terça-feira, 23 de novembro de 2010

Resenha - Ensaio sobre a cegueira


Ato falho é aquela situação onde revelamos, de forma espontânea, os mais sigilosos segredos. Conta-se que isso é um ato do inconsciente. Um exemplo clássico é a do sujeito que troca o nome, e acaba chamando a esposa pelo nome da amante.

Quando li o angustiante “Ensaio sobre a cegueira” de Saramago, ateu ferrenho, notei algo em um de seus personagens: a mulher do médico é a única capaz de ver quando a epidemia de cegueira branca domina todo o país.

Ela escolhe estar com o médico, seu marido, quando ele é recolhido pelo governo para o isolamento, se fazendo de cega. Eles, e mais um grupo, se apinham em uma ala de hospital, abandonados pelo governo, que tenta esconder o problema.

A epidemia não se restringe à classe A, B, ou C. Repórteres estão no meio do noticiário quando ficam cegos, e agora, no “campo de concentração”, se amontoam cegos, montando facções rivais, a ponto de uma ala tentar dominar a outra, com direito a violência sexual e assassinato.

Enquanto os cegos se multiplicam, os hábitos higiênicos destes inexperientes desprovidos de visão são abandonados gradativamente, defecam pelo caminho sem se limpar, comem como animais, fazem relações sexuais no meio dos outros e já não se vestem de forma adequada.

Nem imaginam que ali, existe alguém que se obriga a ver tudo, em silêncio, guardando para si toda a tragédia e humilhação que se espalha por sua sadia retina. Até o marido (só ele então sabe de sua visão), por quem se sacrificou, a trai com uma prostituta, mantendo relações sexuais diante dela, ignorando sua presença e ciência.

Eles estão agora submersos num mundo onde são imundos, precários, mesquinhos, e a mulher, que ajuda o grupo com seu dom, vê tudo aquilo e se reserva a sofrer silenciosamente.

O que não é Deus muitas vezes que não isso? A presença que se obriga a ver a miséria de quem perdeu a visão, que mais parece uma epidemia fictícia, e a perda o faz, aos poucos, se entregar a imundícia.

A mulher, por amor, permanece no auxílio e cuidado, mesmo quando ele o traí com a garota de programa, lembrando nossa condição de saber que Ele (Deus) está aqui, mas nos fazemos de desentendidos, fingindo que não existe, ou que faltou bem nesse dia.

Um dos cegos entra em pânico quando descobre que existe entre eles alguém que enxerga, e sua reação é tentar destruir aquela presença. Destruir a presença daquele que vê tudo, e portanto, sabe de nossa vergonha.

Saramago era ateu, mas toda a onisciência de seu personagem em relação a miséria humana, e sua insistente crença neles, só conseguem me lembrar de um Deus que ele não cria, mas em um ato falho, acabou por inserir como personagem principal de sua tragédia épica.

Um personagem que se obriga a sofrer tudo por amor de seu esposo, e depois, incorpora novos cegos em seu sacrifício, se fazendo líder e servo, pondo sua vida em risco em prol daqueles outros personagens tão mesquinhos, e que realmente, não valem a pena. Como eu, e você.



Palco da Vida


Você pode ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes, mas não se esqueça de que sua vida é a maior empresa do mundo. E você pode evitar que ela vá à falência.

Há muitas pessoas que precisam, admiram e torcem por você. Gostaria que você sempre se lembrasse de que ser feliz não é ter um céu sem tempestade, caminhos sem acidentes, trabalhos sem fadigas, relacionamentos sem desilusões.

Ser feliz é encontrar força no perdão, esperança nas batalhas, segurança no palco do medo, amor nos desencontros.


Ser feliz não é apenas valorizar o sorriso, mas refletir sobre a tristeza. Não é apenas comemorar o sucesso, mas aprender lições nos fracassos. Não é apenas ter júbilo nos aplausos, mas encontrar alegria no anonimato.


Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver, apesar de todos os desafios, incompreensões e períodos de crise.


Ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas e se tornar um autor da própria história. É atravessar desertos fora de si, mas ser capaz de encontrar um oásis no recôndito da sua alma.


Ser feliz é não ter medo dos próprios sentimentos. É saber falar de si mesmo. É ter coragem para ouvir um "não". É ter segurança para receber uma crítica, mesmo que injusta.

Ser feliz é deixar viver a criança livre, alegre e simples, que mora dentro de cada um de nós. É ter maturidade para falar "eu errei". É ter ousadia para dizer "me perdoe". É ter sensibilidade para expressar "eu preciso de você". É ter capacidade de dizer "eu te amo". É ter humildade da receptividade.


Desejo que a vida se torne um canteiro de oportunidades para você ser feliz... E, quando você errar o caminho, recomece, pois assim você descobrirá que ser feliz não é ter uma vida perfeita, mas usar as lágrimas para irrigar a tolerância.


Usar as perdas para refinar a paciência.
Usar as falhas para lapidar o prazer.
Usar os obstáculos para abrir as janelas da inteligência.


Jamais desista de si mesmo.

Jamais desista das pessoas que você ama.

Jamais desista de ser feliz, pois a vida é um espetáculo imperdível, ainda que se apresentem dezenas de fatores a demonstrarem o contrário.


Pedras no caminho? Guardo todas... Um dia vou construir um castelo!

Por Fernando Pessoa

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