
quinta-feira, 26 de março de 2009
Máximas Teológicas - 13

segunda-feira, 23 de março de 2009
O preço do conhecimento (2)
Certa feita, em sala de aula no seminário, levantamos a questão do “conhecimento” versus “ignorância”. Em um momento de nossos calorosos debates, nosso professor usou uma expressão meio pesada para se dirigir aos néscios e ignorantes na fé, chamando-os de “idiotas na fé”. Sei que soou mal, mas no decorrer de nossos embates, quase todos concordaram com o professor que um dia nós fomos assim, em tempos que não tínhamos nenhum conhecimento e éramos levados pelas emoções sempre muito bem trabalhadas pelos tele-evangelistas e pregadores midiáticos.
Depois de dar a mão à palmatória ao nosso professor, começamos a discorrer o que poderíamos conceituar de “idiotas na fé”.
Vejamos primeiro o conceito de “idiota” conforme o dicionário: Falto de inteligência; parvo; estúpido; ignorante.
Dado o conceito, vejamos agora as características que fizeram com que recebessem esse rótulo tão pejorativo:
- Tratam a fé somente para se conquistar as benesses de Deus, sempre em busca de milagres.
- Ainda não têm claro em sua mente os conceitos de Igreja e Reino de Deus.
- Tratam o dízimo como uma barganha com Deus. Esquecem que o dízimo neotestamentário é voluntário e que o parâmetro dos 10% é o mínimo que deveríamos dar.
- Repetem tudo o que o pregador manda dizer ao irmão do lado.
- Se sentem super-ungidos quando recebem o dom de línguas e se acham superiores aos que ainda não possuem.
- Tratam o pecado numa escala de hierarquia como se existissem pecadinhos e pecadões.
- Tratam a igreja (instituição) como os universais (católicos), onde fora dela não tem salvação.
- etc.
Enfim, temos que reconhecer, éramos idiotas e não sabíamos.
Pena que alguns ainda continuam a ser, mesmo depois de largo período na igreja.
quinta-feira, 19 de março de 2009
Salvos da perfeição

A invenção do amor, ou dos amigos, é o encontro com o imperfeito e aqui está a sua grandeza. Nada se compara ao êxtase da imaginação, à adrenalina do inusitado, ao ciúme diante do livre amante, à ardência do anseio pelo melhor, ao sabor fugidio do fugaz, à satisfação de um mundo transformado, ao descanso gostosamente dolorido diante do que não mais é caos. Sensações próprias da vida imperfeita, do que está para sempre para ser, dos que sempre podem desejar uma outra coisa. Dos humanos.
Logo depois de inventar o imperfeito, Deus conheceu a lágrima da frustração. A dor mais feliz que espíritos livres sentem. Viu as costas dos que mais amou. Duvidou sem desistir, o Criador chorou mais uma vez. Desta lágrima descobriu o perdão. Lágrima esquentada com afeto e graça.
Mal compreendido pelos amigos, inimigos tolos, pecado, recobriram-no de ídolo. De tão cansados do incerto, angustiados por tanta liberdade, os amigos inventaram ídolos, pretensos profetas e arrogantes senhores do futuro, sacerdotes e magos de um deus acuado, cristos milagreiros da mesmice ressurreta. Inventaram a religião, vestiram-se de absoluto.
Deus, que do absoluto fugiu em desespero, que inventara o imperfeito, imperfeito se fez. Inventou-se entre os incertos. Aperfeiçoou a imperfeição. Humanizou-se entre humanos. De tão impreciso, despido das forças do absoluto, igualmente inapreensível, excepcionalmente frágil, tão vivo e tão morto, descortinou o absoluto como quem desnuda o que é mau. Imperfeito, salvou-nos da perfeição.
terça-feira, 17 de março de 2009
Conservadores ou radicais?

