terça-feira, 30 de setembro de 2008

O preço do conhecimento

Há alguns dias venho passando por uma certa crise. Como eu sempre estudo ministérios dos mais diversos tipos, acompanho cultos, pregações e pessoas nas igrejas, tenho observado a situação desgastada da igreja evangélica na sociedade atual. São tantas pessoas enganando e tantas pessoas querendo ser enganadas dentro das igrejas! Se prega um evangelho de felicidade, no qual o único objetivo de seguir a Cristo seria a sua própria felicidade, quando a verdade não é bem essa. E a igreja não procura ensinar às pessoas; ao contrário, a grande preocupação da maioria das igrejas é a de como limitar o que seus membros têm conhecimento. As pessoas que começam a ter um entendimento mais amplo e enxergar os erros, começam a ser executados, execrados e removidos do “meio evangélico”.
Comecei a me questionar sobre a validade de se ter um conhecimento mais amplo; eu não era mais feliz quando não enxergava esses erros nas igrejas? Sim, era. Eu era muito mais feliz quando inocente; não tinha o peso de conhecer nem o dilema de, uma vez conhecendo, de os tornar públicos ou não. Salomão nos mostra o peso do conhecimento:

“Apliquei o coração a conhecer a sabedoria e a saber o que é loucura e o que é estultícia; e vim a saber que também isto é correr atrás do vento.
Porque na muita sabedoria há muito enfado; e quem aumenta ciência aumenta tristeza.” (Ec 1:17,18)


Conhecer os reais defeitos da igreja e querer anunciá-los no intuito de promover uma reforma silenciosa só tem me trazido enfado e tristeza. Tristeza pela constatação de que o evangélico atual não quer aceitar o próprio erro; ele prefere estar acomodado sobre um evangelho que visa o seu próprio bem pessoal em detrimento a um evangelho dedicado ao próximo. A arrogância, o culto ao ego e o orgulho das pessoas têm sido cultivado dentro das igrejas. Afinal, se você pode decretar vitórias e exigir bençãos provindas de Deus, quem seria capaz de dizer que o que fazes é errado?
Saudades de quando eu era néscio. Eu não era cobrado já que eu não conhecia. Hoje, se me calo, me torno cúmplice do vandalismo que certos líderes religiosos fazem com o evangelho. Não quero ter, em minhas mãos, o sangue das pessoas enganadas com falsas promessas sobre os púlpitos.

Por René Vasconcelos

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sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Pérolas de C. S. Lewis


"O Filho de Deus tornou-se homem para possibilitar que os homens se tornem filhos de Deus."
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"Olhe para você, e você vai encontrar em toda a longa jornada de sua vida apenas ódio, solidão, desespero, ruína e decadência. Mas olhe para Cristo e você vai encontrá-Lo, e com Ele tudo o mais que você necessita."
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"O amor de Deus por nós é um assunto muito mais seguro de se pensar do que o nosso amor por ele."
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"Um homem que (...) dissesse aquilo que Cristo dizia (...) ou seria um lunático (...) ou então teria que ser o próprio demônio das profundezas do Inferno. (...) Você pode recluí-lo num hospício achá-lo maluco, cuspir nele e matá-lo por considerá-lo um demônio, ou cair a seus pés e chamar-lhe Senhor e Deus."
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"O sofrimento é o megafone de Deus para um mundo ensurdecido."
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"Se eu fosse te recomendar uma religião para lhe fazer sentir confortavel certamente não lhe recomendaria o Cristianismo."
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"Eu acredito no cristianismo como acredito que o sol nasce todo dia. Não apenas porque o vejo, mas porque através dele eu vejo tudo ao meu redor."
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"A estrada mais segura para o inferno é aquela gradual – o declive suave, piso macio, sem curvas acentuadas, sem marcos de referência, sem sinalização."
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"... a saúde espiritual do indivíduo é exatamente proporcional ao seu amor por Deus."
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"Sou um pagão convertido vivendo em meio a puritanos apóstatas."
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"O céu nao é aqui, mas começamos a vivê-lo aqui, aqui seria como uma ante-sala, que logo sairemos dela e experimentaremos de fato o que realmente nos espera."
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"Se eu encontro em mim um desejo que nenhuma experiência neste mundo pode satisfazer, a explicação mais provável é que eu fui feito para outro mundo."
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"Todos nós desejamos o progresso, mas se você está na estrada errada, progresso significa fazer o retorno e voltar para a estrada certa; nesse caso, o homem que volta atrás primeiro é o mais progressista."
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"Pela primeira vez examinei a mim mesmo com o propósito seriamente prático. E ali encontrei o que me assustou: um bestiário de luxúrias, um hospício de ambições, um canteiro de medos, um harém de ódios mimados."
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domingo, 21 de setembro de 2008

Amar a Deus com liberdade

O livro de Jó parece se concentrar na questão do sofrimento. No fundo, um problema diferente está em jogo: a doutrina da liberdade humana. Jó teve de suportar um sofrimento imerecido a fim de demonstrar que o Senhor está, na verdade, interessado no amor demonstrado em liberdade.
A disputa travada entre Deus e Satanás não foi um exercício trivial. A acusação feita por Satanás de que Jó só amava o Senhor por que “puseste uma cerca em volta dele” é um ataque ao caráter divino. Implica que Deus não é digno de amor por si mesmo; as pessoas fiéis só o seguiriam mediante “suborno”. A reação de Jó depois que todos os sustentáculos da fé fossem removidos comprovaria ou descartaria o desafio de Satanás.
Para entender essa questão da liberdade humana, talvez o melhor seja imaginar um mundo em que todos obtêm aquilo que merecem. Esse mundo imaginário tem uma certa atração. Seria justo e consistente e todos saberiam com clareza o que Deus esperava. A justiça reinaria. Há, no entanto, um enorme problema com um mundo assim tão organizado: ele não tem nada a ver com o Deus pretende realizar na terra. Ele quer de nós o amor, amor ofertado em liberdade. E não ousemos subestimar a recompensa que Deus associa a esse amor. O Senhor lhe atribui tamanha importância que permite ao nosso planeta ser um câncer de maldade no seu universo – por algum tempo.
Se o mundo funcionasse de acordo com regras fixas, justas e perfeitas, não haveria liberdade real. Agiríamos certo por causa do nosso ganho imediato e motivações egoístas infestariam cada gesto de bondade. As virtudes cristãs descritas na Bíblia, pelo contrário, se desenvolvem quando escolhemos Deus e seu caminho apesar da tentação ou dos impulsos para fazer o contrário.
Na Bíblia inteira, uma analogia que ilustra o relacionamento entre o Senhor e seu povo salta aos olhos o tempo todo. Deus, o marido, é retratado tentando atrair a noiva para si mesmo. Ele quer seu amor. Se o mundo fosse construído de forma que cada pecado recebesse um castigo e cada boa ação, um prêmio, o paralelo não resistiria. A analogia mais próxima a esse relacionamento seria uma mulher mantida em cativeiro, mimada, subordinada e trancafiada em um quarto de forma que o amante pudesse estar seguro de sua fidelidade. Deus não “prende” seu povo. Ele nos ama, oferece-se para nós e espera ansioso por nossa livre reação.
O Senhor quer que optemos por amá-lo de livre e espontânea vontade, mesmo que essa opção envolva dor, por estarmos comprometidos com Ele, não com sensações e recompensas que nos façam sentir bem. Ele quer que permaneçamos fiéis a Ele, como fez Jó, inclusive quando tivermos todos os motivos do mundo para negá-lo com veemência. Jó se apegou à justiça de Deus no momento em que se tornou o melhor exemplo da história da aparente injustiça divina. Não procurou o Presenteador por causa do presente; pois quando todos os presentes foram removidos, ele ainda O buscava.

