quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Entrevista com Leandrão

Em uma edificante entrevista cedida ao Reflexões do Reino, Leandro "solta o verbo" e fala tudo.

Leandro Duarte de Oliveira atende por Leandrão no círculo dos amigos. Pessoa carismática e de forte personalidade, posa de pai coruja nos momentos com sua filha Ana Clara e sustenta a característica de ótimo esposo com sua amada Thaís Lopes de Oliveira.

Além de chefe de família, com seus 34 anos, Leandro é formado em Análise, Projeto e Gerência  de Sistemas na Instituição Pontíficia Universidade Católica do RJ e atualmente estuda Teologia no Instituto e Seminário Shalom.

Membro da Assembleia de Deus de Jacarepaguá (Taquara) sob a liderança do prestimoso Pastor Gilberto Gonçalves Malafaia, Leandro nos revela seus maduros pensamentos sobre diversos assuntos, falando-nos sobre família, planos para o futuro, teologia, política e outros.

Reflexões do Reino: Apesar de ter passado toda sua infância e adolescência na igreja, quando se deu, de fato, sua conversão?

Leandrão: Eu já nasci convertido. Brincadeira! Foi em um retiro espiritual (bons tempos). Estávamos reunidos em grupos de 15 pessoas orando de mãos dadas, o pastor perguntou se alguém queria aceitar Jesus. Nesse momento tive vontade de me apresentar e me questionei: “Eu com vontade de me converter? Sou crente desde criança. Todo mundo sabe que sou crente.”, mas fui tomado por uma necessidade enorme de dizer que eu queria me converter, então apenas fui. Quando percebi, já estava de joelhos com o Toninho Malafaia ao meu lado me abraçando e dizendo: “Muito bom Leandro! Valeu cara! Deus te abençoe.”

Depois da oração, umas pessoas me perguntaram: “Pensei que você já fosse crente, não era não?”. Eu respondi: “Eu também achava, mas pelo visto eu era filho de crente”.

Mas vou ser sincero, vivo em conflito porque não me considero convertido. Existem dias que consigo me considerar um pouquinho como tal, mas existem inúmeros dias que tenho vergonha das minhas atitudes e pensamentos. Quando estou nesse conflito, eu tiro uma cola do que Paulo diz em Romanos 7. Fica a dica de leitura!

Reflexões do Reino: Apesar da pouca idade, você experimentou uma mudança de gerações dentro da Assembleia de Deus. Em sua opinião, qual foi o maior problema nesse choque (conflito) de gerações? Você sente falta de alguma coisa da geração de sua adolescência que se perdeu nos tempos modernos?

Leandrão: Qualquer mudança é difícil de ser aceita. Mudanças geram situações que não esperamos, nos tiram da inércia, nos levam a pensar, questionar e, principalmente, ter um sentimento de perda. Seja a perda do que ficou para trás, ou ter que abrir mão de algo em função do que é novo.

No meu ponto de vista, a igreja (estou falando de todas) deveria tratar o processo evolutivo de suas gerações de maneira diferente. Não há mais interesse no que foi bom no passado; lembro que em minha adolescência, os mais velhos faziam questão em ressaltar bons exemplos das gerações anteriores e gostávamos disso. Olha que tenho apenas 34 anos.

Para ser mais claro, vou tomar os adolescentes como exemplo. Para a maioria dos nossos adolescentes de hoje, o passado é algo desinteressante, sem propósito e não condiz com a realidade. Recentemente tive acesso a uma pesquisa que mostra que com o advento da globalização o ser humano absorve em um ano o dobro de informação que ele absorveu em todos os anos anteriores da sua vida. Com tanta coisa a absorver e com tanto movimento de idéias, o passado tem perdido seu valor porque nós estamos o ignorando. Mas é no passado que estão nossas origens e, ignorando-o, acabamos esquecendo o que somos e de onde viemos.

Os líderes atuais estão valorizando coisas que não nos levam as nossas origens, hoje a palavra principal é olhar somente para frente em todos os sentidos e ter vitórias pessoais. Resumindo, o maior problema nesse choque de gerações que você mencionou, principalmente para a igreja, tem sido a falta de sabedoria para preservar valores do passado que estão se perdendo com a enxurrada de informações que temos nos dias de hoje.

