconsistente, é verdade, apenas uma preparação para morrer bem, em vez de tomada de consciência para viver melhor.

A Rosa da libertação total


Certo dia, ao peregrinar pelas ruas da bela cidade do Salvador, fui abordado por um batalhão de fiéis de um desses movimentos religiosos neo-pentecostais, que me entregaram um folheto intitulado: “A ROSA DA LIBERTAÇÃO TOTAL”. Este enunciado foi suficiente para entender que se tratava de uma daquelas sessões da “Igreja Universal do Reino de Deus”, que tem sido especialista em criar “modismos religiosos” para atrair adeptos. O convite dizia assim: “VENHA RECEBER SUA ROSA UNGIDA PARA COLOCAR EM SUA CASA E ABENÇOAR TODA SUA FAMÍLIA”.

O convite é bastante apelativo e promete soluções imediatas para os problemas familiares. Aliás, um dos slogans mais divulgados pela Universal, “pare de sofrer”, tenta iludir as pessoas de que é possível uma vida terrena que não exista sofrimento. Jesus nunca prometeu para os seus seguidores uma vida fácil, sem cruz, mas pelo contrário, convidou-os a assumir a cruz e a entregar a vida por ele: “Se alguém que vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me. Pois aquele que quiser salvar a sua vida, a perderá, mas o que perder sua vida por causa de mim, a encontrará. De fato, que aproveitará ao homem ganhar o mundo inteiro mas arruinar sua vida? Ou o que poderá o homem dar em troca de sua vida?” (Mt 16, 24-26).
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A proposta de Jesus é diferente de tantos discursos religiosos, com base numa teologia da prosperidade, que coloca o sentido da felicidade no possuir as coisas terrenas, como sinais da benção de Deus.

Jesus é o único e sumamente bem necessário. Só Jesus pode libertar plenamente o homem e lhe proporcionar a benção. Não será simplesmente adquirindo uma "Rosa" que iremos ser libertos. Convém recordar neste momento aquela passagem bíblica que trata sobre o encontro de Paulo e Silas com o carcereiro. Este perguntou-lhes: “Senhores, que preciso fazer para ser salvo? Eles responderam: Crê no Senhor e serás salvo, tu e a tua casa” (At 16, 30-31).

Quando o homem passa a obedecer ao Senhor, a sua vida e de sua família já é uma benção e, não é necessário nenhum “instrumento mágico”, como uma “Rosa”. É permanecendo firmes na Palavra do Senhor, como discípulos, que encontraremos a Libertação. Jesus foi claro quando disse: “Se permanecerdes na minha palavra, sereis verdadeiramente meus discípulos e conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará” (Jo 8, 31-32).

O que me chamou atenção ainda no folheto, que recebi dos membros da Igreja Universal, foi a citação bíblica que fundamentava o convite: “Disse Jesus: Eu sou a Rosa de Saron . Cantares (2:1)”.
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Não precisa ser nenhum especialista em Bíblia para perceber que a citação não está correta, pois não se trata de uma palavra de Jesus. O Livro dos Cânticos dos Cânticos (Cantares) faz parte da coleção dos livros do Antigo Testamento. Como tal, não menciona o nome de Jesus. Aliás, nesse livro, o próprio nome de Deus é mencionado uma única vez e de forma abreviada (8, 6).

A citação bíblica usada no folheto distribuído pelos membros da Igreja Universal está fora do seu contexto. Fazer uso de um texto bíblico fora do seu contexto (o todo do texto), com o intuito de apenas justificar as práticas religiosas de um grupo religioso é fazer mau uso das Escrituras Sagradas. A interpretação da Bíblia não pode ser personalista, como nos lembra o apóstolo Pedro: “Antes de mais nada, sabei isto: que nenhuma profecia da Escritura resulta de interpretação particular, pois que a profecia jamais veio por vontade humana, mas os homens impelidos pelo Espírito Santo falaram da parte de Deus” (1Pd 1, 20-21). A Bíblia deve ser interpretada com a iluminação do mesmo Espírito que a inspirou e na comunidade de fé.

Não deturpemos e nem manipulemos a Palavra do Senhor com meros interesses particulares!
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Por Frei Rufino Pinheiro

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Igreja Universal: do reino de Deus???


De tanto ouvir falar da Igreja Universal do Reino de Deus, decidi, juntamente com um confrade, fazer uma visita à “catedral da fé” ( templo maior da “Universal” nas regiões metropolitanas). Fui com o intuito de conhecer um pouco mais sobre este fenômeno religioso. Chegando ao templo, fomos bem acolhidos pelos obreiros (as), jovens, senhores e senhoras bem trajados, que me fizeram lembrar os funcionários do Shoping Center; recebemos a oração ungida do salmo 91 para que colocássemos no local da nossa enfermidade. Envolvidos por uma música alegre, em rítimo do axé baiano, fomos convidados, após uma oração de cura e libertação, a fazer uma oferta.

A “sessão” (nomenclatura própria das religiões afro-brasileiras) tinha a seguinte estrutura: Música – oração – oferta. A cada oração as pessoas eram motivadas a fazer uma oferta em dinheiro (não menos de dez reais). Segundo o “pastor” só receberia a bênção quem desse o seu tudo. Não tínhamos dinheiro, mas os que tinham, depositavam no altar ou sobre o “pastor” (uma das cenas mais fortes que presenciamos. O “pastor” usando uma capa preta. Enquanto orava as pessoas colocavam dinheiro sobre ele). Testemunhamos pessoas pobres que depositavam todo o seu dinheiro com a esperança, prometida pelo “pastor” dirigente daquela sessão, de que Deus retribuiria em dobro. Ao presenciar esta “cena”, (uso a palavra cena porque parece um teatro) fiquei a pensar: Onde estou? Numa igreja ou numa casa de comércio? Quem são esses homens que prometem a prosperidade imediata para essas pessoas, são de fato pastores? Mas, o modelo de pastor proposto por Cristo é este?

Para esclarecer esses questionamentos recordei-me de duas passagens bíblicas. Uma referente ao templo e outra relacionada figura do pastor. A primeira é aquela que Jesus diz: “Tirem isso daqui! Não transformem a casa de meu Pai num mercado” (Jo 2, 16). A outra passagem bíblica é de Jo 10, 12-13, onde está escrito: “O mercenário que não é pastor, e as ovelhas não são suas, quando vê o lobo chegar, abandona as ovelhas. O mercenário foge porque trabalha só por dinheiro e não se importa com as ovelhas”. Sem comentários. Já diz o ditado: “Para um bom entendedor, meia palavra basta”.

Quanto à teologia pregada naquela sessão da Igreja “Universal” merece comentário. Percebi que o “pastor” tinha pouca formação teológica, pois não sabia nem se quer qual era a passagem bíblica do Bom Pastor. Em outro momento, chegou a fazer a seguinte afirmação: “Não confie em quem está ao seu lado. Todos querem seu mal, inclusive as pessoas de sua casa, de sua família”. Em algo o pastor tinha razão: não podia confiar nele, pois era um dos que estavam mais próximo de mim. As palavras proferidas pelo “pastor” são portadoras de sentimentos de desconfiança, tão presentes nos dias atuais. Outra pregação do “pastor” deixou-me inquieto. Aos gritos, dizia: “Deus, você tem que fazer o milagre!”. Tais palavras ressoadas tocaram meu senso de humor, levando-me a sorrir interiormente. Como o “pastor” era cearense (ceará, estado marcado pela presença de grandes humoristas) pensei: quem sabe não é uma anedota. Estava errado. Por várias vezes repetiu a mesma expressão.

