Um olhar por dentro das dez igrejas mais inovadoras da atualidade: o que fazem, como fazem e como aplicar suas idéias em sua igreja. Estas palavras constituem o título do livro de Elmer Towns que me caiu nas mãos. Há dez anos, nenhum título poderia causar tamanho impacto em meu coração como este o fez. Naquela época tudo que me interessava era descobrir o truque ou os truques para fazer uma igreja crescer. Creio que minhas motivações eram legítimas, mas isto não vem ao caso. O que quero mesmo compartilhar com você é que houve um tempo quando o grande sonho de minha vida era construir uma mega igreja brasileira. E o livro de Elmer Towns, do tipo how to (como fazer), era o mais exato símbolo daquilo que um jovem pastor local procurava com toda ansiedade: o truque para o sucesso ministerial.
Minhas prateleiras foram cheias de livros de administração e liderança. Ainda estão lá, e evidentemente não pretendo jogá-los fora. Até porque não me arrependo de tê-los estudado. Naqueles dias, eu estava convicto de que a maneira de expandir o ministério de minha igreja local era assimilando e adaptando as estratégias que grandes líderes empresariais haviam roubado da Bíblia. Meus interlocutores eram homens como Tom Peters, Ken Blanchard, Bob Waterman Jr., Warren Bennis, Peter Drucker, C. K. Prahalad, James Collins, Jerry Porras, Michael Porter e outros gurus da administração e gestão moderna. Os exemplares da Harvard Business Review, que eu recebia de presente de uma amigo especial, eram figurinhas carimbadas dos meus álbuns de infância.
Ainda convivo à distância, e com certa nostalgia, com Ricardo Semler, que me encantou com idéias nada ortodoxas registradas em seu livro Virando a própria mesa. Ainda fico de boca aberta quando me deparo com uma entrevista como a que Henrique Meirelles, presidente do FleetBoston Global, concedeu à revista Veja, uma pérola que eu chamaria “curso completo de liderança em cinco parágrafos”. Não consigo deixar de visitar a seção “Administração e negócios” das megalivrarias, e a mão coçou no bolso para comprar Liderando a revolução e Quem mexeu no meu queijo?, que discutem como administrar mudanças organizacionais.
Lembro-me saudoso das noites semanais quando me reunia com a Comissão de Planejamento estratégico da Igreja Batista de Água Branca para discutir sobre as declarações de visão e missão, definição do público-alvo, elaboração da estratégia, estabelecimento de diretrizes e metas e desenvolvimento do planejamento operacional para o período até o ano 2000. Agora mesmo, enquanto escrevo, estou rindo sozinho da cara de espanto que fizeram alguns executivos quando me apresentei como “pastor evangélico” durante o almoço do Seminário de Qualidade Total promovido pela Fundação Christiano Ottoni, num hotel cinco estrelas de São Paulo.
Perdi a conta das horas que passei debruçado sobre os livros e sentado em auditórios de congressos para pastores e líderes estudando conceitos e princípios de gestão organizacional e desenvolvimento de estruturas ministeriais. Olho para trás e , ao recordar os primeiros dias do meu ministério pastoral, vejo-me como um menino, cheio de sonhos, disposto a dar tudo para conseguir um ministério pastoral relevante. Hoje, contudo, passados quase vinte anos, tenho o coração voltado em outra direção. As últimas palavras de um livro que me fizeram chorar foram escritas por Eugene Peterson:
Os pastores estão abandonando seus postos, desviando-se para direita e para esquerda, com freqüência alarmante. Isso não quer dizer que estejam deixando a igreja e sendo contratados por alguma empresa. As congregações ainda pagam seus salários, o nome deles ainda consta do boletim dominical e continuam a subir ao púlpito domingo após domingo. O que estão abandonando é o posto, o chamado. Prostituíram-se após outros deuses. Aquilo que fazem e alegam ser ministério pastoral não tem a menor relação com as atitudes dos pastores que fizeram história nos últimos vinte séculos.
Os pastores se transformaram em um grupo de gerentes de lojas, sendo que os estabelecimentos comerciais que dirigem são as igrejas. As preocupações são as mesmas dos gerentes: como manter os clientes felizes, como atraí-los para que não corram para loja concorrente, como embalar os produtos de forma que os consumidores gastem mais dinheiro com eles. Alguns pastores são ótimos gerentes, atraindo muitos consumidores, levantando grandes somas em dinheiro e desenvolvendo excelente reputação. Ainda assim, o que fazem é gerenciar lojas. Religiosa, mas, de toda forma, uma loja. Esses empreendedores têm a mente ocupada por estratégias semelhantes às de franquias de fast food e, quando dormem, sonham com sucesso que atraia a atenção da mídia.