Vale ressaltar que a figura do evangélico hoje (estou falando de Brasil) está bem mais exposta; vou exemplificar: para divulgar qualquer escândalo, antes do mundo globalizado, era necessário um esforço enorme por parte dos meios de comunicação, atualmente bastam dois ou três cliques e a notícia foi “enviada”. Logo, mesmo sabendo que os líderes do passado não eram “super-heróis”, não sabíamos das suas falhas com a frequência que sabemos hoje. A igreja brasileira não está preparada para lidar com essa facilidade de troca de informações, pois antes o que ficava escondido nos “bastidores”, hoje vem à tona em segundos e a vida de um pastor ou cantor é exposta.

Reflexões do Reino: Como você definiria o atual momento da igreja evangélica no Brasil?

Leandrão: Quando uma pessoa vai a um restaurante, ela analisa o cardápio, se o cardápio não tiver o que venha agradá-la, ela simplesmente levanta e procura outro restaurante, logo os restaurantes se preocupam em ter cardápios variados que agradem a todos. Percebo que as igrejas estão montando seu cardápio inspiradas nos restaurantes, identificando o que as pessoas querem e atendendo-as como clientes.

Você deve estar pensando: “Leandrão, qual o problema? Essa diversidade é boa!”. Concordo com você, mas me deixa concluir o raciocínio.

A fome que chegamos ao restaurante é do corpo e a fome que chegamos às igrejas é a fome da alma ou, se preferir, do espírito, aquela que é moldada à imagem de Deus, é a fome de justiça, da moral, dos princípios que estão presentes em nós, mas em muitas vezes vamos à nossa igreja alimentar a nossa carne e os princípios de Deus presentes em nós não são alimentados. Hoje as igrejas estão focando em alimentar mais a carne e menos ao espírito.

Reflexões do Reino: Qual a saída, ou uma solução, para sermos uma igreja relevante no seio da sociedade? Onde está o problema mor?

Leandrão: A solução é mudar o cardápio. É simples! Temos que mostrar que a salvação é o prato principal. Não estou sendo contra o culto da família, vitória, descarrego e etc. Tenho esses cultos como muito importantes, mas nenhum deles é o prato principal. O prato principal é salvação e amor ao próximo (doutrina bíblica).

Não posso deixar de falar que tem muita gente focada no prato principal. Tomo a liberdade para citar dois casais que trabalham muito no cardápio que julgo ideal. Primeiro, Reinaldo e Adriana. Eles fazem um trabalho, no meu ponto de vista, excelente na congregação Valqueire (uma das congregações da igreja que pertenço). Acompanho por fotos e por outros meios que me possibilitam saber como estão as pessoas lá e vejo frutos. Estão focando na comunidade em que estão inseridos e fazendo a diferença. Unem o social e salvação, uma fórmula eficaz. Segundo casal, Renato e Fátima, congregação de Santa Cruz (também uma congregação da igreja que pertenço). Esse lugar acompanho mais de perto e acredito que o caminho traçado lá é bem interessante. Em Santa Cruz, o foco é a doutrina bíblica, posso dizer que lá eles estudam a Bíblia na intenção de alcançar salvação. Sei que em ambos os lugares, há culto de libertação, família, vitória e outros, mas a salvação e transformação de vidas está em primeiro lugar.

Não citei outras congregações porque não tenho conhecimento do que fazem atualmente, por isso não falei, somente por isso mesmo. Citei essas duas para exemplificar e responder sua pergunta.

Reflexões do Reino: Já fiz essa pergunta antes para um de nossos entrevistados, mas não custa nada reproduzirmos; temos visto um crescimento numérico muito grande em nossas igrejas. Alguns mais otimistas dizem que estamos passando por um avivamento; os mais pessimistas dizem que estamos somente inchando. Como você vê esse crescimento exacerbado?

Leandrão: Desculpa, mas tenho que aproveitar o gancho da resposta anterior. Um bom cardápio faz o restaurante ficar lotado. O cardápio das igrejas tem andado atraente, logo, as igrejas estão lotadas.

