sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Sobre a Oração


Ocorreu-me certo dia que, embora me preocupe em saber se sinto ou não a presença de Deus, pouco me interesso em saber se Deus sente ou não minha presença. Quando me aproximo de Deus em oração, costumo revelar meus segredos pessoais mais profundos? Só quando fizer isso revelarei meu verdadeiro eu, aquilo que sou, pois somente a luz de Deus, nada mais, pode revelar isso. Sinto-me desnudo perante essa luz, vendo uma pessoa muito diferente da imagem que cultivo para mim mesmo e para todos os que me rodeiam.

Somente Deus conhece os motivos egoístas por trás de cada um de meus atos, o emaranhado de luxúria e ambição, as feridas mal curadas que, paradoxalmente, me fazem parecer sadio. A oração convida-me a apresentar a Deus minha vida inteira, de modo que ele possa purificá-la e restaurá-la. A auto-exposição nunca é facil, mas quando a pratico aprendo que, por baixo das camadas de entranhada sujeira, há uma obra de arte que Deus anseia restaurar.

"Não podemos tornar Deus visível para nós, mas podemos nos tornar visíveis para ele", diz Abraham Joshua Heschel. Faço minha tentativa com hesitação, vergonha e medo, mas, quando o faço, sinto que aqueles constrangimentos se dissolvem. Meu medo da rejeição cede ao abraço de Deus. De alguma forma, podendo eu apenas confiar sem compreender, a apresentação dos detalhes íntimos de minha vida é prazerosa para Deus.

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