A verdade bíblica é que não existem igrejas cheias de sucesso. Pelo contrário, o que há são comunidades de pecadores reunidos semana após semana perante Deus em cidades e vilarejos por todo mundo. O Espírito Santo os reúne e trabalha neles. Nessas comunidades de pecadores, um é chamado de "pastor", que se torna responsável por manter todos atentos a Deus. É esta responsabilidade que tem sido completamente abandonada. Hoje entendo o provérbio bíblico: maior é aquele que conquista a si mesmo do que aquele que conquista uma cidade (Pv 16.32).
Referência Bibliográfica:
KIVITZ, Ed René. Outra Espiritualidade: fé, graça e resitência. São Paulo: Editora Mundo Cristão, 2006.
Minhas prateleiras foram cheias de livros de administração e liderança. Ainda estão lá, e evidentemente não pretendo jogá-los fora. Até porque não me arrependo de tê-los estudado. Naqueles dias, eu estava convicto de que a maneira de expandir o ministério de minha igreja local era assimilando e adaptando as estratégias que grandes líderes empresariais haviam roubado da Bíblia. Meus interlocutores eram homens como Tom Peters, Ken Blanchard, Bob Waterman Jr., Warren Bennis, Peter Drucker, C. K. Prahalad, James Collins, Jerry Porras, Michael Porter e outros gurus da administração e gestão moderna. Os exemplares da Harvard Business Review, que eu recebia de presente de uma amigo especial, eram figurinhas carimbadas dos meus álbuns de infância.
Ainda convivo à distância, e com certa nostalgia, com Ricardo Semler, que me encantou com idéias nada ortodoxas registradas em seu livro Virando a própria mesa. Ainda fico de boca aberta quando me deparo com uma entrevista como a que Henrique Meirelles, presidente do FleetBoston Global, concedeu à revista Veja, uma pérola que eu chamaria “curso completo de liderança em cinco parágrafos”. Não consigo deixar de visitar a seção “Administração e negócios” das megalivrarias, e a mão coçou no bolso para comprar Liderando a revolução e Quem mexeu no meu queijo?, que discutem como administrar mudanças organizacionais.
Lembro-me saudoso das noites semanais quando me reunia com a Comissão de Planejamento estratégico da Igreja Batista de Água Branca para discutir sobre as declarações de visão e missão, definição do público-alvo, elaboração da estratégia, estabelecimento de diretrizes e metas e desenvolvimento do planejamento operacional para o período até o ano 2000. Agora mesmo, enquanto escrevo, estou rindo sozinho da cara de espanto que fizeram alguns executivos quando me apresentei como “pastor evangélico” durante o almoço do Seminário de Qualidade Total promovido pela Fundação Christiano Ottoni, num hotel cinco estrelas de São Paulo.
Perdi a conta das horas que passei debruçado sobre os livros e sentado em auditórios de congressos para pastores e líderes estudando conceitos e princípios de gestão organizacional e desenvolvimento de estruturas ministeriais. Olho para trás e , ao recordar os primeiros dias do meu ministério pastoral, vejo-me como um menino, cheio de sonhos, disposto a dar tudo para conseguir um ministério pastoral relevante. Hoje, contudo, passados quase vinte anos, tenho o coração voltado em outra direção. As últimas palavras de um livro que me fizeram chorar foram escritas por Eugene Peterson:
Os pastores estão abandonando seus postos, desviando-se para direita e para esquerda, com freqüência alarmante. Isso não quer dizer que estejam deixando a igreja e sendo contratados por alguma empresa. As congregações ainda pagam seus salários, o nome deles ainda consta do boletim dominical e continuam a subir ao púlpito domingo após domingo. O que estão abandonando é o posto, o chamado. Prostituíram-se após outros deuses. Aquilo que fazem e alegam ser ministério pastoral não tem a menor relação com as atitudes dos pastores que fizeram história nos últimos vinte séculos.
Os pastores se transformaram em um grupo de gerentes de lojas, sendo que os estabelecimentos comerciais que dirigem são as igrejas. As preocupações são as mesmas dos gerentes: como manter os clientes felizes, como atraí-los para que não corram para loja concorrente, como embalar os produtos de forma que os consumidores gastem mais dinheiro com eles. Alguns pastores são ótimos gerentes, atraindo muitos consumidores, levantando grandes somas em dinheiro e desenvolvendo excelente reputação. Ainda assim, o que fazem é gerenciar lojas. Religiosa, mas, de toda forma, uma loja. Esses empreendedores têm a mente ocupada por estratégias semelhantes às de franquias de fast food e, quando dormem, sonham com sucesso que atraia a atenção da mídia.