Já teve a experiência de comer em um bom restaurante no dia das mães, namorados e etc? Os garçons ficam loucos, é uma correria e as coisas acabam não acontecendo da maneira ideal. Outro dia fui a um restaurante que estava lotado, pedi uma sobremesa que eu e minha esposa adoramos e infelizmente o prato veio sujo, o sorvete com gosto ruim e, para piorar, o bolo não estava na temperatura ideal. Sim, era um Petit Gateau! (rs)

Aonde quero chegar? Igreja lotada, no meu ponto de vista, não significa que está bem. O atendimento precisa ser de qualidade. Os pastores precisam saber os nomes das pessoas, precisam telefonar para elas, saber que um bebê está com febre e conversar e orar com os pais. Não vejo essa organização e nem esse foco nos dias de hoje. Eu recebo este tratamento, pois tenho muitos amigos na minha igreja, são 34 anos que estou lá e amo e sou amado por muitos. Tive problemas sérios no nascimento da minha filha, mas meu pastor estava literalmente do meu lado, foi me visitar no hospital, ele não precisou falar muito, simplesmente esteve lá e chorou conosco, mas as outras pessoas que passaram pelo mesmo problema em outras igrejas? Tiveram seu pastor ao lado? Sei que não tiveram, pois conheço inúmeros casos. Essas pessoas tiveram acompanhamento de membros da igreja, da família, mas não do seu pastor. Isso ficou no passado, sinto muita falta disso. Há pastores esforçados que tentam desempenhar bem essa função, mas são tantas ovelhas que o trabalho de pastor tem se tornado impossível e os pastores atualmente são mais pregadores (conferencistas) e administradores do que realmente pastores. E quanto mais membros, maior a dificuldade de ser pastor e consequentemente da igreja ser igreja.

Reflexões do Reino: Falando um pouco de Teologia, como você vê o avanço da famigerada Teologia da Prosperidade?

Leandrão:Vão rir de mim, mas eu gosto dela. Tem coisa boa, o problema é o uso. Os doutores portadores do diploma da prosperidade estão usando-a para seu proveito. Estão literalmente enganando muita gente com punhado de terra de Israel, com meia de R$ 150,00 que cura (isso mesmo, meia de colocar no pé), com R$ 911,00 mensais, com pregações que levam as pessoas a acreditarem que sem trabalho terão riquezas e etc. No meu ponto de vista isso é estratégia de satanás para acabar conosco e mudar o nosso foco!

Eu quero ser próspero, busco a Deus para me abençoar também, mas a palavra para o homem foi: “do suor do teu trabalho”. É trabalhando, estudando, tendo bons relacionamentos e não dando R$ 100,00 para receber R$ 1.000,00. Ou dar R$ 1.000,00 para receber uma rica oportunidade de trabalho no prazo máximo de um ano como vi, chorando, outro dia na TV. Isso é errado, porém as pessoas literalmente compram essa idéia!

Não deixarei de mencionar que prosperidade não é só financeira, mas já colocaram essa “balela” na cabeça do povo. É importante lembrar que Deus nos quer prósperos na nossa saúde, na nossa família, nos estudos, no relacionamento com o próximo, no caminho da nossa salvação e etc. Sei que há divergências e tem muitos equívocos em tal teologia, mas por que não retermos o que é bom?

Reflexões do Reino: Durante a história da igreja, no decorrer dos séculos, apareceram muitas correntes teológicas arrazoando para si o direito de “doutrina perfeita”. Das principais que conhecemos (Teologia da Libertação; T. da Esperança; Calvinismo; Arminianismo; T. Liberal e da Prosperidade), quais você acha que contribuíram para o pensamento teológico e quais foram as que mais afetaram a igreja?

Leandrão: Pode ser que não pareça, mas sou otimista. Usando cada teologia com olhar fixo em Jesus podemos extrair coisas muito boas.