Penso que a mensagem do “pastor” não condiz com a teologia cristã. Esta reconhece que tudo o que recebemos é dom de Deus. Deus não é obrigado a realizar aquilo que não é de sua vontade. Pensa como o “pastor” quem acredita num deus manipulável. Não podemos fazer de Deus um “ídolo”, objeto de nossos caprichos. Não foi assim que Jesus nos ensinou a dirigir orações ao Pai. Pelo contrário, Jesus diz que deveríamos orar assim: “Seja feita a tua vontade, assim na terra como no céu” (Mt 6, 10b). Jesus também rezou ao Pai diferente da oração daquele “pastor” da universal: “Meu Pai, se é possível, afasta-se de mim este cálice. Contudo, não seja feito como eu quero, e sim como tu queres” (Mt 26, 39b).

Quando lembro-me da oração proferida pelo “pastor”, não posso deixar de concordar com aquilo que disseram os apóstolos Paulo: “Nós não sabemos orar como convém” (Rm 8, 26) e Tiago: “E vocês pedem, mas não recebem, porque pedem mal, com intenção de gastar em seus prazeres. Idólatras! Vocês não sabem que a amizade com o mundo é inimizade com Deus? Quem quer ser amigo do mundo é inimigo de Deus” (4, 3-4). Eis um questionamento: Em que acredita a Igreja Universal “Teós” ou “mamon”? É no Deus cristão ou no deus produzido pelo capitalismo neo- liberal?

A cobiça de possuir é uma idolatria (Cl 3, 5) que precisa ser exaurida de toda e qualquer prática religiosa disfarçada de cristianismo. A piedade cristã coloca Deus acima de todas as coisas passageiras deste mundo. Vejamos o que aconselhou o apóstolo Paulo ao bispo Timóteo: “É isso que você deve ensinar e recomendar. Pois, quem ensina coisas diferentes, que não concordam com as sãs palavras de nosso Senhor Jesus Cristo e com o ensinamento conforme a piedade, é cego, não entende nada, é doente à procura de discussões e brigas de palavras... Eles supõem que a piedade é fonte de lucro. De fato, a piedade é grande fonte de lucro, mas para quem sabe se contentar. Pois não trouxemos nada para o mundo, e dele nada podemos levar. Se temos o que comer e com que nos vestir, fiquemos contentes com isso. Aqueles, porém, que querem tornar-se ricos, caem na armadilha da tentação e em muitos desejos insensatos e perniciosos, que fazem os homens afundarem na ruína e perdição. Porque a raiz de todos os males é o amor ao dinheiro. Por causa dessa ânsia de dinheiro, alguns se afastaram da fé e afligem a si mesmos com muitos tormentos” (1Tm 6, 2b-4a.6-10).

Caro amigo (a), a experiência de ter assistido a uma sessão da IURD levou-me a seguinte conclusão: “Sou muito feliz por ser Católico”.Concluo este testemunho pedindo ao Senhor que derrame suas bênçãos sobre todos os irmãos da Igreja Universal do Reino de Deus para que possam conhecê-Lo tal como Ele é.
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Por Frei Rufino Pinheiro

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Sobre Teologia


Todos me aconselharam a não lhes dizer o que vou dizer neste último livro. Afirmam: "O leitor comum não quer saber de Teologia; dê-lhe somente a religião simples e prática." Rejeitei o conselho. Não acho que o leitor comum seja um tolo. Teologia significa "a Ciência de Deus", e creio que todo homem que pensa sobre Deus gostaria de ter sobre ele a noção mais clara e mais precisa possível. Vocês não são crianças: por que, então, lhes tratar como tal?
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Em certo sentido, até compreendo por que algumas pessoas se sentem desconcertadas ou até incomodadas pela Teologia. Lembro-me de certa ocasião em que dava uma palestra para os pilotos da R.A.F. e um oficial velho e rijo levantou-se e disse: "Nada disso tem serventia para mim. Mas saiba que também sou um homem religioso. Sei que existe um Deus. Sozinho no deserto, à noite, já senti a presença dele: o tremendo mistério. E é exatamente por isso que não acredito em todas essas fórmulas e esses dogmas a respeito dele. Para qualquer um que tenha conhecido a realidade, todos eles parecem mesquinhos, pedantes e irreais."
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Ora, num sentido, até concordo com esse homem. Creio que ele provavelmente teve uma experiência real de Deus no deserto. Quando se voltou da experiência para o credo cristão, acho que realmente passou de algo real para algo menos real. Da mesma maneira, um homem que já viu o Atlântico da praia e depois olha um mapa do Atlântico também está trocando a coisa real pela menos real: troca as ondas de verdade por um pedaço de papel colorido. Mas é exatamente essa a questão.
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Admito que o mapa não passa de uma folha de papel colorido, mas há duas coisas que devemos
lembrar a seu respeito. Em primeiro lugar, ele se baseia nas experiências de centenas ou milhares de pessoas que navegaram pelas águas do verdadeiro oceano Atlântico. Dessa forma, tem por trás de si uma massa de informações tão reais quanto a que se pode ter da beira da praia; com a diferença que, enquanto a sua é um único relance, o mapa abarca e colige todas as experiências de diversas pessoas.
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Em segundo lugar, se você quer ir para algum lugar, o mapa é absolutamente necessário. Enquanto você se contentar com caminhadas à beira da praia, seus vislumbres serão mais divertidos que o exame do mapa; mas o mapa será de mais valia que uma caminhada pela praia se você quiser ir para os Estados Unidos.
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A Teologia é como o mapa. O simples ato de aprender e pensar sobre as doutrinas cristãs, considerado em si mesmo, é sem dúvida menos real e menos instigante do que o tipo de experiência que meu amigo teve no deserto. As doutrinas não são Deus, são como um mapa. Esse mapa, porém, é baseado nas experiências de centenas de pessoas que realmente tiveram contato com Deus — experiências diante das quais os pequenos frêmitos e sentimentos piedosos que você e eu podemos ter não passam de coisas elementares e bastante confusas. Além disso, se você quiser progredir, precisará desse mapa. Note que o que aconteceu com aquele homem no deserto pode ter sido real e certamente foi emocionante, mas não deu em nada. Não levou a lugar nenhum. Não há nada que possamos fazer.
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Na verdade, é justamente por isso que uma religiosidade vaga — sentir Deus na natureza e assim por diante — é tão atraente. Ela é toda baseada em sensações e não dá trabalho algum: é como mirar as ondas da praia. Você jamais alcançará o Novo Mundo simplesmente estudando o Atlântico dessa maneira, e jamais alcançará a vida eterna sentindo a presença de Deus nas flores ou na música. Também não chegará a lugar algum se ficar examinando os mapas sem fazer-se ao mar. E, se fizer-se ao mar sem um mapa, não estará seguro.
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Em outras palavras, a Teologia é uma questão prática, especialmente hoje em dia. No passado, quando havia menos instrução formal e menos discussões, talvez fosse possível passar com algumas poucas idéias simples sobre Deus. Hoje não é mais assim. Todo mundo lê, todo mundo presta atenção a discussões. Conseqüentemente, se você não der atenção à Teologia, isso não significa que não terá idéia alguma sobre Deus. Significa que terá, isto sim, uma porção de idéias erradas — idéias más, confusas, obsoletas. A imensa maioria das idéias que são disseminadas como novidades hoje em dia são as que os verdadeiros teólogos testaram vários séculos atrás e rejeitaram. Acreditar na religião popular moderna da Inglaterra é a mesma coisa que acreditar que a Terra é plana — um retrocesso.
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Pois, na prática, a idéia popular de cristianismo é simplesmente esta: Jesus Cristo foi um grande mestre da moral e, se seguíssemos seus conselhos, conseguiríamos estabelecer uma ordem social melhor e evitar uma nova guerra. Saiba que isso tem seu fundo de verdade. Mas é muito menos que a verdade integral do cristianismo, e na realidade não tem importância prática alguma.
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E verdade que, se seguíssemos os conselhos de Cristo, viveríamos em breve num mundo mais feliz. Nem precisaríamos ir tão longe: se déssemos ouvidos ao que disseram Platão, Aristóteles ou Confúcio, estaríamos muito melhor do que estamos. E daí? Nunca seguimos os conselhos dos grandes mestres. Por que começaríamos a segui-los agora? E por que estaríamos mais dispostos a ouvir a Cristo que aos outros? Porque ele é o melhor mestre da moral? Com isso, é ainda menos provável que o sigamos. Se não conseguimos aprender nem as lições elementares, como passaremos às mais adiantadas? Se o cristianismo não passa de mais um bocado de conselhos, ele não tem importância nenhuma. Não nos faltaram bons conselhos nos últimos quatro mil anos. Um pouquinho mais não faz diferença.
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No entanto, logo que nos debruçamos sobre os verdadeiros escritos cristãos, vemos que eles falam de algo inteiramente diferente dessa religião popular. Dizem que Cristo é o Filho de Deus (o que quer que isso signifique). Dizem que os que nele depositam sua confiança podem também tornar-se filhos de Deus (o que quer que isso signifique). E dizem ainda que sua morte nos salvou de nossos pecados (o que quer que isso signifique).
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Não adianta reclamar que essas afirmações são difíceis. O cristianismo pretende falar-nos de um outro mundo, de algo que está por trás do mundo que podemos ver, ouvir e tocar. Você pode até pensar que essa pretensão é falsa, mas, se for verdadeira, o que o cristianismo nos diz será necessariamente difícil — pelo menos tão difícil quanto a Física moderna, e pela mesma razão.
O ponto mais chocante do cristianismo é a afirmação de que, quando nos ligamos a Cristo, podemos nos tornar "filhos de Deus". Alguém pergunta: "Mas já não somos filhos de Deus? A paternidade de Deus não é uma das idéias principais do cristianismo?" Bem, em certo sentido não há dúvida de que já somos filhos de Deus. Ou seja, Deus nos trouxe à existência, nos ama e cuida de nós, como um pai. Mas, quando a Bíblia fala que podemos "nos tornar" filhos de Deus, obviamente quer dar a entender algo diferente. E isso nos leva para o próprio coração da Teologia.
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Cristianismo puro e simples
C. S. Lewis