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

O Corrupto que habita em mim

"A crença geral anterior era que Collor não servia, bem como Itamar e Fernando Henrique. Agora dizemos que Lula não serve. E o que vier depois de Lula também não servirá para nada... Por isso estou começando a suspeitar que o problema não está no ladrão corrupto que foi Collor, ou na farsa que é o Lula. O problema está em nós. Nós como povo. Nós como matéria prima de um país. Porque pertenço a um país onde a "esperteza“ é a moeda que sempre é valorizada, tanto ou mais do que o dólar. Um país onde ficar rico da noite para o dia é uma virtude mais apreciada do que formar uma família, baseada em valores e respeito aos demais. Pertenço a um país onde, lamentavelmente, os jornais jamais poderão ser vendidos como em outros países, isto é, pondo umas caixas nas calçadas onde se paga por um só jornal e se tira um só jornal, deixando os demais onde estão. Pertenço ao país onde as "empresas privadas" são papelarias particulares de seus empregados desonestos, que levam para casa, como se fosse correto, folhas de papel, lápis, canetas, clipes e tudo o que possa ser útil para o trabalho dos filhos... e para eles mesmos. Pertenço a um país onde a gente se sente o máximo porque conseguiu "puxar" a tevê a cabo do vizinho, onde a gente frauda a declaração de imposto de renda para não pagar ou pagar menos impostos. Pertenço a um país onde a falta de pontualidade é um hábito. Onde os diretores das empresas não valorizam o capital humano. Onde há pouco interesse pela ecologia, onde as pessoas atiram lixo nas ruas e depois reclamam do governo por não limpar os esgotos. Onde nossos congressistas trabalham dois dias por semana para aprovar projetos e leis que só servem para afundar o que não tem, encher o saco do que tem pouco e beneficiar só a alguns. Pertenço a um país onde as carteiras de motorista e os certificados médicos podem ser "comprados", sem fazer nenhum exame. Um país onde uma pessoa de idade avançada, ou uma mulher com uma criança nos braços, ou um inválido, fica em pé no ônibus, enquanto a pessoa que está sentada finge que dorme para não dar o lugar. Um país no qual a prioridade de passagem é para o carro e não para o pedestre. Um país onde fazemos um monte de coisa errada, mas nos esbaldamos em criticar nossos governantes. Como "matéria prima" de um país, temos muitas coisas boas, mas nos falta muito para sermos os homens e mulheres de que nosso país precisa. Esses defeitos, essa "esperteza brasileira" congênita, essa desonestidade empequena escala, que depois cresce e evolui até converter-se em casos de escândalo, essa falta de qualidade humana, mais do que Collor, Itamar, Fernando Henrique ou Lula, é que é real e honestamente ruim, porque todos eles são brasileiros como nós, eleitos por nós. Nascidos aqui, não em outra parte...
Entristeço-me. Porque, ainda que Lula renunciasse hoje mesmo, o próximo presidente que o suceder terá que continuar trabalhando com a mesma matéria-prima defeituosa que, como povo, somos nós mesmos. E não poderá fazer nada... não tenho nenhuma garantia de que alguém o possa fazer melhor. Mas enquanto alguém não sinalizar um caminho destinado a erradicar primeiro os vícios que temos como povo, ninguém servirá. Nem serviu Collor, nem serviu Itamar, não serviu Fernando Henrique, e nem serve Lula, nem servirá o que vier. Qual é a alternativa? Precisamos de mais um ditador, para que nos faça cumprir a lei com a força e por meio do terror? Aqui faz falta outra coisa. E enquanto essa "outra coisa" não comece a surgir de baixo para cima, ou de cima para baixo, ou do centro para os lados, ou como queiram, seguiremos igualmente condenados, igualmente estancados... igualmente sacaneados!
É muito gostoso ser brasileiro. Mas quando essa brasilinidade autóctone começa a ser um empecilho às nossas possibilidades de desenvolvimento como nação, aí a coisa muda...
Não esperemos acender uma vela a todos os santos, a ver se nos mandam um messias.
Nós temos que mudar! Um novo governante com os mesmos brasileiros não poderá fazer nada... está muito claro... somos nós os que temos que mudar. Agora, depois desta mensagem, francamente decidi procurar o responsável, não para castigá-lo, senão para exigir-lhe (sim, exigir-lhe) que melhore seu comportamento e que não se faça de surdo, de desentendido. Sim, decidi procurar o responsável e estou seguro que o encontrarei quando me olhar no espelho
."
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Por João Ubaldo Ribeiro
Escritor, jornalista, roteirista, professor brasileiro e Membro da Academia Brasileira de Letras.

sábado, 13 de setembro de 2008

Máximas Teológicas - 4



" A prova de nossa obediência aos ensinamentos de Cristo é a conscientização de nosso fracasso em alcançar um ideal perfeito. O grau em que nos aproximamos dessa perfeição não pode ser visto; tudo o que podemos ver é a extensão do nosso afastamento".