Não entrarei em detalhes em todas, citarei uma para justificar meu raciocínio. A teologia liberal diz que a Bíblia tem erros, diz que há vários mitos no escrito bíblico, analisa as escrituras de uma forma diferente da que nós pentecostais estamos acostumados. Confesso que ao conhecê-la fiquei chocado, porém fui confrontado pelo próprio Deus. Parecia que Ele me falava: “Rapaz, por que não? Pode ser que esteja certo, qual o problema? Vai estudar!”. Pois é, fui estudar e descobri que temos que pensar em várias possibilidades e enxergar a PALAVRA DE DEUS de vários ângulos para aprimorarmos nosso conhecimento sobre Ele a cada dia. Confesso que não sou adepto dessa teologia, mas há pontos que eu utilizo no meu estudo e me ajudam muito, vou exemplificar. Primeiro, leio a Bíblia como um livro de teologia, depois eu volto a ler o mesmo texto com um livro da história do homem, depois eu leio como um livro de ciência, depois como um livro de registros históricos de um povo e, por fim, releio como um livro de teologia. Meu amigo, eu aprendo muito!

Concluindo, todas as teologias contribuem para o crescimento do caráter de Cristo em nós, desde que retenhamos somente o que é bom.

Reflexões do Reino: Quais são seus planos para o futuro? Já pensas no segundo filho (a)?

Leandrão: Pretendo me dedicar mais a minha família e ao meu pequeno projeto que foi abrir uma empresa de desenvolvimento de sistemas. Estou empenhado em crescer como empresa e como pai e marido, mas para isso é necessário mais tempo e estou abrindo mão de algumas coisas no momento.

Eu e Thaís estamos revendo algumas coisas na nossa vida. Uma dessas coisas é decidir se teremos ou não o segundo filho(a).

Reflexões do Reino: Quais literaturas têm moldado seus pensamentos, tanto na área profissional, acadêmica ou teológica?

LeandrãoProfissional: Não tenho lido nada. Fiz um acordo com Deus sobre leitura e neste acordo, durante o seminário, meu foco é somente teologia. Livros e estudo da área profissional só após os quatro anos do curso. Pode parecer radical, mas você não tem idéia de como tenho ganhado com isso. Eu sei, é coisa de maluco mesmo.

Acadêmica e Teológica
  • Entendes o que lês? - Gordon D. Fee & Douglas Stuart;
  • Conhecendo as Doutrinas da Bíblia – Myer Pearlman;
  • História dos Hebreus – Flávio Josefo; 
  • Os perigos da Interpretação Bíblica - D. A. Carson; 
  • Costumes e Culturas - Bárbara Burns, Décio de Azevedo & Paulo Barbero F. de Carminati; 
  • É proibido – Ricardo Gondim entre outros, mas no momento leio e estudo esses.


Reflexões do Reino: Quais são seus melhores amigos nessa caminhada cristã? Teria algum desafeto?

Leandrão: Na família: Thaís Cristina Lopes de Oliveira, Cleide Duarte de Oliveira, Márcia Lopes.

Amigos: Ana Lúcia Barbosa Jorge, Eduardo Jorge, Carlos Eduardo Rolim, Andréa Rolim, Eneide Ferreira, Lonir Ferreira, Renato Martins, Fátima Martins, Pastor Gilberto Malafaia, Pastor Gilberto Macedo, Wander Damasceno. NÃO NECESSÁRIAMENTE NESSA ORDEM.

Desafetos: sei que tenho muitos desafetos sem sabê-los, conquisto-os por falar o que penso. Esse meu comportamento objetiva que saibam o que penso e me corrijam quando errado ou concordem comigo quando estiver certo. É bem melhor do que não saberem minhas posições e sempre me verem como uma pessoa omissa. Se há algo que não tolero é omissão.

Reflexões do Reino: Qual seu envolvimento na campanha de seu amigo Marcos Leite a vereador? Pensas em se embrenhar na carreira política?

Leandrão: Ainda não me envolvi ativamente. Já conversei com ele, é meu amigo pessoal e terá meu apoio.

Tenho uma opinião forte sobre política: não é possível passar um filete de água limpa em um cano de esgoto. A política é o cano de esgoto!

Reflexões do Reino: Finalizando, gostaria de agradecer pela paciência e pelo tempo disposto a nós aqui do RR. Deixe um recado aos nossos leitores?

Leandrão: Eu que agradeço. Não me acho digno do seu convite. Vi seus entrevistados e me senti envergonhado, pois não tenho uma boa escrita e não me considero alguém relevante como seus entrevistados, porém, agarro-me a Eclesiastes 9.10: “Tudo quanto te vier à mão para fazer, faze-o conforme as tuas forças, porque na sepultura, para onde tu vais, não há obra nem projeto, nem conhecimento, nem sabedoria alguma.”

