sábado, 18 de julho de 2015

As tocantes verdades da flor (Parte 7)


A perseverança dos santos
Chegamos ao último ponto da soteriologia reformada. Aqui, os oponentes do calvinismo se dividem. Muitos (especialmente entre os batistas) rejeitam os demais pontos, mas adotam esse. Outros rejeitam esse também (por exemplo, os assembleianos), dizendo que o crente tem de tomar muito cuidado para não perder a salvação. No cômputo geral, porém, a maioria dos arminianos acredita que o crente pode sim perder a condição de filho de Deus e herdeiro do céu.
Armínio nunca foi contra a doutrina da perseverança dos santos. Na verdade, ele disse apenas que acerca desse assunto era necessária uma reflexão maior. Assim, os que negam essa doutrina são os arminianos posteriores que tendem muito mais a centralizar no homem a responsabilidade por sua salvação.
A doutrina da perseverança dos santos é também chamada de doutrina da “preservação” dos santos e afirma que aqueles a quem Deus escolheu desde a eternidade e chamou de forma irresistível, ele também guarda da queda absoluta, sendo impossível que percam a salvação. Trata-se de um ensino que realça a segurança eterna dos salvos e fornece o fundamento teológico para a famosa fórmula: “Uma vez salvo, salvo para sempre”.
As bases bíblicas para a doutrina da perseverança dos santos são as seguintes: 
João 10.27-29 — Nesse texto, Jesus afirma que dá a vida eterna às suas ovelhas e que elas não podem perecer. Ele diz ainda que suas ovelhas estão em suas mãos e nas mãos do Pai, sendo que nada pode arrebatá-las dessas mãos.
Romanos 8.29,30,33-35,38,39 — Esses versículos indicam que aqueles que Deus predestinou serão fatalmente glorificados. Também destacam que os eleitos do Senhor estão acima de qualquer acusação e que absolutamente nada, no universo visível e invisível, pode separar essas pessoas do amor de Deus.
1Coríntios 3.15 — Esse texto ensina que, no dia do Tribunal de Cristo, até mesmo os crentes que o serviram mal serão salvos, deixando apenas de receber galardão.
1Coríntios 5.1-5 — Aqui Paulo fala de um crente que fornicava com a mulher do seu próprio pai. O apóstolo diz que esse homem devia ser expulso da igreja e afirma que, mesmo assim, ele seria salvo no dia do Senhor.
Efésios 1.13,14 — Nessa passagem, Paulo fala que os crente foram selados com o Espírito Santo da promessa e que esse selo é a garantia da sua herança até o dia da redenção (Ef 4.30).
1Coríntios 1.7,8, Filipenses 1.6, 1Tessalonicenses 5.23,24, 1Pedro 1.5; 5.10 e Judas 24,25 — Todos esses textos ensinam que é o próprio Deus quem firma o crente e o preserva em fidelidade até o último dia, sendo a perseverança dos santos uma obra dele operada em seus eleitos.
Mesmo diante de textos tão claros, os arminianos atacam ferozmente a doutrina da segurança eterna dos salvos. Geralmente, eles fazem isso alegando que esse ensino estimula o pecado e a lassidão espiritual. Segundo os arminianos, o crente que acreditar que a salvação não pode ser perdida não terá temor de Deus e viverá fazendo o que bem entende, sob a falsa segurança de que, de um modo ou de outro, irá para o céu.
Essas alegações, porém, decorrem da ideia nutrida pelos arminianos de que a fé salvadora é uma mera reação humana ao evangelho. Sabe-se, contudo, que, conforme já visto, a fé que salva é uma obra sobrenatural na vida daqueles que Deus escolheu. Essa fé sobrenatural é poderosamente transformadora e santificadora, sendo impossível que aquele que a tem viva continuamente no pecado, se revolvendo alegre na podridão deste mundo (1Jo 2.4,19). Decididamente, os que atacam a doutrina da perseverança dos santos com essas alegações não compreenderam o caráter transformador e renovador da fé salvífica (1Jo 5.4,5).
Os inimigos da preservação eterna dos santos também tentam basear suas ideias em alguns textos bíblicos. No próximo artigo vamos analisar brevemente esses textos.
(Continua)
Pr. Marcos Granconato
Soli Deo gloria

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