Leão Tolstoi
Escritor russo do Séc. XIX

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

Máximas Teológicas - 3



"Posso entender minha aflição como uma correção ou como perdão; confesso que não sei como interpretá-la. Como devo entender essa doença? Não chego a conclusão alguma, embora a morte conclua minha vida. Se for realmente uma correção, permita-me traduzi-la e interpretá-la como perdão; pois, embora pareça uma correção, não há prova maior de teu perdão senão morrer em ti e, com a morte, unir-me Àquele que morreu por mim".

John Donne
Devoções

Máximas Teológicas - 2

"Se alguém quer adquirir a humildade, creio poder dizer-lhe qual é o primeiro passo: é reconhecer o próprio orgulho. Aliás, é um grande passo. O mínimo que se pode dizer é que, se ele não for dado, nada mais poderá ser feito. Se você acha que não é presunçoso, isso significa que você é presunçoso demais."

C. S. Lewis
Cristianismo Puro e Simples.

Entrevista com a Missionária Rose Ovídio

Final do culto de domingo à noite, e fácil-fácil veremos a Missionária Rosemeire Ovídio dos Santos (Rose para os íntimos) sempre alegre com seu sorriso contagiante, conversando e beijando todos os irmãos, sempre com muito carinho e atenção para atender a todos que a abordam.
Como não sou bobo nem nada, solicitei logo uma entrevista para nos contar suas experiências de campo. Dentre outras perguntas, falamos sobre sua conversão; sua atuação no campo missionário; a situação da igreja moderna, entre outras.
Rosemeire Ovidio dos Santos é Missionária, Ministra de música, Conselheira para dependentes químicos, Ministra da Palavra de Deus, intercessora, professora e escritora.

Confira agora mesmo esta edificante entrevista.


Reflexões do Reino: Como foi sua conversão e seu chamado para a obra de Deus?

Rose: Minha vida em tudo não é por vias normais, afinal, sou serva do Deus que com apenas uma palavra disse haja, e tudo passou a existir! Ele é Deus criativo, para que seu poder seja manifestado de forma a não deixar dúvidas aos homens que foi Ele que agiu.
Minha conversão foi de forma "louca", mas extraordinária a forma como Deus me resgatou do mundo dos mortos.
Aos meus 13 anos, me envolvi com álcool, e com isso minha vida de adolescente foi um caos. Aos 15 anos conheci um homem que me apaixonei perdidamente, achei que tudo mudaria, pois a recíproca era verdadeira, mas aos 17 anos ele morreu e então me afundei no álcool; não tinha aprendido a lidar com perdas, não tinha mais noção do certo e do errado; foram cinco anos de tortura na mente e no corpo. Fiz tantas loucuras que nem valem a pena contar.
Aos 22 anos foi a derradeira, quando tentei suicídio. A coisa era tão assustadora, que maquinei algo terrível contra minha própria vida. Queria agredir a todos da minha família, pois não existia um culpado pelas perdas que tive, mas o inimigo se incumbiu de soprar em meus ouvidos para me vingar da minha família me fazendo acreditar que eles eram os culpados. Assim, coloquei em prática um plano diabólico, que por motivos fortes, não contarei os detalhes. Mas uma coisa era certa, o inimigo não estava brincando, ele queria tirar a minha vida de qualquer jeito.
E foi então, que fiz uma mistura de drogas, um coquetel de remédios, maconha, cocaína, bebidas destiladas, engoli tudo misturado e entrei em coma.
Mas ali, o plano perpétuo do Senhor já estava em ação.
Minha irmã e meu cunhado estavam na igreja, pois era um domingo de manhã. Minha irmã começou a ficar incomodada na igreja, sentindo que estava acontecendo alguma coisa. Mas já era o Espírito Santo tocando-a para voltar para casa, pois eu estava lá em um estado terrível. Meu cunhado não entendeu nada, mas a acompanhou até em casa. Foi quando me pegaram com um facão na mão lutando comigo mesma; meu cunhado conseguiu me desarmar, terminei de tomar o coquetel e desmaiei. Era a overdose.
Foi então, que começou a minha experiência sobrenatural com o Senhor Jesus. Entrei em coma e logo em seguida (pois assim me parecia), eu me vi em um lugar onde a minha frente, existia um portão tão imenso, que olhei para os lados e não consegui ver o fim dele (era a porta para perdição – Mt 7.13). E do lado de dentro, eu ouvia sons horríveis, gritos, gemidos. Então me apavorei e comecei a pedir socorro. Foi quando vi uma mão imensa vindo em minha direção e uma voz forte me disse para não temer e começou a conversar comigo me perguntando se sabia onde eu estava, se eu tinha noção do que estava acontecendo? Fiquei apavorada, pois não estava entendendo o que estava acontecendo. E então aquela voz se apresentou e me disse que era Jesus. Eu não conseguia ver um rosto, mas senti aquela mão segurar a minha mão e me senti protegida, pois os gritos que ouvia eram horríveis, que vinham de dentro daquele portão. O Senhor me perguntou se lembrava o que havia acontecido comigo e me disse algo que me fez tremer. Se eu tivesse concluído com aquele facão o que tinha em minha mente, não estaria fora do portão, mas sim dentro dele. E então pude entender que ali era a entrada para a perdição eterna, onde nunca havia acreditado, e achava que era historinha para eu deixar de fazer as coisas que fazia. Ali, pedi para o Senhor me ajudar e não permitir que eu entrasse ali. Foi então que o Senhor Jesus, me fez a pergunta mais importante, que iria mudar por completo minha vida. Ele me perguntou se eu queria uma "nova chance", se agora eu O reconhecia como Deus?
Eu disse que sim, que queria esta nova chance, que mudaria tudo em minha vida, e que o aceitava como meu Senhor e meu Deus!
Foi então que acordei do coma e quando vi na beira da minha cama, estavam minha irmã e meu cunhado de joelhos orando por mim, cada um de um lado. Quando abri meus olhos e vi aquela cena, meio sem entender direito o que estava acontecendo, me senti envergonhada. E assim o Senhor me trouxe de volta a vida.
Os dias se passaram e resolvi mudar de vida, juntei todos os remédios que tomava para dormir, coloquei em uma sacola e entreguei para minha irmã, para levar para um hospital que tivesse precisando. Então senti em meu coração que precisava ir a alguma igreja evangélica, onde eu precisava tomar uma decisão de fato, onde as pessoas pudessem ver a decisão que havia feito com o apelo do Senhor Jesus.
Mas não pense que o inimigo ficou satisfeito com a minha mudança. Ele veio falar em meu ouvido, que se eu aceitasse Jesus, me tiraria a coisa mais preciosa que possuía, meu sobrinho Roberto. Disse-me que mataria o meu sobrinho e toda a minha família. Resumindo, ele me ameaçou. A princípio fiquei assustada, confesso que tive muito medo, mas não voltei atrás na minha decisão e disse para o diabo que poderia matar todos da minha família, mas que eu iria entrar em uma igreja e iria confessar diante dos homens que Jesus era agora o meu Senhor. Depois disso voltaria, choraria e sepultaria todos eles, se realmente estivessem mortos.
Fui a 1ª Igreja Batista do Pechincha, onde fui a primeira chegar; a igreja estava fechada quando cheguei. Aguardei e quando abriram, entrei e fiquei aguardando ansiosamente. Quando o pastor fez o apelo, eu fui correndo lá na frente e disse que já havia aceitado Jesus, mas queria fazer diante dos homens.
Bem, irmãos este pastor foi quem em batizou, Pastor Luís Tomás de Queirós. Foi este homem de Deus que me ajudou em muitas crises de ansiedade que tive, em princípios de depressão. Pois o inimigo investiu pesado, para que eu desistisse e voltasse ao vômito novamente (Pv 26.11).
Mas logo, fui fazer seminário no Batista do Sul e Deus começou a agir de forma linda em minha vida. Deus abriu o Seu bom tesouro para mim. Pois a sua Palavra era de forma clara em minha vida teórica e prática. Ali senti o chamado de Deus para a música, fiz Instituto de coral, canto e montei uma banda que na época era um escândalo para os mais tradicionais. Mas foi esse o nome que o Senhor nos deu, Banda Ide. Louvamos em muitos lugares. Foi quando fui morar em São Paulo e minha vida mudou radicalmente, pois o avivamento havia entrado na minha vida e quando retornei ao Rio de Janeiro, fui congregar na Assembléia de Deus, onde conheci os mistérios de Deus com mais propriedade, onde o Senhor já havia me separado para oração e intercessão. Foi quando conheci o ministério onde congrego até hoje.
E desta maneira Jesus entrou em minha vida, de forma tremenda, única e sobrenatural. E ainda continua se movendo de forma tremenda em minha vida. Assim deu-se o meu chamado, mas sinto que o Senhor ainda está me lapidando para ser usada de forma plena. Um verdadeiro avivamento para a minha vida!