terça-feira, 17 de fevereiro de 2009

Você sabia?


Você sabia que foi apenas no ano 190 d.C. que a palavra grega ekklesia, que traduzimos como igreja, foi pela primeira vez utilizada para se referir a um lugar de reuniões dos cristãos? Sabia também que esse lugar de reuniões era uma casa, e não um templo, já que os templos cristãos surgiram apenas no século IV, após a conversão de Constantino? Você sabia que os cristãos não chamavam seus lugares de reuniões de templos até pelo menos o século V? Você sabia que o primeiro templo cristão começou a ser construído por Constantino, sob influência de sua mãe Helena, em 327 d.C., às custas de recursos públicos, e sua arquitetura seguia o modelo das basílicas, as sedes governamentais da Grécia e, posteriormente, de Roma, e dos templos pagãos da Síria? Você sabia que as basílicas cristãs foram construídas com uma plataforma elevada acima do nível da congregação e que no centro da plataforma figurava o altar, e à sua frente a cadeira do Bispo, que era chamada de cátedra? Você sabia que o termo ex cathedra significa “desde o trono”, numa alusão ao trono do juiz romano, e, por conseguinte, era o lugar mais privilegiado e honroso do templo? Você sabia que o Bispo pregava sentado, ex cathedra, numa posição em que o sol resplandecia em sua face enquanto ele falava à congregação, pois Constantino, mesmo após a sua conversão ao Cristianismo, jamais deixou de ser um adorador do deus sol? Você sabia que o atual modelo hierárquico do Cristianismo, que distingue clero e laicato, teve origem e ou foi profundamente afetado pela arquitetura original dos templos do período Constantino?
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Você sabia que Jesus não fundou o Cristianismo, e que o que chamamos hoje de Cristianismo é uma construção religiosa humana, feita pelos seguidores de Jesus ao longo de mais de dois mil anos de história? Você sabia que o que chamamos hoje de Cristianismo está profundamente afetado por pelo menos três grandes eras: a era de Constantino, a era da Reforma Protestante e a era dos Avivamentos na Inglaterra e nos Estados Unidos? Você sabia que é praticamente impossível saber a distância que existe entre o que Jesus tinha em mente quando declarou que edificaria a sua ekklesia e o que temos hoje como Cristianismo Católico Romano, Protestante, Ortodoxo, Pentecostal, Neopentecostal e Pseudopentecostal?
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Você sabia que os primeiros cristãos se preocuparam em relatar as intenções originais de Jesus com vistas a estender seu movimento até os confins da terra? Você sabia que este relato está registrado no Novo Testamento, mais precisamente nos Evangelhos e no livro de Atos dos Apóstolos? Você sabia que o terceiro evangelho, Evangelho Segundo Lucas, e o livro dos Atos deveriam formar no princípio uma só obra, que hoje chamaríamos de “História das origens cristãs”? Você sabia que os livros foram separados quando os cristãos desejaram possuir os quatro evangelhos num mesmo códice, e que isso aconteceu por volta de 150 d.C.? Você sabia que o título “Atos dos Apóstolos” surgiu nessa época, segundo costume da literatura helenística, que já possuía entre outros os “Atos de Anibal” e os “Atos de Alexandre”?
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Nesse emaranhado de coisas que eu não sabia, três coisas eu sei. A primeira é que a crítica que o mundo secular faz ao Cristianismo institucional tem sérios fundamentos, ou como disse Tony Campolo: “Os inimigos estão parcialmente certos”. A segunda coisa que sei é que nesta Babel que vem se tornando o movimento evangélico brasileiro, está cada vez mais difícil identificar a essência do Evangelho de Jesus Cristo, nosso Senhor. A terceira coisa que sei é que vale a pena perguntar aos primeiros cristãos o que eles entenderam a respeito de Jesus, sua mensagem, sua proposta de vida e suas intenções originais. Vale a pena voltar à Bíblia. Não há outra fonte segura de informação e formação espiritual, senão a Bíblia Sagrada, especialmente o Novo Testamento.
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sábado, 14 de fevereiro de 2009

Camilly

Já são 5 meses de gestação e a barriga cresce a cada mês. A sensação de ser mãe deve ser indescritível; carregar um ser em seu ventre é uma experiência e privilégio que só a mulher (fêmea) tem.
Michelle, minha esposa, tem agüentado a duras penas essa gestação de nossa primeira filha (espero parar por aí). De origem pobre, Michelle aprendeu com a dureza da vida. Perdeu sua mãe aos dezessete anos e teve que logo cedo entrar no concorrente mercado de trabalho. Aos dezenove, teve a experiência mais marcante de sua história – conheceu Cristo.