A verdade bíblica é que não existem igrejas cheias de sucesso. Pelo contrário, o que há são comunidades de pecadores reunidos semana após semana perante Deus em cidades e vilarejos por todo mundo. O Espírito Santo os reúne e trabalha neles. Nessas comunidades de pecadores, um é chamado de "pastor", que se torna responsável por manter todos atentos a Deus. É esta responsabilidade que tem sido completamente abandonada. Hoje entendo o provérbio bíblico: maior é aquele que conquista a si mesmo do que aquele que conquista uma cidade (Pv 16.32).
Referência Bibliográfica:
KIVITZ, Ed René. Outra Espiritualidade: fé, graça e resitência. São Paulo: Editora Mundo Cristão, 2006.
18 comentários:
A vós graça, e paz da parte de Deus nosso Pai e do Senhor Jesus Cristo! Irmão Junior.
Deus seja louvado em todas as nossas atitudes, assim como a do amado, em ter uma "grande" igreja, assim podemos notar o Amor de Deus quando diz "aquele que deseja o episcopado, excelente obra deseja", pois, se assim almeja, é por que dentro de seu peito bate um coração voltado ao Senhor...
Mas louvado seja Deus, conforme o amado relata "Hoje, contudo, passados quase vinte anos, tenho o coração voltado em outra direção", pois sabemos que nos alerta nosso Salvador "Apascentai o rebanho de Deus, que está entre vós, tendo cuidado dele, não por força, mas voluntariamente; nem por torpe ganância, mas de ânimo pronto; Nem como tendo domínio sobre a herança de Deus, mas servindo de exemplo ao rebanho. E, quando aparecer o Sumo Pastor, alcançareis a incorruptível coroa da glória.", pois, se o homem de Deus, o pastor, não ter esta visão espiritual da responsabilidade que tem em suas mãos, dá-nos o Senhor Deus o exemplo da igreja de Laodicéia, uma igreja cheia de sucesso...
Deus abençoe ao amado por sua preciosa visita ao nosso humilde blog...
Fraternalmente.
James.
www.jesusmaioramor.blogspot.com
Excelente texto. Nunca é tarde para enxergar a Verdade!
Obrigado pela visita, amado.
Continue firme nesta obra abençoada - dentro e fora da internet. O Senhor é contigo!
Um fraterno abraço do irmão Sammis
http://arsenaldocrente.blogspot.com
Caro James,
Realmente, Jesus é nosso maior amor!
Não sei se o irmão percebeu, mas o texto em apreço é de nosso irmão e Pr. Ed René Kivitz, conforme registro na referência bibliográfica.
Assim como ele percebeu a tempo, que outros possam fazer o mesmo e trocar o how to (como fazer) pelo to be (ser, estar).
No amor de Cristo,
Junior
Junior,
Graça e Paz,
da parte de Cristo,
sobre tua vida.
Penso que tuas reflexões
compartilhadas no blog
são muito pertinentes.
Por isso, vou tomar a
liberdade de linkar o
blog Reflexões do Reino
no meu blog, OK?
Um abraço fraterno,
Elias Aguiar
Amado Sammis!
Obrigado pelas palavras de incentivo.
Que Deus continue a ser benevolente para contigo.
Abraços
Junior
Prezado Elias!
Fico muito honrado com sua visita. Suas palavras muito me animam para prosseguir.
Fique a vontade para me linkar. Estarei divulgando seu Blog também.
Fraternalmente
Junior
Doeu! Ai, ai e ai. Mas é a verdade. Quando vc lê um livro de Administração Eclesiástica, estilo George Barna, exclama: Que maravilha! Por que ainda não o puseram em prática? Quando chega ao mundo real, tem vontade de enchê-lo de socos (não me tome por violento é apenas figura de linguagem). Não que o conteúdo dos livros seja totalmente desnecessário, é que não há nada novo debaixo do sol, e a liderança constrói usando um tijolo de cada vez. O resto é conversa para vender livros.
Aliás, desconfie daqueles que apenas dão conselhos. Eles são ótimos para fugir da responsabilidade. Ponha a carga sobre eles e verá se não desistem!
Grande Daladier!
Fico feliz por sua visita e enriquecimento neste humilde espaço. Sua colocação é a mais pura verdade.
Graça e Paz sobre ti.
2 Co 11.3 - Mas receio que, assim como a serpente enganou a Eva com a sua astúcia, assim também seja corrompida a vossa mente e se aparte da simplicidade e pureza devidas a Cristo.