Reflexões do Reino: Como foi seu envolvimento com dependentes químicos?

Rose: Meu envolvimento com dependentes químicos, foi novamente sobrenatural, pois na verdade o Senhor começou a colocar dentro do meu coração um amor que não era normal por mendigos e meninos de rua. Então comecei um trabalho de evangelização em algumas casas de recuperação e o trabalho começou tomar uma proporção grande em áreas carentes, aonde pessoas vinham, sei lá de onde, para pedir ajuda e fazer aconselhamento. E mais interessante que só vinham homens pedir ajuda. Quando vi que estava tendo um retorno em fazer aconselhamentos, resolvi investir em cursos para aprender trabalhar como conselheira. Deus foi abrindo portas de forma sobrenatural e começamos a trabalhar com mais respaldo; vidas começaram a chegar logo no primeiro ano que comecei a trabalhar e quase 100 vidas foram levadas para casas de recuperação espalhadas pelos municípios do Rio.
Então, conheci um homem de Deus, presbítero Alex, e trabalhamos juntos a mais de 8 anos, onde Deus tem nos honrado de forma tremenda e sobrenatural, pois não temos ajuda de governo e nem de igrejas. Contamos com a ajuda de doações através do toque do Senhor nos corações, onde 40 homens vem recebendo o apoio necessário para não retornar as drogas ou ao tráfico.


Reflexões do Reino: Conte-nos como têm sido as experiências do campo missionário. E quais são os projetos para o futuro?

Rose: Deus tem nos presenteado com uma área de quase 7000m², onde estamos implementando um projeto de uma casa de recuperação e apoio aos familiares. E tudo acontecendo da forma sobrenatural de Deus. Dependemos exclusivamente do agir de Deus.
Missões é minha linguagem, afinal, estes 22 anos na presença do Senhor Jesus, tem sido um campo missionário, a começar em casa, onde ganhei uma boa parte da minha família para Jesus, inclusive meu pai, que levantou sua mão pela primeira vez em um culto dos jovens em minha casa. Hoje ele dorme no Senhor.
Mas Deus tem me levado a muitos lugares, cidades, igrejas, onde tenho visto milagres acontecendo e vidas sendo restauradas pelo nome de Jesus.
Um dos projetos mais "ousados" que Deus me envolveu, foi uma cidade chamada Gelo na Itália, onde fui procurada via telefone por uma irmã que através de uma ligação interurbana por "engano", começou a falar de Jesus para outra pessoa do outro lado na linha e ao término desta conversa, a pessoa pediu que alguém fosse em sua cidade, pois lá não havia nenhuma igreja evangélica. Depois que tive uma espécie de câncer nos rins no ano de 2002, tive a oportunidade de colocar meu testemunho na internet. Porém, a irmã desta moça agora estava passando por uma situação muito difícil, um câncer no intestino, onde já havia sido "sentenciada" pelos médicos. Depois de ler parte do meu testemunho em um site na internet, me escreveu, pedindo ajuda em oração. Durante meses oramos pedindo ao Senhor que fizesse um milagre naquela vida e da mesma forma que aconteceu comigo, o milagre aconteceu com ela. E então começamos uma amizade forte, e toda vez que precisava de alguma ajuda, me procurava. Foi quando um dia ela me ligou falando deste telefonema. Então mandei que procurasse seu pastor, mas para minha decepção, ela estava sem pastor, pois a igreja onde ela congregava em Palermo estava com um movimento estranho, onde a igreja estava sendo dividida em vários pedaços. Resumindo, ela se encontrava sem pastor e sem igreja. Mandei que ela procurasse outra igreja. Mas a irmã da cidade de Gelo ligou, dizendo que já havia convidado várias pessoas para um culto naquele lugar. Então não tivemos tempo para mais nada, a não ser pedir orientação ao Senhor Jesus e encarar mais este desafio. Começamos a orar, eu aqui no Brasil e ela lá na Itália, e juntou-se a nós, a sua irmã que foi curada de câncer e um casal. Começamos a orar e o Senhor nos deu aval para marcar o culto em Gelo.
Quando chegaram lá, ela disse que a moça que pediu o culto tinha muitas posses e já tinha feito reservas em um hotel na cidade para eles, com tudo pago, e que tinha convidado muita gente para o culto que seria em sua casa. A casa era feita sob pilares e que embaixo havia uma garagem do tamanho da casa toda.
O horário do culto foi se aproximando. No telefone, falei que Deus era com ela e com todos envolvidos naquele trabalho missionário. Orei e desliguei. E quando ela me ligou novamente, foi para contar que Deus havia dado vitória e que 50 vidas aceitaram a Jesus como seu Salvador e Senhor.
Ainda estou dentro deste projeto. Meu coração “geme por Gelo”. Este é o projeto mais tremendo que Deus me fez participar, onde fui convidada para ir para lá dirigir uma igreja. Porém, estou aguardando uma resposta no Senhor, pois ainda tenho uma outra promessa aqui no Brasil que aguardo como a sentinela aguarda o romper da manhã. (Sl 130.6)