Para seus leitores, deixo esse recado:
Podemos julgar as atitudes das pessoas, mas devemos nos movimentar para ajuda-las. Podemos criticar o que quisermos, mas devemos pensar na solução do problema. Podemos expressar nossas opiniões, mas devemos tentar sempre fundamentá-las. Podemos nos rebelar por uma boa causa, Jesus é um bom exemplo, mas devemos nos submeter quando estivermos sem razão. Podemos discordar e debater com a nossa liderança, mas devemos acatar suas decisões quando decidimos nos submeter. Moramos em um país livre! Deus nos criou e nos dotou de raciocínio! Somos à imagem e semelhança dEle.
Não podemos ficar calados e entrar na “conversa” de somente deixar Deus agir. Se a ordem fosse somente depender da ação de Deus, a Bíblia não teria os termos “marche”, “tenha bom ânimo”, “levanta-te” e etc.

Criticar, rebelar e discordar não é pecado, desde que a Bíblia seja a base de seus argumentos. 

Um forte abraço, e fiquem na PAZ DE DEUS!

sábado, 3 de setembro de 2011

Uma igreja desiludida. Que bom!

Já li muitas definições sobre pós-modernidade. Digamos que a que mais me tocou foi a de que a modernidade não foi suficiente para atender os anseios mais profundos da alma humana. O avanço tremendo da ciência não nos trouxe segurança, ainda morremos de dengue. A tecnologia prometeu sabedoria ilimitada e o máximo que fez foi nos lançar dentro de um universo de informações sem fim. A filosofia finalmente começou a fazer as perguntas corretas, só estamos mais confusos do que antes. O pós-moderno é um desiludido. Tudo aquilo que parecia impossível, nós humanos fizemos, e não foi o bastante.

Acredito que este fenômeno se repete na igreja brasileira evangélica hoje. Nunca fomos tão notados. Ainda que muitas vezes pelos motivos mais absurdos, hoje a igreja evangélica chama a atenção. Somos grandes. Somos um gigante que atrai os olhos do mercado, nossos cantores, antes limitados aos ambientes eclesiásticos, estão no Faustão. Temos mega-templos, programas de televisão, transmissão de cultos ao vivo na interntet. Somos citados nos discursos dos políticos. De vez em quando colocam nossos pulpitos em suas agendas. Somos capa de revistas populares.

Contudo tenho percebido uma impulsão neste movimento. Uma desilusão. Por um momento pensamos que era isso que precisávamos fazer na história. Ir para debaixo dos holofotes e sermos admirados, atraindo assim o mundo pra dentro de nós. Quem sabe, de maneira ingênua, fomos seduzidos por um orgulho que sarou uma auto-imagem bastante ridicularizada no século XX. Saímos de um extremo e caimos no outro, na minha leitura, muito pior.

Mas a desilusão chegou. O pote de ouro não estava no fim do arco-íris. Esta igreja evangélica que está na mídia não é sinal histórico do Reino de Deus. Começamos a perceber que dirigimos numa estrada no sentido errado por muito tempo. Além dos resultados serem bastante questionáveis, tudo isto nos trouxe um peso muito grande, de manter a aparência de uma igreja moderna, “plugada”, “relevante”. Mais ou menos o preço que se paga para continuar na moda a cada estação. Estamos desiludidos e cansados.

Os livros com a temática da Missão Integral começam a ser mais vendido. Os discursos começam a ficar mais simples e o “Evangelho puro e simples” de C.S. Lewis começa a ser desejado. Ontem no lançamento do Livro de René Padilha, Valdir Steuernagel mandou esta frase: “A igreja deve se posicionar na sociedade na posição do serviço e não da conquista.” Libertador.

Talvez seja otimismo da minha parte, mas prefiro crer que está chegando um tempo de desilusão na igreja evangélica brasileira. Onde discipular as pessoas no caminho de Jesus é o nosso negócio. Simples assim. E as luzes e os amplificadores da mídia não nos seduzem mais. Mas o estabelecimento do Reino de Deus no coração de todos e cada um.

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