sábado, 3 de setembro de 2011

Uma igreja desiludida. Que bom!

Já li muitas definições sobre pós-modernidade. Digamos que a que mais me tocou foi a de que a modernidade não foi suficiente para atender os anseios mais profundos da alma humana. O avanço tremendo da ciência não nos trouxe segurança, ainda morremos de dengue. A tecnologia prometeu sabedoria ilimitada e o máximo que fez foi nos lançar dentro de um universo de informações sem fim. A filosofia finalmente começou a fazer as perguntas corretas, só estamos mais confusos do que antes. O pós-moderno é um desiludido. Tudo aquilo que parecia impossível, nós humanos fizemos, e não foi o bastante.

Acredito que este fenômeno se repete na igreja brasileira evangélica hoje. Nunca fomos tão notados. Ainda que muitas vezes pelos motivos mais absurdos, hoje a igreja evangélica chama a atenção. Somos grandes. Somos um gigante que atrai os olhos do mercado, nossos cantores, antes limitados aos ambientes eclesiásticos, estão no Faustão. Temos mega-templos, programas de televisão, transmissão de cultos ao vivo na interntet. Somos citados nos discursos dos políticos. De vez em quando colocam nossos pulpitos em suas agendas. Somos capa de revistas populares.

Contudo tenho percebido uma impulsão neste movimento. Uma desilusão. Por um momento pensamos que era isso que precisávamos fazer na história. Ir para debaixo dos holofotes e sermos admirados, atraindo assim o mundo pra dentro de nós. Quem sabe, de maneira ingênua, fomos seduzidos por um orgulho que sarou uma auto-imagem bastante ridicularizada no século XX. Saímos de um extremo e caimos no outro, na minha leitura, muito pior.

Mas a desilusão chegou. O pote de ouro não estava no fim do arco-íris. Esta igreja evangélica que está na mídia não é sinal histórico do Reino de Deus. Começamos a perceber que dirigimos numa estrada no sentido errado por muito tempo. Além dos resultados serem bastante questionáveis, tudo isto nos trouxe um peso muito grande, de manter a aparência de uma igreja moderna, “plugada”, “relevante”. Mais ou menos o preço que se paga para continuar na moda a cada estação. Estamos desiludidos e cansados.

Os livros com a temática da Missão Integral começam a ser mais vendido. Os discursos começam a ficar mais simples e o “Evangelho puro e simples” de C.S. Lewis começa a ser desejado. Ontem no lançamento do Livro de René Padilha, Valdir Steuernagel mandou esta frase: “A igreja deve se posicionar na sociedade na posição do serviço e não da conquista.” Libertador.

Talvez seja otimismo da minha parte, mas prefiro crer que está chegando um tempo de desilusão na igreja evangélica brasileira. Onde discipular as pessoas no caminho de Jesus é o nosso negócio. Simples assim. E as luzes e os amplificadores da mídia não nos seduzem mais. Mas o estabelecimento do Reino de Deus no coração de todos e cada um.

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