Reflexões do Reino: Mudando um pouco o rumo de nossa prosa, temos visto um crescimento numérico muito grande em nossas igrejas. Alguns mais otimistas dizem que estamos passando por um avivamento; os mais pessimistas dizem que estamos somente inchando. Como você vê esse crescimento exacerbado?

Rose: A respeito do crescimento exacerbado da igreja tem um por que. O nome dado a este crescimento chama-se campanhas, campanhas e campanhas. Está havendo um exagerado movimento nas igrejas para chamar a atenção do povo. E como os dias têm sido maus com relação à área familiar, nas finanças, na área sentimental e em quase tudo, as igrejas têm investido em campanhas para atrair o povo que está carente. E como a Bíblia descreve, as pedras estão clamando (Lc 19.40).
Não sou contra campanhas, sou contra trocar o Espírito Santo, que deve ser o que atrai as pessoas para as igrejas. E nesse movimento, tenho visto um inchaço dentro das igrejas sim, um falso avivamento. Pois se existisse avivamento nas igrejas, não teríamos tanta gente doente e problemática.
Quando se fala em avivamento, se pensa logo em cultos “cheio de poder”, revelação, línguas estranhas, muito barulho e etc. Mas o verdadeiro significado de avivamento, pode ser encontrado em Atos 2:38-39, um verdadeiro encontro como o Senhor Jesus e receber o dom do Espírito Santo para que o Seu poder seja manifestado através de nossa vida e daqueles que estão ao nosso redor. Avivamento é prestação de serviço em favor do Reino de Deus.
Esta é uma promessa feita no antigo testamento em Joel 2:28-29 “E há de ser que derramarei o meu Espírito sobre toda a carne e vossos filhos e vossas filhas profetizarão, os velhos terão sonhos, os jovens terão visões. E sobre os servos e servas derramarei o meu Espírito”.
Avivamento genuíno é descrito de forma clara no livro de Atos, pois fala sobre a expansão do evangelho e o inicio do avanço até os confins da terra. Enfermos eram curados, aleijados passavam a andar e cegos enxergavam. E assim via-se o Espírito Santo atuar de forma poderosa, milagres e prodígios eram visto por todos os lugares onde o avivamento era levado.

Reflexões do Reino: Temos visto muitos eventos e shows com o rótulo de “gospel” como o “Canta Rio”, “Marcha para Jesus” e outros. Como você encara esses eventos? O propósito é evangelístico ou existem outros fin$?

Rose: Meu bom Deus! Falar de eventos gospel...prefiro me abster. Mas uma coisa é claro como o sol de meio dia, nada é feito sem fins lucrativos, e as desculpas são as mais absurdas. O nome do Senhor Jesus tem sido enxovalhado, onde pessoas cantam e dançam de forma sexy, sem temor algum. Socorro!

Reflexões do Reino: Hoje, o seio pentecostal tem dado muita vazão às experiências místicas em detrimento da Palavra. Deus disse por intermédio de Oséias que o povo estava sendo destruído por falta de conhecimento. Você teme que esta palavra seja também para os nossos dias?

Rose: Muitas coisas têm aparecido no “seio pentecostal”, e muitas heresias têm se instalado dentro das igrejas. Um exemplo disso é culto aos anjos, uma idolatria com “capa” santa. E com toda a certeza, a profecia de Oséias, nos serve como alerta. Os preceitos do Senhor têm sido colocados de lado, as verdades não têm sido pregadas na sua inteireza, para que o povo seja verdadeiramente orientado e conseqüentemente deixar de ser destruído.

Reflexões do Reino: Alguns pregadores na ânsia de falar sobre suas experiências místicas e seus testemunhos mirabolantes têm desmerecido o estudo da teologia, pois verberam que “Deus não precisa do teu estudo!” ou “Deus não precisa do teu anel de doutor!”. Até que ponto é válido o estudo da teologia?

Rose: É claro que estudar faz parte da vida do cristão e é através do estudo que homens e mulheres de Deus têm levado um evangelho limpo e claro, sem os “retetés” da vida, pois conheço muitas pessoas que só dão vazão aos “bate-pés”, mas quando é para falar dentro da palavra, deixam a desejar. O próprio Deus usou o profeta Oséias para dizer que o povo é destruído por falta de conhecimento e conhecimento só vem através de estudo, de tempo “perdido” em pesquisas e estudos.
Adquirir conhecimento é necessário, até mesmo para que os que são de fora, vejam que ser crente, não é ser “burro”, “porco” e “coitado”, mas que ser crente em Jesus é ser privilegiado de ter o Mestre dos mestres como nosso ajudador.
A Bíblia diz em Efésios 4:11-12 que Ele mesmo deu uns para apóstolos, e outros para profetas, e outros para evangelistas, e outros para pastores e doutores, querendo o aperfeiçoamento dos santos para a obra do ministério, para edificação do corpo de Cristo.
Tudo para uma igreja edificada, madura e sem que seja levada por ventos de doutrinas.

Reflexões do Reino: Missionária Rose, foi um prazer ter você aqui no Reflexões do Reino. Deixe um recado para nossos leitores.

Rose: A mensagem que quero deixar para os leitores é um algo que o Senhor compartilhou comigo há alguns meses, enquanto viajava para São Paulo. Pessoas tentam encontrar a felicidade em variados lugares, mas o Senhor Jesus nos orienta como encontrá-la. Seja feliz!
Quero pedir que os amados não esqueçam de orar por mim e pelo ministério que Deus tem colocado sob nossa responsabilidade.
Fiquem na paz que excede a todo o entendimento.

“Onde encontrar a Felicidade?”