Logo depois da fantástica experiência da metanóia (arrependimento), Michelle descobriu que seu namorado – meu melhor amigo – era seu irmão carnal. Isso foi um baque para toda igreja – um caso de novela também acontece na vida real.
Passado quase um ano do choque que comoveu a igreja, começamos então a ter um sentimento mútuo. E para encurtarmos a história, depois de milagres após milagres, Deus nos direcionou até o altar.

Depois de 1 ano e meio de matrimônio, veio a notícia – como diz a famosa melodia – que abalou nossas estruturas.
Um filho sempre é e sempre será uma benção, mas a essa altura do campeonato, desestruturaria nossas finanças, nossos projetos e nossos planos.

Decidimos que se fosse menina, Michelle iria escolher o nome, mas se fosse menino, o nome de Cauã já estava em minha mente. Perdi nossa “aposta” interna, e sem nenhum receio, já me acostumei com a idéia de Camilly vir ao mundo. Modéstia parte, será uma menina encantadora – digo isso pois Michelle é linda.

Se eu fosse calvinista, diria que Deus determinou desde a fundação do mundo que Camilly iria nascer em meados do mês de junho – segundo a obstetra. Mas como não sou adepto de nenhuma teologia, a não ser a bíblica, creio que Deus, pela sua presciência, sabia, mas nem por isso determinou; simplesmente Camilly será fruto de nossas atitudes e arcaremos com o maior prazer do mundo as conseqüências de sermos os pais mais felizes desta terra. (Esse parágrafo foi só pra mexer com meus amigos calvinistas...rsrs)

A barriga cresce e a cara do pai babão fica cada vez mais lambuzada de baba. Quase todas as noites, fazemos um bate-papo a três – dizem os especialistas que a partir do quarto mês o bebê sente e ouve a voz dos pais – então morremos de rir quando conversamos com ela ainda dentro do ventre.

Como disse no início, a sensação de ser mãe é algo fora do comum, mas ser pai tem seus atrativos peculiares.
As experiências que a paternidade me trará é algo imensurável. Passamos a entender melhor a relação entre Deus (Pai) e seus filhos.

Pesquisando o significado dos nomes, descobri que a raiz de Camilly significa mensageira e se associa a uma jovem e linda criada que servia os participantes das cerimônias pagãs.
É claro que esses significados de nomes não têm tanta importância como nos dias dos patriarcas, e que esses significados modernos estão mais ligados a questões esotéricas do que bíblica. Mas quero acreditar que estes significados venham trazer bons fluídos para Camillynha.

Meu desejo é que esses quatro meses restantes de gestação sejam mais agradáveis para Michelle que tanto sofre com esse calor, e que Camilly quando vier a este mundo seja uma verdadeira mensageira do Altíssimo.

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

A maravilhosa graça de Deus


Graça é uma palavra de raiz latina - gratia, traduzida do grego charis, e que significa graciosidade, benevolência, favor ou bondade. Se fôssemos obrigados a reduzir todo o evangelho a apenas uma frase, diríamos: O evangelho é o anúncio da graça.

Uma das mais perniciosas tendências da religião é associar a fé ao cumprimento de regras e leis. O contraponto da religião que exige esforço é a proclamação da graça. Abraão de Almeida diferenciou dois tipos de religião: "Há a religião divina e as religiões humanas. A divina é a religião do 'alto para baixo'. Nela Deus faz, i.é, oferece ao homem a graça salvadora, por reconhecer a incapacidade humana de produzir obras de justiça. A religião divina é o plano de Deus para salvar o homem caído. As religiões humanas são 'de baixo para cima'. Nelas o homem faz, i.é, oferece a Deus o produto do seu esforço...".

"Salvação não é uma idéia; é uma pessoa. É o próprio Jesus, o próprio Deus quem se dá." Com essa frase de impacto, Paul Tournier, célebre psiquiatra cristão, sintetizou o conceito da graça: a disposição divina de abençoar os seus filhos sem que haja qualquer mérito da parte deles.

Tozer assim definiu: "Graça é o bel-prazer de Deus que o inclina a outorgar benefícios sobre os que nada merecem. É um princípio auto-existente, inerente na natureza divina e parece-nos uma propensão autocausada, no sentido de compadecer-se dos desgraçados, poupar os culpados, dar boas vindas ao réprobo, e favorecer os que antes estavam sob justa reprovação".

Alguns já diferenciaram graça de misericórdia. Misericórdia seria a bondade de Deus expressa no sofrimento - a palavra provém de duas raízes latinas: miserere, que indica um estado de sofrimento; e cordis, coração. Graça seria a bondade de Deus expressa no pecado. John Pipper declarou que graça e misericórdia operam em nossa vida da seguinte maneira: "Já que o pecado sempre produz miséria, ela é sempre experimentada por pecadores; portanto, todos os atos da graça divina também são atos de sua misericórdia. Igualmente, todos os atos da misericórdia também são atos da graça. Toda graça demonstrada ao pecador é um ato de misericórdia, pois todos os pecadores são miseráveis. Toda misericórdia demonstrada ao pecador também é pela graça, pois ninguém merece coisa alguma".

Sempre que a graça de Deus não é reconhecida e nossa santidade é atribuída ao nosso esforço humano, origina-se a ostentação, inflação do eu, soberba que faz a pessoa se colocar sempre em primeiro lugar; surge o artificial, o teatral, as máscaras, a complicação no trato e a preocupação neurótica pela própria imagem.
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Extraído do livro "É proibido"
Ricardo Gondim

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

A bondade de Deus e o sofrimento humano


“As inexoráveis ‘leis da natureza’, que operam em desafio ao sofrimento ou mérito humano, que não são detidas pela oração, parecem, à primeira vista, fornecer um forte argumento contra a bondade e o poder de Deus. Vou apresentar a idéia de que nem mesmo a Onipotência poderia criar uma sociedade de almas livres sem ao mesmo tempo criar uma natureza ‘inexorável’ e relativamente independente... Podemos talvez conceber um mundo em que Deus tenha corrigido os resultados do abuso do livre arbítrio pelas suas criaturas a cada momento: de maneira que a viga de madeira se tornasse macia como grama ao ser usada como arma, e o ar se recusasse a obedecer-me se tentasse utiliza-lo em ondas sonoras que transmitissem mentiras ou insultos. Num mundo assim, porém, os atos errados seriam impossíveis e, portanto, ficaria anulado o livre arbítrio... A idéia de que Deus pode modificar, e realmente modifica, ocasionalmente, o comportamento da matéria produzindo o que chamamos de milagres, faz parte da fé cristã; mas a própria concepção de um mundo comum e portanto estável exige que tais ocasiões sejam extremamente raras... As leis fixas e toda a ordem natural, são tanto limites dentro dos quais a sua vida comum fica confinada como também a condição sob a qual essa vida pode existir. Tente excluir a possibilidade de sofrimento que a ordem da natureza e a existência do livre arbítrio envolvem, e descobrirá que excluiu a própria vida. O que realmente nos satisfaria seria um Deus que dissesse a respeito de qualquer coisa que gostássemos de fazer: ‘Que importa se isto os deixa contentes?’ Queremos, na verdade, não tanto um Pai Celestial, mas um avô celestial – uma benevolência senil que, como dizem, ‘gostasse de ver os netos se divertindo’ e cujo plano para o universo fosse simplesmente que se pudesse afirmar no fim de cada dia: ‘todos aproveitaram muito’”.
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Estes comentários de C. S. Lewis extraídos de seu livro O problema do sofrimento (Editora Vida, 2006) ajudam a responder o velho dilema proposto por Epicuro (341 a. C.) a respeito da tensão entre a onipotência e a bondade de Deus: se Deus existe, ele é todo poderoso e é bom, pois não fosse todo-poderoso, não seria Deus, e não fosse bom, não seria digno de ser Deus. Mas se Deus é todo-poderoso e bom, então como explicar tanto sofrimento no mundo? Caso Deus seja todo-poderoso, então ele pode evitar o sofrimento, e se não o faz, é porque não é bom, e nesse caso, não é digno de ser Deus. Mas caso seja bom e queira evitar o sofrimento, e não o faz porque não consegue, então ele não é todo-poderoso, e nesse caso, também não é Deus. Em síntese, o dilema propõe que Deus não pode ser bom e onipotente ao mesmo tempo.
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Uma resposta ao dilema está proposta nos comentários de C.S. Lewis, que indicam que a existência humana exige pelo menos duas coisas: a liberdade de toda e cada pessoa humana, o que implica a absoluta flexibilidade de fatos e eventos; e um mundo com leis fixas que valem para toda e cada pessoa humana. Caso vivêssemos em um mundo no qual Deus impedisse que o mal acontecesse, ou que as leis naturais variassem de acordo com os interesses, caprichos, necessidades e conveniências de cada pessoa particular, a atividade livre e responsável seria impossível. A bondade de Deus caminha ao lado da liberdade humana. O mundo é o palco estável onde Deus e o homem caminham, idealmente, numa parceira de amor e liberdade.
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www.ibab.com.br


quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

Ensaio sobre livre-arbítrio


Mas o ponto importante é que a história emociona porque contém um elemento muito forte de vontade, daquilo que a teologia chama de livre-arbítrio. Você não pode concluir uma soma do jeito que prefere; mas uma história sim. Quando alguém descobriu o Cálculo Diferencial, havia apenas um Cálculo Diferencial a descobrir. Mas quando Shakespeare matou Romeu, ele poderia tê-lo casado com a velha babá de Julieta, se ele se sentisse inclinado a fazê-lo. E a cristandade sobressaiu-se na narrativa romanesca exatamente porque insistiu no livre-arbítrio teológico.
Esse é um assunto vasto que pende demais para um lado da estrada para discuti-lo adequadamente aqui; mas trata-se da verdadeira objeção àquela torrente de conversa moderna acerca do crime como uma doença, sobre transformar a prisão num mero ambiente higiênico como um hospital, sobre curar o pecado por meio de lentos métodos científicos. A falácia de todo esse caso é que o mal é uma questão de escolha ativa, ao passo que a doença não é.

Se você diz que vai curar um devasso como se cura um asmático, minha resposta fácil e óbvia é esta: “Apresente as pessoas que querem ser asmáticas uma vez que muitas querem ser devassas”. Um homem pode ficar deitado inerte e curar-se de uma enfermidade. Mas ele não pode ficar deitado inerte se quiser curar-se de um pecado. Pelo contrário, ele precisa levantar-se e correr por aí feito louco.

A questão toda de fato está expressa à perfeição na própria palavra usada para quem está hospitalizado: “paciente” tem um sentido passivo; “pecador” tem um sentido ativo.
Se um homem quiser se salvar de uma gripe, ele pode ser paciente. Mas se quiser se salvar de uma falcatrua, ele não pode ser paciente, tem de ser impaciente. Ele deve sentir-se impaciente com a falcatrua. Toda reforma moral começa na vontade ativa, não na passiva.

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Extraído do livro "Ortodoxia"
G. K. Chesterton

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Deus e o tempo


Mais uma analogia: como escritor eu vivo em dois diferentes "fusos horários". Primeiro existe o fuso horário do mundo real, que abrange meu ritual diário de acordar, vestir-me, tomar o café e então me dirigir até meu escritório para completar capítulos, páginas e palavras. Nesse ínterim, o próprio livro está criando um outro mundo, artificial, com seu próprio fuso horário particular.
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Se eu estivesse escrevendo um romance, eu poderia escrever estas duas sentenças: "O telefone tocou. Imediatamente ela se levantou do sofá e correu para atender." Dentro do livro, a seqüência cronológica é algo assim: o telefone toca, reação imediata. Mas fora do livro, no mundo do autor, minutos, horas, até mesmo dias podem separar essas duas sentenças. Talvez eu termine um dia de trabalho com a sentença "O telefone tocou", e então saia de férias por duas semanas. Não importa quando eu volto a trabalhar no livro; estou preso pelas leis de seu fuso horário. Eu jamais poderia escrever: "O telefone tocou. Duas semanas depois ela se levantou e foi atender." Misturar os dois fusos horários criaria um absurdo.
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Depois que eu termino o livro, de uma forma que me é peculiar por ser o seu autor, por onde quer que eu vá carrego o livro inteiro dentro de minha mente. "De cima", posso ver todo o enredo de uma só vez: início, meio e fim. Ninguém mais consegue fazê-lo — a não ser que também experimente-o dentro do tempo, labutando em todo ele, uma sentença após outra.
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Continuo me armando com analogias, pois as analogias são o único meio que temos para imaginar a história humana tal qual Deus a vê. Nós vemos a história como uma seqüência de quadros parados, um após o outro, como num carretel de filme de cinema; mas Deus vê o filme todo de uma só vez, num piscar de olhos. Ele a vê simultaneamente do ponto de vista de uma estrela longínqua e do ponto de vista da minha sala de estar, onde estou sentado, orando. Ele a vê na sua totalidade, como um livro inteiro, em vez de sentença por sentença e página por página.
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Podemos imaginar tal perspectiva obscuramente, como se num nevoeiro. Mas simplesmente reconhecer nossa incurável condição de estarmos presos ao tempo pode nos ajudar a compreender por que Deus não respondeu ao "por quê?" de Jó. Talvez Deus nos mantenha na ignorância porque possivelmente nem Jó, nem Einstein, nem você nem eu conseguiremos compreender o ponto de vista "de cima". Ao invés disso, Deus respondeu desenrolando uns poucos fatos fundamentais do universo que Jó mal conseguiu compreender, e advertiu: "Deixe o resto comigo".
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Não conseguimos compreender quais "regras" se aplicam a um Deus que vive fora do tempo, tal qual o percebemos, e assim mesmo algumas vezes penetra no tempo. Considere toda a confusão que cerca a palavra "presciência". Deus sabia com antecedência que Jó permaneceria fiel a ele e assim ganharia a Aposta? Se sabia, como é que foi uma aposta de verdade? Ou que dizer das calamidades naturais da Terra? Se Deus sabe com antecedência sobre elas, não é ele que deve levar a culpa? No nosso mundo, se uma pessoa sabe com antecedência que uma bomba irá explodir num automóvel estacionado e deixa de alertar as autoridades, tal pessoa é legalmente responsável. Portanto, será que Deus é "responsável" por tudo o que acontece, até mesmo tragédias, pois ele sabe a respeito com antecedência?
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Mas — e esta pode ser a principal mensagem subjacente à vigorosa fala de Deus a Jó — não podemos aplicar nossas regras simplistas a Deus. A própria palavra presciência — pré-ciência — denuncia o problema, pois expressa o ponto de vista de alguém preso dentro do tempo. Deus não enxerga o tempo numa seqüência A-B. Na realidade, estritamente falando, ele não nos "prevê" realizando coisas. Ele simplesmente nos vê fazendo-as, num eterno presente. E, quando tentamos imaginar o papel de Deus num determinado acontecimento, obrigatoriamente vemos as coisas "de baixo", e julgamos seu comportamento pelos frágeis padrões de uma moralidade contingente ao tempo. Um dia poderemos ver problemas tais como "Deus provocou a queda daquele avião?" sob uma ótica bem diferente.
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As prolongadas discussões da igreja quanto à presciência e à predestinação ilustram nossas tentativas desajeitadas de compreender o que, para nós, só faz sentido à medida que entra no tempo. Numa outra dimensão indubitavelmente encararemos essas questões de modo bem diferente. Em algumas de suas mais misteriosas passagens a Bíblia dá pistas quanto ao ponto de vista "de cima". Diz que Cristo foi "conhecido... antes da fundação do mundo", o que significa antes de Adão e antes da Queda e, portanto, antes que houvesse qualquer necessidade de redenção. Diz que a graça, a vida eterna, "nos foi dada em Cristo Jesus antes dos tempos eternos". Como se poderia dizer que alguma coisa aconteceu "antes dos tempos eternos"? Tal linguajar sugere o ponto de vista de um Deus que vive fora do tempo. Antes de criar o tempo, fez provisões para redimir um planeta caído que ainda nem existia! Mas, quando "entrou" no tempo (tal como eu, um escritor, posso me fazer personagem de meu próprio livro), Deus teve de viver e morrer, de acordo com as regras de nosso próprio mundo, preso dentro do tempo.
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Extraído do livro "Decepcionado com Deus"
Philip Yancey