Deixai-me, agora, definir mais precisamente em que sentido cada crente deveria ser um conservador e um radical, ao mesmo tempo: Cada crente deveria ser conservador porque toda a Igreja é chamada por Deus para conservar sua revelação, para “guardar o depósito” (I Tm. 6:20; II Tm 1:14), para “batalhar pela fé que uma vez foi dada aos santos”, Jd 3. A tarefa da Igreja não é continuar inventando novos evangelhos, novas teologias, novas moralidades e novos cristianismos, mas, antes, ser uma guardiã fiel do único Evangelho eterno, pois a auto-revelação de Deus alcançou sua consumação no seu Filho Jesus Cristo e no testemunho apostólico de Cristo, preservado no Novo Testamento. Isto não pode ser alterado de forma alguma: É imutável em verdade e autoridade.(...)
Mas Jesus pode também ser verdadeiramente descrito como um radical. Ele foi um crítico mordaz e destemido do tradicionalismo judeu, não somente devido à insuficiente lealdade que havia para com a Palavra de Deus, mas, também, devido à lealdade exagerada às próprias tradições humanas. Jesus teve a temeridade de lançar fora séculos de tradições que tinham sido herdadas, “as tradições dos anciãos”, para que a Palavra de Deus pudesse ser apreciada e novamente obedecida. (Mc. 7:1-13). Ele foi, também, muito ousado nas violações das convenções sociais. Insistiu em preocupar-se com todas as áreas da comunidade que eram normalmente menosprezadas: falou com mulheres em público, o que não era aceito nos seus dias, convidou crianças para que viessem a Ele, embora na sociedade romana crianças rejeitadas fossem geralmente “abandonadas” ou deixadas ao relento, o que levou os discípulos a acharem que ele não gostaria de ser incomodado por elas. Ele permitiu que prostitutas o tocassem (os fariseus afastavam-se delas horrorizados) e Ele mesmo, na realidade, tocou num leproso intocável (os fariseus apedrejavam-nos para que fossem mantidos à distância). Destas e de outras maneiras, Jesus recusou-se a ser preso por costumes humanos: sua mente e consciência estavam presas unicamente à Palavra de Deus. Por conseguinte, Jesus foi uma combinação única do conservador e do radical.
sábado, 14 de março de 2009
Criação

terça-feira, 10 de março de 2009
Graça x Religião

Essa compreensão da graça de Deus é central nos evangelhos, por inúmeros motivos. Primeiro, nos alivia de enormes tensões religiosas. A graça não permite que Deus seja uma ameaça. O emaranhado de leis e regulamentos muitas vezes dificulta o conhecimento de Deus. Acaba escondendo-o!
Os judeus gostam de contar uma antiga história sobre um rabino que chegou em casa certo dia e encontrou sua filha, de nove anos, chorando muito. Perguntou-lhe porque tantas lágrimas. Entre soluços respondeu que estava brincando de escondeesconde com seus amigos. Na sua vez, se escondeu tão bem que os amigos desistiram de procurá-la e foram embora para brincar de outra coisa. Depois de mais de uma hora, quando saiu do esconderijo viu que estava sozinha. Na hora em que o rabino passava a mão na cabeça de sua filha, consolando-a, pensou: Será que a religião conseguiu esconder Deus tão bem que ele se sente sozinho e abandonado?
Não seriam as exigências religiosas um empecilho ao conhecimento de Deus? Erasmo de Rotterdam, um dos precursores da Reforma Protestante, clamou que a Igreja retornasse a Cristo sem o peso das exigências e doutrinas humanas. Seu pedido precisa ser ouvido:
Que regras, que superstições nós temos a respeito da vestimenta!... Quantos jejuns se instituem!... Oxalá os homens se contentassem em deixar Cristo governar pelas leis do Evangelho, e não mais procurassem fortificar sua tirania tenebrosa como decretos humanos".
sábado, 7 de março de 2009
Unidade, liberdade e caridade