..., para que nos regozijemos, e nos alegremos todos os nossos dias.
Sl 90.14b

Hoje pela manhã estava pensando porque tantas pessoas procuram a felicidade onde não podem ter a certeza de encontrá-la?
Porque esperam a felicidade sempre para depois, para amanhã e nunca agora, no hoje?
A verdadeira felicidade não está nas coisas complexas (naquilo que não vemos e não conhecemos), mas sim na simplicidade das coisas.
Se pararmos para pensar, observaríamos e compreenderíamos que a felicidade não está em um “futuro melhor”, mas que ela se faz presente, no hoje, no agora.
Pessoas se tornam ansiosas e infelizes por “esperar a felicidade”, por achar que a felicidade só é possível no futuro, no amanhã. Resumindo, naquilo que pensamos em construir, e que nem sabemos se terminaremos ou se estaremos aqui para desfrutarmos. (I Pd 5.7)
Quando na verdade, devemos desfrutar o hoje, pois quem garante que o amanhã chegará e como chegará? (Sl 118.24)
O maior exemplo de viver um dia por vez quem nos deu foi o Mestre Jesus.
Jesus sabia o que O esperava, sabia que teria que passar aqui, que sofreria, seria torturado, humilhado e morreria (no meio de dois assassinos e ladrões; Lc 23.33), sem nunca ter feito nada que levasse alguém a chorar de tristeza. Muito pelo contrário, quem chegasse perto, somente perto, já se sentiria mudado por usufruir apenas de sua presença. Mas Jesus não viveu em função do amanhã, de esperar o futuro “amargo e terrível” que o aguardava (e sabia que o esperava, era traição e morte de cruz).
Jesus viveu cada dia com alegria, pois a diferença era feita através das atitudes. Ele viveu um dia por vez. Não ficou “amargando” seus pensamentos e nem atormentando sua alma com o “amanhã. E Jesus, humanamente falando, tinha tudo para nem querer pensar no amanhã (Ele sabia para que veio ao mundo).
Mas o dia de hoje era o que contava! As pessoas que passavam em sua vida, as pessoas que ele “pode” transformar e mudar suas histórias com atitudes de amor, com humildade e simplicidade. (Jo 4.28-30); (I Pd 1.3); (At 22); (I Sm 16.13)
Ele tinha uma missão e viveu em função desta missão.
Qual a sua missão?
Vivemos o hoje em função de nós mesmos, de procurar a felicidade a qualquer preço.
A felicidade que esperamos tem sabor de eternidade?
Tudo que vivemos, se não tiver o sabor de eterno de nada vale!
Jesus sabia que tudo que fizesse aqui, teria que refletir na eternidade.
Você sabia que fazemos parte de um plano de felicidade?
Se vivêssemos um dia de cada vez, sem amargurar a nossa alma, esperando com tanta ansiedade o amanhã, seríamos felizes de verdade. E aprenderíamos e entenderíamos que “hoje é o dia, e o amanhã poderá não chegar”, pelo menos como imaginamos ou pensamos.
O segredo para a felicidade é viver bem o hoje.
Para gozarmos “um futuro feliz”, ou desfrutar “um futuro de felicidade”, dependemos do desempenho de hoje.
Mas procuramos a felicidade em pessoas (que possuem defeitos e podem nos decepcionar), em coisas que a traça pode comer e a ferrugem corroer, em posições que poderemos alcançar (mas quem garante que permaneceremos nela?).
É preciso entender, que melhor que a quantidade de coisas, é desfrutar das coisas simples e até mais valiosas que o dinheiro.
Você hoje já parou a frente de uma floricultura e já observou uma flor?
Você hoje já pensou que um ato de carinho e com a simplicidade de uma flor, você pode desfrutar da felicidade e fazer alguém feliz?
Pense!
A felicidade está ao alcance hoje e na simplicidade. E não na complexidade do amanhã.
SER FELIZ NÃO É UM ESTADO, MAS UMA ATITUDE!
Deus quer te ver feliz hoje! Ele quer que desfrute o hoje, com felicidade no coração. Tire o foco do amanhã, porque o amanhã a Deus pertence. Viva e seja feliz hoje!


quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Máximas Teológicas - 1


"E foi assim que começou a Teologia. As pessoas já conheciam Deus de forma mais ou menos vaga. Então veio um homem que dizia ser Deus; um homem que, no entanto, ninguém conseguia rejeitar como lunático. Esse homem fez com que as pessoas acreditassem nele. Essas pessoas voltaram a encontrar-se com ele depois de tê-lo visto assassinado. Por fim, tendo-se constituído numa pequena sociedade ou comunidade, essas pessoas de alguma forma descobriram a Deus dentro de si próprias, dizendo-lhes o que fazer e tornando-as capazes de atos que até então impossíveis. Quando entenderam tudo isto, elas chegaram à definição cristã do Deus tripessoal".
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C.S. Lewis
Cristianismo Puro e Simples.

segunda-feira, 8 de setembro de 2008

O poder da Graça

E ele me disse: A minha graça te basta, porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza. Por isso, de boa vontade antes me gloriarei nas minhas fraquezas, a fim de que repouse sobre mim o poder de Cristo. 2 Coríntios 12.9

A palavra graça é abundante no NT, sobretudo, nas epístolas de Paulo. Porém, esse termo em nossa língua também é sinônimo de beleza ou elegância, de algum dito que provoca riso, nome de uma pessoa, agradecimento, simpatia ou afinidade espontânea por alguém etc. Apesar de tantos significados, o coração dessa palavra, sem dúvida aponta para o favor ou o dom gratuito da vida eterna concedido por Deus, mediante o sacrifício de Jesus Cristo, a todos aqueles que crêem no Evangelho. Por meio da dolorosa experiência de Paulo (“espinho na carne”), Deus nos ensina como encarnarmos a Sua vontade e enfrentarmos as lutas do cotidiano, ou seja, fortalecidos pela Sua graça.
A força que precisamos para servir a Deus emana da graça de Cristo.