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Reflexões do Reino é premiado


O irmão Tharsis, do Blog A-BD, nos agraciou com mais este selo intitulado "Vale a pena ficar de olho nesse blog". Já é o 4º selo que recebemos e isso nos motiva a continuar. Sou grato aos queridos amigos e leitores que fazem deste espaço mais uma fonte de edificação.

Como sempre faço, quebrando as regras, indico todos os Blogueiros Amigos que estão na barra lateral do canto direito. Todos, sem exceção, merecem minha indicação, pois vale a pena ficar de olho nestes blogs.

Com carinho,
Junior

Provisões e Graça


Fazendo uma de minhas releituras, achei essa breve história de Max Lucado no livro "Quando Deus sussurra o seu nome" e resolvi postar aqui. Apesar da analogia com a Graça de Deus não ser perfeita, vale a pena meditar.
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Este relato chegou-me através de um amigo que o ouviu de um amigo que o ouviu de vai saber quem. O mais provável é que tenha sofrido mudanças com cada nova geração... Contudo, ainda que só haja uma fração de verdade no que ouvi, vale a pena voltar a relatá-lo.

Um homem fazia compras numa loja de abastecimento de uma base militar. Não necessitava de muito, somente um pouco de café e um pão. Estava de pé numa fila em frente à caixa registradora. Detrás dele havia uma mulher com um carrinho carregado. Sua cesta transbordava de provisões, roupa e um vídeocassete.
Ao chegar sua vez, avança até a registradora. A funcionária o convida a extrair um pedacinho de papel de uma urna de vidro.
— Se você extrair o papel premiado, todas suas compras sairão de graça — explica a funcionária.
— Quantos papeizinhos " premiados" há? — pergunta o comprador.
— Somente um.
A urna está cheia, de modo que as probabilidades são escassas, mas o homem de todas formas tenta e, incrivelmente, tira o prêmio! Que surpresa. Porém, depois ele percebe que somente vai comprar café e pão. Que desperdício.
Mas este homem é rápido. Volta-se e olha para a mulher atrás dele, a do monte de coisas, e declara:
— O que você acha, querida? Ganhamos! Não devemos pagar nem um centavo sequer.
Ela olha para ele, surpresa. Ele pisca um olho. E de algum modo, ela tem a presença de espírito necessária para segui-lhe o jogo. Aproxima-se dele, ficando bem junto. O toma do braço e sorri. E por um momento estão parados lado a lado, casados pela boa fortuna. No estacionamento ela consuma a união temporária com um beijo e um abraço, e depois segue seu caminho com uma história maravilhosa para relatar a seus amigos.
Eu sei, eu sei. O que fizeram era um tanto duvidoso. Ele não devia ter mentido e ela não devia ter fingido. Mas ainda levando isso em conta, continua sendo uma bonita história.
Uma história não tão diferente da nossa. Também nós fomos agraciados com uma surpresa. Ainda maior que a da mulher. Pois embora sua dúvida fosse grande, ela podia pagá-la. Nós não temos a possibilidade de pagar a nossa.
A nós, igual que à mulher, foi-nos entregue um presente. Não só na caixa registradora, mas sim perante o tribunal.
E nós também nos convertemos em esposa. Não só por um momento, mas sim para a eternidade. E não somente por provisões, mas para o banquete.
Que grande história temos para contar a nossos amigos! Verdade?

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Entrevista com Miriam Reich

Miriam tem 29 anos, solteira, graduada em Teologia pelo IBP e graduanda em Pedagogia pela UERJ. Editora das revistas de Primários, Juniores e Juvenis da CPAD, tradutora e avaliadora de livros da mesma editora, professora de jovens na Escola Dominical e coordenadora pedagógica do projeto sócio-evangelístico Vila da Conquista da igreja Assembléia de Deus da Taquara, da qual é membro.
Reflexões do Reino: Quem é Miriam Reiche? E Como foi sua conversão à Cristo?

Miriam: Eu sou uma pessoa bastante simples, que AMA a Palavra de Deus, a minha igreja, o meu pastor, a obra do Senhor, a minha família e os meus amigos. Sinto-me honrada e privilegiada por trabalhar no Reino de Deus e abençoar muitas vidas.
Graças a Deus, nasci num lar evangélico e fui criada no temor do Senhor. Mas considero que minha conversão se deu quando decidi me batizar com 14 anos de idade. Aliás, esta foi uma experiência que marcou demais a minha vida, pois não havia ninguém da minha família na igreja naquele domingo. Naquela época, vivíamos um período financeiro difícil e tínhamos que nos revezar para ir à igreja, uma vez que não havia dinheiro para todos irem. Lembro-me como se fosse hoje: o pastor Gilberto Malafaia perguntou se havia alguém que gostaria de se batizar e que não havia dado profissão de fé ainda. Levantei-me, fui até ele e declarei o meu desejo. Deus foi tão bom e misericordioso que, para confirmar minha decisão, batizou-me com o Espírito Santo quando ascendi das águas. É claro que, ao retornar para casa, levei uma bronca daquelas da minha mãe, pois ela queria muito ter presenciado aquele momento. Mas meu pai me defendeu dizendo que era a vontade de Deus, pois Ele havia confirmado através do batismo com o Espírito Santo. (Que bom que fui selada naquele domingo!!! rsrsrs).
Bem, tenho muitos defeitos nos quais Deus ainda está trabalhando. Luto todos os dias contra a vaidade, o orgulho, a inveja, o ciúme, a maledicência, a mentira etc. Talvez, se você perguntasse aos meus amigos e familiares, eles responderiam que o esquecimento é minha maior falha, pois tenho uma “cabecinha de vento”, como diz minha mãe. Todavia, nem só de defeitos vive a Miriam Reiche, também possuo algumas virtudes, como qualquer um de nós, e penso que a generosidade seja a maior delas. Sinto uma satisfação indescritível em dar algo para as pessoas.
Na verdade, hoje sou uma pessoa completamente diferente, transformada e moldada pelo Espírito Santo, pois eu tinha defeitos terríveis, um temperamento muito difícil, muitos nem acreditam quando conto. Porém, o Senhor Jesus me tem feito passar por experiências tremendas e moldado seu caráter em mim. GLÓRIA A DEUS POR ISSO!!! Vamos para a outra, senão, continuo falando...rsrsrssr

Reflexões do Reino: Suponho que ser vice-presidente da mocidade da Assembléia de Deus da Taquara, com um número considerável de jovens, foi um trabalho muito árduo. Conte-nos sobre esta experiência à frente dessa juventude.