Infelizmente o que tem havido é isso: pessoas se desviando da simplicidade, buscando "fidelizar" os seus clientes, querendo fazer de "Pequenas Igrejas, Grande Negócios". Até onde isso vai? Até a vinda de Cristo, então o joio será separado do trigo e veremos quem serve a Deus e quem não serve.
Paz ao Junior e aos leitores!
Que texto inteligente!
e eu concordo, eu acho que muitos pastores estão agindo como empresários de loja! e tem aqueles que se preocupam com a "concorrente" no caso, uma outra igreja. Fazem de tudo para fidelizar o crente na igreja e não um Deus! Parece que se uma igreja tem menos número de membros, é como se o pastor tivesse tendo prejuízo aí tem gente que utiliza várias tecnicas para que isso aconteça mas, um igreja que prega a verdadeira palavra de Deus sempre será abençoada!
Boa Noite!
Grande Paulo Adriano!
Suas colocações são pertinentes.
Adorei seu trocadilho "Pequenas Igrejas, Grandes Negócios".
Oremos para que estes líderes regressem ao Caminho.
Feliz por sua presença aqui.
Junior
Prezada Polêmica!
Fico grato por sua contribuição neste espaço. Volte sempre.
Nesta questão de "fidelizar" o "cliente", vale tudo.
É lamentável ver supostos homens de Deus brigando para terem mais clientela. E o apelo quanto ao dízimo fica cada vez mais forte.
Só temos a lamentar e orar.
Graça e Paz sobre ti.
Prezado Júnior,
Excelente texto esse do Ed René. Provocativo, lúcido e inteligente. Gostei muito da citação do Eugene Peterson, comparando os pastores a gerentes de loja. É uma triste verdade. Obrigado pela visita ao meu blog e pela citação do mesmo neste espaço.
Abraço.
Olá amado,
Passa no meu blog que tem uma homenagem ao Reflexões do Reino.
A Paz do Senhor.
Caro Juber!
Sua participação é sempre muito bem vinda em nosso espaço.
Sinta-se a vontade sempre que quiser nos brindar com sua presença por aqui.
Abraços
Junior
Amado Agnaldo!
Fico enormemente grato por esta homenagem. É sempre uma honra ser indicado por nossos irmãos.
O "Desperta Igreja" também tem minha recomendação.
Abraços
Grande Junior, paz de Cristo!!! Vim retribuir a tua visita e gostei deste texto, até mesmo pelo fato do mesmo fazer parte daquilo que penso sobre a busca desenfreada de muitos pastores em promover os seus respectivos ministérios, esquecendo-se eles de que um planta, outro rega, mas Deus é quem dá o crescimento. Se ao invés de transformarem suas igrejas em lojas, estes mesmos pastores confiassem no poder e providência de Deus, com certeza seus ministérios seriam bem mais frutíferos e prosperos, pois Ele é o dona da igreja, os pastores somente administram!!! Grande abraço meu querido irmão, pretendo voltar aqui mais vezes, pois é muito edificante e cristão o teu Blog!!!
A PAZ DO SENHOR! GOSTARIA DE DEIXAR BEM CLARO QUE O PROCEDER DE VÁRIOS "HOMEM DE DEUS" TEM ME DEIXADO PERPLEXO, POIS NÃO ESTÃO PREOCULPADOS COM O BEM ESTAR DAS SUAS OVELHAS, MAS SIM EM COLOCAR SEUS NOMES EM OUTDOOR, NÃO FAZER FICAR CONHECIDO O REINO DE DEUS, MAS SIM O SEU PRÓPRIO NOME.
NÃO PODEMOS DEIXAR ESSE ASSUNTO CONTAMINAR NOSSOS OSSOS, PORQUE COMETERIAMOS O MESMO ERRO, EM NÃO SE PREOCULPAR COM AS ALMAS, MAS VIVERÍAMOS PARA COMBATÊ-LOS.
TEMOS QUE SER EXEMPLOS COMO PAULO, QUE VIVEU EM UMA ERA CORROMPIDA, MENTIROSA... MAS O SEU CAMINHAR FEZ DIFERENÇA. TEMOS QUE COMBATER SIM OS FARISEUS, MAS O FOCO PRINCIPAL SÃO AS ALMAS. PAILO MALOU QUE PREGUEM O EVANGELHO DEJA POR PORFIA, GANÂNCIA .... DEIXA ESSES AMENTES DE SI MESMO PREGAREM, CHEGARÁ O SEU DIA DE PRESTAR CONTAS, AS ALMAS QUE VEM ATRAVÉIS DELES QUE DEU TEM SE PREOCULPADO.
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