I – “A minha graça te basta” – A graça é o coração e o motivo do Evangelho. A resposta que Cristo deu à oração de Paulo no revela que Sua graça nos é suficiente nos combates do dia-a-dia. Pela graça redentora de Cristo, conhecemos o amor do Pai e desfrutamos a comunhão do Espírito.
Precisamos discernir a graça de Deus de uma “pseudograça” existente no meio da cristandade. A graça barateada pelo homem possui dois extremos: 1) Os liberais que excluem toda responsabilidade do homem, alegando subjetivamente que “a carne é fraca”, e que Deus quer apenas o “espírito que é forte”, desprezando com isso o poder transformador e santificador do Evangelho. 2) Os legalistas, que abandonam a dádiva da graça, substituindo-a por todo tipo de esforço humano: costumes, jugo de proibições e o denominacionalismo exacerbado.
Não precisamos de mais nada para vencer o combate da fé. Somente quem reconhece a sua debilidade, busca o socorro de Deus, e é fortalecido. Paulo declarou que Deus escolheu o que para o mundo é fraqueza para envergonhar o que é forte, afim de que ninguém se apoiasse em aparentes vantagens da carne para ser salvo, mas unicamente em Sua graça.

II – “O poder se aperfeiçoa na fraqueza” – Quando Jesus cita o termo fraqueza, Ele está se referindo às nossas limitações e dependência que temos um do outro, sobretudo de Deus. Quem julga ser auto-suficiente poderá ser quebrantado por meio de um “espinho na carne” qualquer, que Deus empregará para ensinar preciosas lições de humildade e de completa dependência Dele.
A resposta de Cristo diante da fraqueza de Paulo, nos revela o segredo de como podemos triunfar nas lutas e de como transbordar em realizações proveitosas no Seu Reino. O poder da graça se revela, sobretudo, na purificação dos nossos pecados e em tornar apropriado para o ministério ou serviço do Senhor.
Nossa fraqueza se torna evidente diante dos espinhos de todo tipo que nos sobrevêm na caminhada cristã. O termo “fraqueza”, do grego “asthenéia”, aponta para a fraqueza de modo geral, debilidade física ou orgânica, como também para timidez. Em outras palavras, nossas fraquezas colocam em destaque nossa incapacidade de enfrentar certas situações e dá ocasião para o agir de Deus.

III – Precisamos do poder de Cristo para viver a Palavra de Deus.
Quanto mais percebemos as nossas limitações, tanto mais precisamos nos encher do Espírito Santo, pois Ele é o detentor e o comunicador do poder de Jesus à Igreja. E esse maravilhoso poder nos é conferido, pela graça de Deus, mediante uma busca sincera.
Podemos ter o desejo de viver segundo a vontade de Deus, porém, a capacidade para tal provêm de Cristo. Por essa razão, Paulo declara que nas suas debilidades há ocasião para que sobre ele repouse o poder de Cristo. O termo “repouse” vem do grego “episkênose”, que significa habitar, residir, morar, e é possível que o apóstolo esteja fazendo uma referência ao Tabernáculo do deserto, onde se manifestava a shekinah de Deus. O poder de Deus faz a Sua morada em nossos corações na pessoa do Espírito Santo.
Sendo fracos ou nos esvaziando de qualquer pretensa força humana, o poder de Deus nos leva a testemunhar com ousadia de um Jesus Cristo vivo, atuante, como faziam os apóstolos no início da Igreja. Além disso, o poder de Deus nos ajuda a perseverar na graça ou no Evangelho sem desviar ou decair da fé.
Pelo poder da graça nós servimos a Deus alegremente, com gratidão e sempre de modo agradável, com reverência e santo temor. Ela também nos motiva e capacita a cumprirmos nossa missão de adoradores e disseminadores das boas novas ao mundo perdido. A bem da verdade, dependemos da graça para tudo e em todo tempo.

Curiosamente, as últimas palavras da Bíblia são: “A graça do Senhor Jesus seja com todos” (Ap 22.21). Estas palavras encerram o desejo de Deus de salvar o pecador, ao mesmo tempo em que apresenta a maneira dos salvos se fortalecerem e santificarem suas vidas durante o tempo da peregrinação.

sexta-feira, 5 de setembro de 2008

Quem não é achado pela graça... acaba caçando Deus

E então vinha o homem, ao entardecer, na viração do dia, remexendo entre arbustos e galhos de árvores maiores, quando de repente sua presa deu-se por vencida. "Te peguei, Deus! ... que coisa feia... fugindo de mim?"
Sei que todos nós sabemos que não foi assim, mas é a cena que vem a minha mente quando ouço falar no termo “caçador” de Deus. Um Deus acuado, sem ter pra onde correr senão para os braços daquele que lhe “acolherá”. Papéis invertidos? Lógico! Palavra deturpada? Sem dúvida alguma. O homem sempre esteve em busca de Deus, sempre “caçou” Deus... e todas as tentativas dessa perseguição do elemento divino terminaram inexoravelmente em RELIGIÃO. A religião é isso: o homem em busca de Deus, uma busca desesperada, pelos seus próprios esforços, sacrifícios, na tentativa de prender esse mesmo Deus ao seu sistema de ritos, doutrinas e convenções humanas. A religião é, portanto, inerente ao ser humano. O vazio existencial, o buraco negro da alma em busca de algo que o possa preencher, tudo isso clama pela religiosidade. E ela então chega, como se fosse a salvação para o homem. O homem então se entrega na sua busca de Deus, fazendo dele a caça, o alvo a ser alcançado, atingido... para depois de preso, estar sujeito aos seus caprichos e deleites. Ordens dadas a Deus, decretos em que Deus nada mais é do que um serviçal, orações que comandam o braço de Deus, palavras mágicas que “liberam” o poder de Deus, isso tudo fica bem na boca dos bruxos e magos da religião, tenham eles os títulos de bruxos, mestres, pastores, bispos ou apóstolos. Bruxaria sempre será bruxaria venha de onde vier, principalmente dos mandatários da religião. A bruxaria evangélica não é diferente. Parte da presunção de alguns em, com palavras mágicas (abracadabras evangélicos) manipularem o braço de Deus. Deus então, segundo essa “tiologia”, se vê obrigado a fazer o que os seus “profetas” ordenam. Deus está preso! Deus está enclausurado! Deus foi caçado! Deus está morto! Nietzsche parece ter razão. Deus está morto! Nós o matamos! Porém, há algo novo, sempre novo. Chama-se Evangelho. E evangelho é algo totalmente diferente de religião. Religião escraviza, evangelho é boa-nova de libertação... é boa!! E é nova!!! Sempre nova... sempre renovando! O Evangelho acontece ao contrário, na contra-mão da religião. Na viração da tarde, na ausência de cor para a continuação do dia é Deus quem toma a iniciativa. “Adão... onde estás?”. Isso é evangelho, isso é graça!! O homem pecou... Adão pecou... eu pequei em Adão... mas Deus.... e esse “mas” faz toda a diferença. Esse “mas” é a diferença entre a religião e o evangelho da graça. Estávamos mortos em nossos delitos e pecados, MAS DEUS... e isso muda a história. A iniciativa da caça é dele! E não é uma caça para exterminar o objeto caçado. Somos alvo do AMOR de Deus. Essa caça é que nos traz vida! Somos caçados para a vida, e não para a morte. A salvação foi, é, e sempre será iniciativa de Deus. A cruz ressoa desde a eternidade... sobre a manjedoura de Belém já pairava a sombra de uma cruz, a cruz preparada desde a eternidade e sobre ela o cordeiro imolado por nós desde a fundação do mundo. Isso é graça! Eu não mereço... eu não busco, eu não caço Deus. Ele me ama... me busca... me encontra.... me abre os braços... eu só descanso nEle... e a obra é ELE quem faz e continua fazendo até o dia dEle mesmo. Fui seduzido... deixei-me seduzir! Fui preso na sua graça! Fui enclausurado em sua liberdade, não tenho como deixar de ser livre! Fui caçado na viração do dia. Morri! Ele vive em mim! Deus está vivo! A Bíblia tem sempre razão! O meu redentor vive... e por fim se levantará sobre a Terra. Pra quê religião se tenho o evangelho da graça?
Por José Barbosa Junior