O pano de fundo para a tragédia é a nossa substancial concordância no histórico cristianismo bíblico. Nossa união nos fundamentos da fé cristã é coisa grande e gloriosa. Cremos em Deus Pai, infinito e pessoal, santo, criador e sustentador do Universo. Cremos em Jesus Cristo, o único Deus-homem; em seu nascimento virginal , em sua vida encarnada, na autoridade do seu ensino, em sua morte expiatória, na sua ressurreição histórica, e em seu retorno pessoal á terra. Cremos no Espírito Santo por cuja inspiração especial as Escrituras foram escritas e por cuja graça pecadores são hoje justificados e nascidos de novo, transformados na imagem de Cristo, incorporados à Igreja e enviados para servir no mundo. Nestas e em outras grandes doutrinas bíblicas, permanecemos firmes pela graça de Deus, e permanecemos juntos.
Contudo, nós não somos unidos. Nós nos separamos uns dos outros por assuntos pouco importantes. Algumas das questões que nos dividem são teológicas; outras temperamentais. Teologicamente, por exemplo, podemos discordar na relação exata entre soberania divina e responsabilidade humana, na "ordem" e ministério pastoral da igreja (se deve ser episcopal, presbiteriano ou independente) e até onde os crentes podem envolver-se numa “mistura” denominacional sem que se comprometam a si mesmos e a fé que professam; nas relações Igreja-Estado; em quem está qualificado para ser batizado e no volume de água a ser usado; em como interpretar profecia, em quais dons espirituais estão disponíveis hoje e quais são os mais importantes. Estas são algumas das questões nas quais crentes igualmente dedicados e bíblicos discordam entre si. São questões que os reformadores chamam de “adiaforia”, questões “indiferentes”. Desta forma, embora pretendemos continuar defendendo nossa própria convicção das Escrituras, em conformidade com a luz que nos tem sido dada, procuraremos não pressionar dogmaticamente a consciência de outros crentes, mas tratar a cada um com liberdade, em amor e respeito mútuo. Não se pode fazer coisa melhor do que mencionar o famoso epigrama atribuído a um certo Rupert Meldenius e citado por Richard Baxter. Em coisas essenciais, unidade; nas não-essenciais, liberdade; em todas as coisas, caridade.
Esquecemo-nos , às vezes , que Deus ama a diversidade e tem criado uma rica profusão de tipos humanos, temperamentos e personalidades. Além disso, o nosso temperamento tem mais influência na nossa teologia do que geralmente imaginamos ou admitimos. Embora a nossa compreensão da verdade bíblica dependa da iluminação do Espírito Santo, ela é inevitavelmente colorida pelo tipo de pessoa que somos, pela época na qual vivemos e pela cultura a que pertencemos. Alguns de nós, por disposição e formação, são mais intelectuais que emocionais; outros, mais emocionais que intelectuais. Repetindo, a disposição mental de muitos é conservadora (detestam mudanças e sentem-se ameaçados), enquanto outros são, por natureza, rebeldes à tradição (o que eles detestam é monotonia, considerando mudança como algo próprio de sua natureza). Questões como estas surgem de diferenças temperamentais básicas. Porém, não devemos permitir que o nosso temperamento nos controle. Pelo contrário, devemos deixar que as Escrituras julguem nossas inclinações naturais de temperamento. Caso contrário, acabaremos por perder o nosso equilíbrio cristão.
quarta-feira, 4 de março de 2009
O deus que não é Deus
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domingo, 1 de março de 2009
Cliente ou garçom?

Com uma certa veemência, o homem perguntou à garçonete quem era que pagava o seu salário, e com muita ironia ela respondeu que com certeza não era ele, porém, o homem retrucou dizendo que o salário dela e de outras garçonetes vinha de clientes como ele sim, e disse que costumava dar gorjetas maiores que o preço da refeição para garçonetes que lhe atendesse bem.
A partir desse momento, a garçonete começou a atendê-lo um pouco melhor, mas não o suficiente.
O objetivo desse exercício era simples: ele queria que a garçonete entendesse que o propósito do restaurante não era agradar a ela ou servir aos seus desejos , mas, sim, atender bem clientes como ele.
Numa estranha inversão de papéis dentro da mentalidade consumista, parece que decidimos que a igreja deve centralizar em nós, embora Deus - o cliente divino - continue com esta estranha idéia de que a igreja existe em função dele.
Quantas vezes e há quantos anos temos vestidos nossos “uniformes” e chegado à igreja para uma “reunião em volta da cafeteira” para falar uns com os outros a respeito de Deus enquanto ninguém se preocupa em atender a Ele mesmo - o cliente divino - em nosso meio?
Nossa atenção, afeição e esforços estão mais direcionados a nós mesmos do que a Ele.
Às vezes temo que Deus esteja sussurrando aos nossos ouvidos tapados: “desse jeito, seria melhor encerrar o culto” . Por quê? Agimos como se de fato não quiséssemos ser interrompidos por nosso cliente divino. Estamos ocupados demais, congratulando-nos uns com os outros por nossas histórias divertidas, sermões superficiais, solos talentosos e esplendidas apresentações de corais. Ficamos irritados por qualquer interrupção que possa nos afastar de nossas conversações ao redor da cafeteira.
Lembre-se que Deus é o cliente divino e nós apenas servos (garçons). Às vezes ou quase sempre, tentamos inverter essa situação.
Façamos uma auto-análise e vejamos se estamos sendo servos ou clientes.
Cristo x Religião