Miriam: Foi árduo mesmo, mas foi uma experiência maravilhosa. Tudo começou antes de eu ser chamada pelo diácono Renato. Um dia antes de ele me convidar, o Senhor falou comigo numa madrugada que ele me chamaria e que eu deveria aceitar. Então, quando fui convidada, simplesmente aceitei.
Desde o princípio, Deus havia colocado no meu coração e no dele o desejo de sair das quatro paredes, mas não sabíamos exatamente como fazer. Para a glória de Deus, o Senhor foi abrindo as portas, dando-nos sabedoria e mostrando-nos os caminhos que deveríamos seguir. Primeiro foi o trabalho da entrega das caixas de bombom na Cidade de Deus e nos Dois Irmãos, depois, o evangelismo da água na Taquara, que foi seguido da vinda dos americanos, que foi sucedida dos Jogos Panamericanos, onde realizamos os Kids Games, o evangelismo na praia. Naquele ano ainda iniciamos o projeto na Vila da Conquista, que considero uma das maiores CONQUISTAS da nossa gestão, com perdão da redundância.
Neste ano, o Senhor nos deu outra estratégia além das outras que já tínhamos experimentado — os cultos ao ar livre lá na Merck. E nesse caso gostaria de ressaltar que sua participação, Junior, foi indispensável. Só Deus para recompensá-lo!!!
Uma liderança com tantos trabalhos externos exige muito de nós, você não tem vida própria, sua vida é em função da igreja e das necessidades dos jovens, que não são poucas. Além disso, temos que conciliar família, amigos, trabalho, estudos e obra de Deus. O que não é nada fácil.
Entretanto, tudo isso só foi possível porque Deus estava conosco e porque havia uma grande participação dos jovens, além, é claro, do apoio do nosso pastor e de toda a igreja.
Eu não poderia deixar passar a oportunidade de agradecer aos meus amigos queridos (Leandro, Débora, Caroline, Daniele, Amanda e Márcio), que foram essenciais em determinados momentos desta árdua caminhada. Eles foram para mim o que Hananias, Misael e Azarias foram uns para os outros na hora de enfrentar a fornalha.
Por fim, o bom relacionamento existente entre nós, líderes, foi fundamental para que conseguíssemos realizar tantas coisas no Reino de Deus. Aproveitando a ocasião, gostaria de agradecer ao nosso presidente, e meu amigo, por ter confiado em mim para dividir tamanha responsabilidade. Acho que o lema da ADJOVEM (UNIDOS PARA IMPACTAR) reflete exatamente o espírito e o propósito da nossa liderança.

Reflexões do Reino: Fale-nos sobre os projetos e sonhos de Miriam Reiche para o ano de 2009.

Miriam: Para ser sincera, há algum tempo deixei de fazer projetos, pois Deus sempre os rasga e me oferece outros melhores....rsrsrs Brincadeiras à parte, é claro que é preciso nos planejarmos de alguma forma, mas sempre submeter nossos planos ao Senhor, almejando a sua boa, perfeita e agradável vontade.
Pretendo trabalhar mais intensamente na Vila da Conquista, me dedicar mais, pensar em projetos para aquele lugar.
Ah! Minha formatura da faculdade é este ano e pretendo dar prosseguimento aos meus estudos lá, se o Senhor assim permitir. Na verdade, o meu desejo mesmo é me aperfeiçoar cada vez mais para poder realizar a obra do Senhor da maneira que ela merece ser feita.
Também quero ser mais crente, mas temente a Deus, ajudar mais as pessoas, enfim, servir melhor ao Senhor, pois Ele tem feito taaaaaaanto por mim.

Reflexões do Reino: Sempre que somos pegos de surpresa com notícias bombásticas a respeito das calamidades que assolam o mundo, como o caso do Tsunami, queda de aviões e mais recentemente o teto da igreja Renascer, ouvimos as mais diversas explicações para os problemas do sofrimento. Como você vê estas falácias de que “Deus tem um propósito” ou que “a culpa é do diabo”? Existem explicações mais plausíveis diante dessa palavra “sofrimento”?

Miriam: Gosto muito da maneira que C.S.Lewis e Philip Yancey abordam a questão do sofrimento e aconselho a leitura de “Deus sabe que sofremos” e “O problema da dor”, a fim de que os leitores possam obter uma compreensão melhor do assunto.
Penso que existem alguns fatores indispensáveis para os quais devemos nos atentar quando pensamos em sofrimento: o sofrimento da humanidade, em termos gerais, é conseqüência do pecado; acontece com justos e injustos; pode ser usado por Deus para nos provar e ensinar; a nossa fé em Deus deve ser incondicional e, talvez o mais importante, é que jamais podemos nos esquecer de que DEUS é BOM, COMPASSIVO E MISERICORDIOSO, por mais que as circunstâncias particulares ou coletivas tentem dizer o contrário.

Reflexões do Reino:
Sabemos que no decorrer da história da igreja muitas teologias foram surgindo, tais como a Teologia Liberal, da Esperança, da Libertação, da Prosperidade entre outras; cada uma delas com suas devidas importâncias e desvios. Qual destas você destacaria com pontos positivos? E qual delas teria um destaque negativo? Por quê?

Miriam: Considero todas essas teologias desvios doutrinários, a única teologia verdadeiramente positiva é a bíblica. Tentarei neste espaço, pelo pouco que conheço, discorrer um pouquinho a respeito de cada uma.
Quanto à Teologia Liberal, na minha concepção, dentre todas as suas falsas crenças, a que considero mais grave é a de que a Bíblia não é a completa, infalível e inerrante Palavra de Deus, porquanto, se você não crê que a Bíblia é a Palavra de Deus, ou se crê apenas em alguns trechos, certamente, todas as suas demais crenças estarão comprometidas.
De todas essas que você mencionou, a que menos conheço é a Teologia da Esperança, uma vez que não li ainda a obra de Moltmann, mas, pelo que sei, é bastante controversa por sua abordagem sócio-histórica e, claro, por estar baseada na escatologia, que talvez seja a doutrina mais polêmica da Teologia.
A Teologia da Libertação, que tem na pessoa de Leonardo Boff o seu principal expoente e praticamente já “saiu de moda”, uma vez que estava intrinsecamente relacionada ao contexto histórico da ocasião em que surgiu, possui, entre outras falhas, o grave erro de valorizar o aspecto humano de Cristo em detrimento do divino, conceito denominado Jesus histórico. Assim como a teologia liberal, esta também incide no mesmo erro de não crer na inspiração, inerrância, autoridade e suficiência da Bíblia, isto é, adotam o método histórico-crítico de interpretação que se baseia na falibilidade das Escrituras.
Quanto à Teologia da Prosperidade, acho que nem preciso mencionar muita coisa, uma vez que muito já tem se falado a respeito. Fico com as palavras de Paulo: “Se esperamos em Cristo só nesta vida, somos os mais miseráveis de todos os homens.” 1 Co 15.19.

Reflexões do Reino: Como tens visto a posse de Barack Obama?

