Bem que tentei ouvir as mensagens triunfalistas dos evangelistas modernos e fazer delas meu modus vivendi, mas me decepcionei.
Bem que tentei envernizar minha voz para manipular os auditórios carentes de Deus.
Bem que tentei ser um levita, mas compreendi que levitas eram os descendentes de Levi, e por isso não me reportarei aos movimentos judaizantes.
Bem que tentei fazer da mensagem do evangelho meu ganha pão, fazendo tipo de evangelista que diz que “vive da fé”, com falsos pensamentos piedosos de que tudo é para glória de Deus.
Bem que tentei acreditar nas promessas messiânicas dos profetas hodiernos, sempre em busca de exaltação.
Bem que tentei ser mais conservador, fundamentalista e ortodoxo, mas a graça me alcançou.
Bem que tentei ser mais devoto à instituição Igreja, fazendo dela uma mãe, assim como fazem os universais (católicos).
Bem que tentei até mesmo abandonar a igreja, mas dou a mão à palmatória para os calvinistas que crêem na graça irresistível e na eleição incondicional.
Bem que tentei ser calvinista, mas entendi que por soberania divina, Ele optou por me dar liberdade de escolhas, e por isso me amou.
Não sei bem quando isso me pegou, só sei que aprendi a pensar “fora da caixa”.
Às vezes me pergunto se estou desviado, e algo me diz que sim. Desviei-me dos pensamentos infantilizadores que faziam de Deus um deus.
Confesso que até tentei me coadunar com o sistema religioso, mas percebi que é regredir demais.
Como diz um prestimoso pastor: “Enfim, morreu em mim aquele deus parecido com a figura idealizada de um superpai, que levou homens como Freud, Nietzsche e Sartre a desdenhar da religião”. E continua: “O deus que morreu foi exaltado na subcultura da religiosidade evangélica brasileira. Era basicamente um deus que: 1) vivia de plantão para me poupar de qualquer tragédia, evitar meus sofrimentos e abreviar as situações que me trariam qualquer desconforto; 2) prometia satisfazer não apenas minhas necessidades, mas também meus desejos; 3) estava comprometido com favorecer-me em todas minhas demandas contra os pagãos; 4) compensava minhas irresponsabilidades e ignorâncias em troca de minha fé; 5) manipulava todas as circunstâncias de minha vida como um tapeceiro que corta fios e dá nós no emaranhado do avesso do tapete para revelar a bela paisagem no fim do processo, capaz de encantar todos aqueles que olham pelo lado certo.
Experimentei a metanóia, que chamam "arrependimento". Vivo sob valores, prioridades e propósitos diferenciados. Conhecer a Deus me faz andar na luz, na verdade, livre de pesos, culpas e máscaras, e isso já basta para que minha vida dê um salto de qualidade imensurável.
.
Eu até que tentei...
Eu até que tentei...
3 comentários:
Junior,
"Bem que tentei até mesmo abandonar a igreja, mas dou a mão à palmatória para os calvinistas que crêem na graça irresistível e na eleição incondicional.
Bem que tentei ser calvinista, mas entendi que por soberania divina, Ele optou por me dar liberdade de escolhas, e por isso me amou."
Que não seja por isso. Nós calvinistas não negamos a liberdade de escolha e sim a capacidade de fazer boas escolhas à parte da graça de Deus.
Caro Clóvis,
Entendo sua posição quanto à "capacidade de fazer boas escolhas", mas não entenda a minha colocação como uma afronta aos irmãos calvinistas. Não tenho nada contra calvinistas, nem arminianos, apenas foi uma expressão contra a rotulagem do nome "calvinista". Gosto muito da doutrina reformada, mas não me rotulo calvinista, assim como não é de se jogar fora a doutrina arminiana, mas o equilíbrio é essencial. Esse discurso parece meio relativista, de alguém teologicamente fraco, mas prefiro caminhar em meio aos aparentes paradoxos.
Abraços
Junior
Postar um comentário