“A distância que vai entre a janela e os meus olhos determina o que vejo lá fora na rua. Se fico mais perto, a visão se alarga; se fico de longe, a visão se estreita. Se vou à esquerda, enxergo a praça; se vou à direita, enxergo a torre. Sou eu que determino o que aparece lá fora na rua para servir de panorama aos meus olhos.Mas nem por isso é falso ou errado aquilo que vejo e descrevo, pois não sou eu que crio as coisas que aparecem lá fora. Já existiam antes de mim. Não dependem de mim. É útil e até necessário que cada um defina bem clara e honestamente aquilo que vê pela sua janela. Isso redundará em benefício da análise que se faz da realidade da vida. O que me consola é que todos somos assim. Bem limitados e condicionados pelos próprios olhos, dependentes uns dos outros. É trocando as experiências, numa conversa franca e humilde, que nos ajudamos a enxergar melhor as coisas que vemos, e a romper as barreiras que nos separam sem razão. Pois ninguém é dono da verdade. Intérprete só”. Assim falou Carlos Mesters. Desde então a teologia ficou sub judice. Compreendi que a teologia não é um discurso a respeito de Deus, mas apenas trocas de impressões a respeito das múltiplas interpretações que os homens fazem de Deus. Foi então que compreendi porque o Cristianismo não depende da ortodoxia, mas da revelação. A ortodoxia é uma teologia elevada à categoria de verdade absoluta. A revelação é o encontro com uma pessoa. Uma pessoa que não cabe nem na teologia nem na ortodoxia.
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