Miriam: Do ponto de vista de lutas raciais da sociedade estadunidense, a vitória de Obama foi uma maravilhosa conquista. Para o restante da sociedade, só o tempo dirá. Entretanto, vejo com muita preocupação o fato de o mundo inteiro colocar a sua esperança nele. Aos olhos da população mundial, inclusive dos africanos, ele está sendo visto como o “salvador do mundo.” Todavia, ainda que tenha competência, vontade política e apoio, ele não poderá carregar uma responsabilidade tão grande como esta, pois jamais conseguiria solucionar os problemas da humanidade. Sob a perspectiva escatológica, a tendência é que, cada vez mais, os EUA percam a sua hegemonia para a Europa, portanto, com ou sem Obama, o declínio deste país é tido como certo.

Reflexões do Reino: Miriam, foi um prazer trocar figurinhas com você aqui no Reflexões do Reino. Deixe um recado para nossos leitores.

Miriam: Em primeiro lugar, gostaria de agradecer-lhe o convite e mencionar que me sinto honrada em contribuir para o seu blog. Espero, de fato, ter contribuído de alguma forma para edificar os meus irmãos que lerão a entrevista.
Também quero parabenizá-lo pela iniciativa do blog e pelo filho que está por vir. Que o Senhor continue abençoando você, Michele e toda a família e usando-os para a glória Dele.
O meu desejo é que permaneçamos fiéis ao Senhor e à simplicidade do evangelho, virtude tão “invejada” por nós nos homens e mulheres de Deus que construíram a história da nossa igreja, mas, concomitantemente, tão pouco cultivada entre nós.
Que possamos a cada dia nos parecer mais com Cristo, a fim de que sejamos uma Bíblia viva caminhando por aí, pois, como declarou Moody, "De cem homens, um lerá a Bíblia; noventa e nove lerão o cristão."

A queda do homem


A resposta cristã à pergunta proposta para a maldade humana está contida na doutrina da Queda. Segundo essa doutrina, o homem é agora um horror para Deus e para si mesmo, uma criatura mal ajustada ao universo, não porque Deus o tenha feito assim, mas porque ele se fez assim ao abusar de seu livre-arbítrio. Esta é a única função da doutrina para mim. Ela existe como proteção contra duas teorias sub-cristãs da origem do mal - o monismo, segundo o qual o próprio Deus, estando "acima do bem e do mal", produz imparcialmente os efeitos aos quais damos esses dois nomes, e o dualismo, que afirma que Deus produz o bem, enquanto outro Poder igual e independente produz o mal. O cristianismo afirma que Deus é bom em oposição a esses dois pontos de vista. Que Ele fez todas as coisas boas e por causa da excelência das mesmas; que uma das boas coisas que Ele fez, a saber, o livre-arbítrio das criaturas racionais, por sua própria natureza incluía a possibilidade do mal; e as criaturas, dispondo desta possibilidade, se tomaram más.
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Extraído do livro "O problema do sofrimento"
C. S. Lewis

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Em busca da santidade

Muitos dos segredos da santidade nos são revelados nas páginas da Bíblia. De fato, um dos objetivos principais da Escritura é mostrar ao povo de Deus como levar uma vida que lhe seja digna e que lhe agrade. Porém um dos aspectos mais negligenciados na busca da santidade é a parte que compete à mente, conquanto o próprio Jesus tenha posto o assunto fora de qualquer dúvida quando prometeu: "conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará". É mediante a sua verdade que Cristo nos liberta da escravidão do pecado. De que forma? Onde se encontra o poder libertador da verdade?

Para começarmos, precisamos ter um quadro bem claro do tipo de pessoa que Deus pretende que sejamos. Temos de conhecer a lei moral de Deus e os mandamentos. Como o expressou John Owen: "o bem que a mente não é capaz de descobrir, a vontade não pode escolher, nem as afeições podem se apegar"... Portanto, "na Escritura o engano da mente comumente se apresenta como o princípio de todo pecado".

O melhor exemplo disso pode-se encontrar na vida terrena do nosso Salvador. Por três vezes o diabo aproximou-se dele e o tentou no deserto da Judéia. Nas três vezes Ele reconheceu ser má a sugestão que lhe fizera Satanás e contrária à vontade de Deus. Três vezes Ele se opôs à tentação com a palavra grega ptai: "está escrito". Jesus não deu margem a qualquer discussão ou argumentação. A questão já estava decidida, logo de partida, em sua mente. Pois a Escritura estabelecera o que é certo. Este claro conhecimento bíblico da vontade de Deus é o segredo básico de uma vida reta.
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Extraído do livro "Crer também é pensar"
John Stott

domingo, 1 de fevereiro de 2009

Descensão


"Imagine que houvesse um rei que amasse uma moça humilde", principia uma história de Kierkegaard.
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"Não havia rei como ele. Todos os estadistas tremiam diante de seu poder. Ninguém ousava pronunciar uma palavra contra ele, pois ele possuía a força para esmagar todos os oponentes. E, ainda assim, esse poderoso rei derreteu-se de amores por uma moça humilde.
Como podia declarar seu amor por ela? Por ironia, sua própria realeza deixava-o de mãos amarradas. Caso trouxesse-a ao palácio e coroasse-lhe a cabeça com jóias e vestisse-lhe o corpo com vestes reais, certamente ela não resistiria — ninguém ousava resistir-lhe. Mas ela o amaria?
É claro que diria que o amava, mas amá-lo-ia de verdade? Ou iria viver com ele temerosa, secretamente se lastimando pela vida que havia deixado para trás? Seria feliz ao seu lado? Como ele poderia saber?
Caso ele fosse na carruagem real até a cabana dela na floresta, com uma escolta armada balançando imponentes estandartes, isso também a atordoaria. Ele não desejava uma súdita servil. Desejava uma amante, uma igual. Desejava que ela esquecesse que ele era rei e ela uma moça humilde e que deixasse que o amor partilhado vencesse o abismo existente entre eles".

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"Pois é somente no amor que o desigual pode ser feito igual", concluiu Kierkegaard. O rei, convencido de que não poderia fazer a moça melhorar sua condição social sem reprimir sua liberdade, decidiu rebaixar-se. Vestiu-se de pedinte e aproximou-se da cabana incógnito, com uma capa surrada, frouxa, esvoaçando ao seu redor. Não era um mero disfarce, mas uma nova identidade que assumiu. Renunciou ao trono para ganhar a mão dela.
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O que Kierkegaard expressou em forma de parábola, o apóstolo Paulo expressou nestas palavras acerca de Jesus, o Cristo:
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Cristo Jesus, ... subsistindo em forma de Deus,
não julgou como usurpação o ser igual a Deus;
antes a si mesmo se esvaziou,
assumindo a forma de servo,
tornando-se em semelhança de homens;
e, reconhecido em figura humana, a si mesmo se humilhou,
tornando-se obediente até à morte, e morte de cruz.
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Em seu trato com seres humanos, Deus havia freqüentemente se humilhado. Leio o Antigo Testamento como um único e longo registro de suas "condescendências" ("descer, rebaixar-se, para estar com"). Deus condescendeu para falar de diversas formas a Abraão e a Moisés e à nação de Israel e aos profetas. Mas nenhuma condescendência pôde se igualar ao que veio em seguida, depois dos quatrocentos anos de silêncio. Deus, tal como o rei na parábola de Kierkegaard, assumiu uma nova forma: tornou-se um homem. Foi a descensão mais chocante que se pode imaginar.
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Extraído do livro "Decepcionado com Deus"
Philip Yancey

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