terça-feira, 6 de abril de 2010

Percepções


Percebi que a igreja evangélica anda a passos largos para uma decadência igual ou superior a acontecida na Europa nos idos do séc. XIX, todavia, creio nas Escrituras quando falam dos sete mil joelhos remanescentes que não se dobrarão a esse paganismo pós-moderno.

Percebi que a má formação da liderança evangélica é uma das maiores causas dessa crise desmedida em nossos guetos eclesiásticos, portanto, urge que as novas safras de líderes que se levantam sejam mais prudentes em seus ensinos e pregações, colocando a Bíblia no seu devido lugar – como primazia.

Percebi que o movimento pentecostal tem se enveredado por um misticismo exacerbado com uma junção de espiritismo carregado de feitiçaria, por isso, é mister que os pentecostais “cheios do poder” dêem menos importância ao dom de línguas e busquem diligentemente o vínculo da perfeição que é o amor. Quando isso acontecer, teremos menos gritaria em nossos cultos e mais manifestações das virtudes do fruto do Espírito.

Percebi que não agüento ficar mais de dez minutos em ambientes cúlticos de muito barulho e gritaria. Talvez, nessa minha peregrinação tenho me simpatizado mais com o tradicionalismo histórico do que pelo movimento pentecostal, porém, não sou cessacionalista, creio na manifestação contemporânea dos dons espirituais.

Percebi que o cristão que exala o bom perfume de Cristo não é aquele cheio dos dons espirituais, mas sim, aquele que é cheio do Fruto. Portanto, faz-se necessário que ensinemos aos neófitos a buscarem menos poder, fama e sucesso, pois essa trindade maldita começa pela busca desenfreada dos dons espirituais sem propósito de edificação.

Percebi que o exercício da contemplação e meditação são fontes mais eficazes de intimidade e relacionamento com Deus – pena que muitos insistem em um relacionamento (relacionamento?!) de barganha, troca e mercantilização das benesses de Deus. Enquanto isso, os mercadejantes da fé se apropriam da emotividade do povo leigo fazendo com que voltemos a Idade das Trevas onde se acreditavam que no tilintar de uma moeda no gazofilácio, uma alma era liberta do purgatório para o céu.

Percebi que os desbravadores da fé nos lançam no inferno se não retirarmos o “melhor” de nossas carteiras nos chamando até mesmo de trouxas quando ofertamos com amor e sem sentimento de toma-lá-dá-cá. Segundo os “profetas” da prosperidade, temos que dar e exigir que Deus nos retribua em dobro. Receio que a Bíblia apócrifa deles esteja isenta das palavras de Paulo aos coríntios quando diz que o nosso generoso ato de ofertar deve ser sempre voluntário, com alegria e segundo a prosperidade de cada um.

Enfim, necessário é que nossas percepções estejam cada vez mais aguçadas para que não caiamos nas sutilezas dos lobos travestidos de pastores, pois o que Jesus disse sobre matar, roubar e destruir (Jo 10.10) nada tem a ver com o diabo e sim com os mercenários, ladrões e salteadores da fé.

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