quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

Chamados para julgar


Cristo diz para nós: “Não julgueis, para que não sejais julgados, por que com o juízo com que julgardes sereis julgados, e com a medida com que tiverdes medido vos hão de medir a vós” (Mc 7.1,2).

Todavia, o que Ele quis dizer com essas palavras? Será que teve a intenção de afirmar que fazemos um favor a nós mesmos não fazendo nenhum julgamento visto que tais julgamentos voltarão contra nossa própria vida? É claro que não!

Podemos estar certos de que Jesus não estava ensinando que não devemos fazer julgamentos! Dizer como alguns, que deveríamos levar “ao pé da letra” e nutrir um espírito de unidade e apaziguamento é não seguir os ensinamentos de Cristo; dizer que deveríamos ter uma atitude tolerante, que nunca expresse opiniões sobre o que os outros crêem e fazem é não seguir os ensinamentos de Cristo.

O argumento que declara ser a unidade mais importante que a verdade e o amor mais importante que a doutrina correta, está errada em seu âmago.

Considere o contexto imediato das palavras de Jesus: “Não deis aos cães as coisas santas, nem deiteis aos porcos as vossas pérolas; para que não as pisem e, voltando-se, vos despedacem” (v.6). Como podemos obedecer a estas instruções, a menos que saibamos reconhecer os cães e os porcos?

Jesus estava fazendo uma declaração poderosa sobre a necessidade de discriminação, a fim de distinguir entre o que é limpo e o que é sujo, e avaliar o que é sábio e o que é tolo. Tudo isso pressupõe que devemos fazer BONS JULGAMENTOS.

Agora olhe para o contexto mais remoto: “Acautelai-vos porém, dos falsos profetas, que vêm até vós vestidos como ovelhas, mas interiormente são lobos devoradores” (v.15).

Como podemos nos precaver dos falsos profetas, a menos que possamos identificá-los? Supõe-se que procuremos certas marcas distintivas dos falsos mestres de modo que possamos evitá-los e advertir aos outros.

Apenas alguns versículos mais adiante, Jesus fez uma observação mais surpreendente: “Nem todo que me diz Senhor, Senhor! Entrará no Reino dos céus, mas aquele que faz a vontade do meu Pai, que está nos céus. Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não profetizamos em teu nome? E, em teu nome não expulsamos demônios? E, em teu nome, não fizemos muitas maravilhas? E, então, lhes direi abertamente: Nunca vos conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniqüidade” (vs 21-23).

Aqui, temos uma forte declaração sobre a presença de falsos profetas que aparentemente fazem milagres maravilhosos, porém, não entrarão no céu no dia do julgamento.

Podemos estar errados em muitas coisas, mas não erremos acerca dos falsos mestres e suas doutrinas perniciosas!!

Paulo, o escritor de muitos livros do Novo Testamento, concordava com Jesus sobre a necessidade de fazer julgamento. Quando os crentes em Corinto não disciplinaram um homem imoral, o apóstolo disse que ele tinha julgado o transgressor, e que a igreja faria bem em excluí-lo da congregação, “para que o espírito seja salvo no dia do Senhor” (1 Co 5.4). Como a igreja pode exercer tal autoridade a menos que se façam julgamentos?

No capítulo seguinte, Paulo ensinou que os crentes não deveriam processar seus irmãos em Cristo na presença de juízes mundanos, por que os líderes da própria igreja deveriam tratar tal disputa. Ele escreveu: “Não sabeis vós que os santos hão de julgar o mundo? Ora, se o mundo deve ser julgado por nós, sois porventura indignos de julgar as coisas mínimas? Não sabeis vós que havemos de julgar os anjos? Quanto mais as coisas pertencentes a esta vida?” (1 Co 6.2,3). Mas adiante o apóstolo afirma que eles deveriam ficar envergonhados por não poderem julgar sabiamente tais questões.

Isso aconteceu por quê? Porque abandonaram a Palavra. Infelizmente, em muitos casos, os cristãos nem mesmo tentam voltar-se para a Palavra de Deus; simplesmente a ignoram.

Numa época em que homens se auto-proclamam apóstolos; numa época em que o misticismo invadiu o evangelicalismo; numa época em que a igreja está cheia de superstições; numa época em que o dinheiro se tornou o deus e a busca das pessoas nas igrejas; as pessoas dizem que não devemos julgar???

Se há uma época em que precisamos de instrução sobre fazer julgamentos, essa época é HOJE!!!

Então o que Jesus quis dizer quando declarou: “Não julgueis, para que não sejais julgados” (Mt 7.1). Dizendo em poucas palavras, Ele estava ensinando que não devemos fazer julgamentos hipócritas. Não devemos ser fariseus, que, por gostar de julgar, julgavam as coisas erradas; ou até quando faziam julgamentos certos, os faziam pelas razões erradas. Eles exibiam um tom cheio de si mesmo em tudo que faziam e diziam. Poderíamos dizer que Jesus está nos advertindo: “Não sejais fariseus, mas façais julgamentos justos”.

Como podemos nos precaver do farisaísmo, de um lado, e da credulidade descuidada e tola de nossos dias? Como saber o que deve ser julgado e como os julgamentos devem ser feitos? Quais os parâmetros a nos guiar? Estas questões devem ser tratadas. Lembre-se de que a palavra JULGAR significa exercer discernimento; às vezes pode significar condenar; e outras vezes, ambas as idéias estão presentes. Porém, é evidente que Jesus não está ensinando que todo julgamento é errado.

JULGAMENTO, OU DISCERNIMENTO, ACHA-SE NO ÂMAGO DA VIDA CRISTÃ.

2 comentários:

Anônimo disse...

Junior,

Ótimo e relevante texto. Infelizmente, a mentalidade evangélica hoje é aceitar tudo acriticamente. O resultado está aí.

Em Cristo,

Clóvis
Editor do Cinco Solas

Ronaldo Junior disse...

Paz Clóvis,

O resultado de se aceitar tudo goela abaixo é o que observamos no cenário evangélico brasileiro: Pessoas longe da Palavra de Deus.

Abraços

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