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

O que estão fazendo com a Igreja

Não é preciso grande dose de perspicácia para constatar que, nas últimas décadas, muitos evangélicos se distanciaram dos postulados da Reforma Protestante. Não há preocupação com interpretar corretamente o texto bíblico, com os parâmetros da hermenêutica e com a ética cristã. Os escândalos se multiplicam e a credibilidade da Igreja Brasileira esmorece cada vez mais. Há pouco interesse pela educação teológica. Assim, a Igreja Evangélica no Brasil não consegue mais ser sal da terra nem luz do mundo. É muito mais influenciada do que influencia. Os prejuízos têm sido enormes para a evangelização e para o crescimento espiritual dos fiéis.
Ao reduzir o espaço da teologia em seu modus operandi e sem os parâmetros da hermenêutica e da exegese bíblica, vários segmentos evangélicos no Brasil concedem a seus líderes a livre interpretação do texto bíblico, a multiplicação de novidades doutrinárias, uma criatividade questionável nos levantamentos de recursos financeiros e o emprego de manipulações na busca por mais adeptos.
Já há vários anos essa crise doutrinária e ética se alastra em grande parte do campo evangélico brasileiro. Nele encontra-se uma igreja capaz de mobilizar as massas, mas não a mente. Uma igreja muito mais propensa a sentir que a refletir, tende a exceder-se constantemente no uso dos dons espirituais e no ensino da fé cristã. Uma igreja que já não se lembra de suas raízes. De fato, o evangelho que se prega hoje em várias vertentes evangélicas brasileiras está muito distante daquele registrado nas páginas do Novo Testamento.
Quando se reuniu com os líderes de Éfeso, Paulo os alertou sobre tais perigos para o rebanho de Deus:

Sei que, depois da minha partida, lobos ferozes penetrarão no meio de vocês e não pouparão o rebanho. E dentre vocês mesmos se levantarão homens que torcerão a verdade, a fim de atrair os discípulos. Por isso, vigiem! Lembrem-se de que durante três anos jamais cessei de advertir cada um de vocês disso, noite e dia, com lágrimas. Agora, eu os entrego a Deus e à palavra da sua graça, que pode edificá-los e dar-lhes herança entre todos os que são santificados.

Atos 20:29-32

Pedro também exorta:

No passado surgiram falsos profetas no meio do povo, como também surgirão entre vocês falsos mestres. Estes introduzirão secretamente heresias destruidoras, chegando a negar o Soberano que os resgatou, trazendo sobre si mesmos repentina destruição. Muitos seguirão os caminhos vergonhosos desses homens e, por causa deles, será difamado o caminho da verdade.

2 Pedro 2:1-2

Uma das maiores necessidades dos evangélicos brasileiros é o discernimento bíblico e doutrinário, pois nunca uma geração de crentes foi tão bombardeada com informações como a atual. Os ventos de doutrina e as distorções bíblicas estão por toda parte. Temas importantes da fé cristã como justificação pela fé, conversão, pecado, salvação, arrependimento, graça e parousia já perderam espaço para o canto, a dança, o show e o entretenimento em muitos púlpitos. Por isso, este livro do Dr. Augustus Nicodemus é bem-vindo e extremamente necessário.
Creio que o autor é uma voz que Deus levantou para falar a esta geração. Sua formação acadêmica e ampla experiência como pesquisador, escritor e pastor de almas conferem-lhe autoridade mais que suficiente para alertar a Igreja Brasileira sobre as ameaças da pós-modernidade no campo das idéias. Como afirma o autor, o perigo está em toda parte: nas universidades, nas escolas teológicas, nas igrejas e na mídia em geral.
Com linguagem clara e, muitas vezes, contundente, o autor trata de diversos assuntos que causam inquietações e geram controvérsias nos arraiais evangélicos, como a neo-ortodoxia, o pluralismo religioso, a proposta de uma espiritualidade com base na mística medieval, questões quanto à autoridade e inerrância da Bíblia Sagrada e o constante conflito entre o liberalismo teológico e a ortodoxia cristã. Como doutor em hermenêutica, discorre também sobre os métodos de interpretação bíblica.
A obra trata do neopentecostalismo, um movimento que fez da teologia da prosperidade sua mola propulsora. Por conhecer bem o campo religioso brasileiro e interagir com as diferentes denominações, inclusive as pentecostais, o autor comenta com lucidez e paixão pastoral a tentação que reina entre muitos pregadores tradicionais de imitar a liturgia e os métodos proselitistas neopentecostais.
Muito acima do chanceler da Universidade Presbiteriana Mackenzie, do doutor em Hermenêutica, do teólogo capaz de analisar e explicar, com brilhantismo, a história do pensamento cristão, pude conhecer, através das páginas deste livro, um homem cristão, que ama a Palavra de Deus e que conhece Jesus Cristo, e isso é o mais importante. Creio que o clamor por uma volta à Bíblia Sagrada e às verdades defendidas pela Reforma Protestante será ouvido por muitos após a leitura deste livro.

Referências Bibliográficas:

Prefácio da obra de: LOPES, Augustus Nicodemus. O que estão fazendo com a Igreja. Ed. Mundo Cristão, 2008. Por Paulo Romeiro.


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